Capítulo 14

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Na semana seguinte eu vi o Leo conversando com a Pilar algumas vezes. Para ele isso era um grande avanço, e pra mim era mais um plano bem executado. É claro que a parte do beijo na frente de todo mundo e, principalmente forçado, não estava nos meus planos, mas foi importante para a realização de um plano maior: livrar a Pilar de um namoro tóxico e fazer o meu amigo feliz.

Todos os times estavam escolhidos e estávamos prestes a entrar de férias. Talvez isso esfriasse as coisas entre o Leo e a Pilar, mas eu espero que ele tenha sido inteligente e pedido o telefone dela. Eu ia tentar ao máximo falar sobre o Leo pra ela, mas não acredito que ela leve em conta o que eu disser. Outra coisa que vou ter que dar um jeito é evitar que ela encontre o Otávio durante esse tempo, por que o time dele vai representar a escola, assim como nós.

Contei para os meus pais que eu estava no time que representaria a escola nos jogos escolares e que precisava da autorização deles para participar dos jogos e ir no ônibus que a escola disponibilizaria. Eles ficaram muito felizes em saber que eu estava e interessando por algum esporte e, segundo eles, fazendo amigos e São Paulo. Assinaram a autorização.

Abri o meu notebook pra ver se alguém estava online. Eu estava morrendo de saudade da Bia e do Hugo. Não via a hora de poder vê-los de novo.

"Bia?"

Sem resposta.

"Hugo?"

Visto por último ontem.

Aproveitei o notebook aberto para assistir um filme. Eu estava tão desligada que nem sei qual filme foi. Meus pais pediram hambúrguer e foi aí que eu senti mais saudade ainda de Belo Horizonte. A comida daqui não é nada comparada à comida de Minas. Eu amo a minha cidade e quero voltar o mais rápido possível.

"Oi Mia!"

"Hugo. Que saudade. Como você tá?"

"Eu tô bem. E você?"

"Tô morrendo de saudade de BH."

"Mas tirando isso, você está bem?"

"É. Tirando isso tô bem sim. Como ta a Bia?"

"Tá ótima. Super feliz e realizada."

"E a escola?"

"Tá a mesma coisa de sempre. Nada mudou muito quando você foi embora."

"Eu não fui embora. Eu vou voltar, e espero que seja o mais rápido possível."

"E você? Ainda é a melhor aluna?"

"Você sabe que isso não sai de mim. Sempre tiro boas notas, mas esse ano arrumei um concorrente à altura. Meu amigo Leo é bem inteligente. Nós somos uma dupla bem competitiva."

"LEGAL!"

"Por falar em competição eu vou participar dos jogos escolares. Tô no time de vôlei."

"Você praticando esporte? Eu vivi pra ver isso."

"Palhaço."

"Você deve ficar bem sexy naqueles uniformes de vôlei."

"Ninguém nunca reclamou kkkk."

"Eu imagino que não. Quando vão ser os jogos?"

"Vão ser durante as férias. Pelo menos as eliminatórias escolares. E vocês vão fazer o que nas férias?"

"Nós vamos viajar."

"Todo mundo?"

"Eu, a Bia e o Eduardo. O restante do pessoal você não conhece, são amigos meus."

"Legal. Para onde vocês vão?"

"Vamos acampar em alguma cachoeira. Eu tenho que sair aqui Miranda. A gente vai sair cedo amanhã pra comprar as coisas pra acampar. Foi bom falar com você."

"Tudo bem. Se cuida Hugo."

"Se cuida aí também."

Fechei o notebook e tentei dormir. Minha cabeça não parava de pensar como seriam os jogos durante as férias, se tudo daria certo e como eu queria estar em Belo Horizonte pra viajar com os meus amigos. Por mais que aqui eu tivesse o Leo, não era a mesma coisa. Eu queria os meus amigos de volta, a minha vida, a minha escola, mas eu não sei quanto tempo isso demoraria. Me forcei a dormir para acordar bem no outro dia.

A escola levava para os jogos todos os times que a representavam e, por isso, precisamos dois ônibus só pra nossa escola. Em um ônibus ficavam os times femininos e no outro os times masculinos. Menos uma coisa para eu me preocupar. Por mais que os times já estivessem formados, nossa escola achou melhor cada time ter seus jogadores reservas, e determinaram um número limite para cada modalidade. Para o vôlei eram três reservas e a treinadora Renata escolheu levar as alunas veteranas.

As primeiras pessoas que vi no ônibus foram a Pilar e a Camila. Elas estavam juntas e pareciam estar conversando sobre algo muito sério. Achei melhor me afastar o mais rápido possível e sentar no fundo do ônibus sozinha. Nós não íamos pra tão longe da escola assim. A maioria das escolas eram próximas e gastávamos no máximo uma hora pra chegar na mais distante.

-Ta preparada pra ver um show?

-Contando que eu não esteja envolvida.

-Tô falando de me ver jogando bola.

-Sinceramente, eu vou assistir por que não tenho escolha.

-Fala sério. Você achava o máximo quando me conheceu.

-Quando eu te conheci as coisas eram completamente diferentes.

-Nem tanto. Eu tô tão afim de você agora quanto eu estava antes.

-Não tô interessada Otávio.

-Por quê?

-Porque você foi um idiota. Acabou com todas as oportunidades que você tinha comigo quando fez o que fez. Você mentiu pra mim e pra sua namorada.

-Não é mentira se você não perguntou.

-Você tinha que ter falado. Pra eu poder escolher se ia querer me envolver com você ou não.

-Se você soubesse antes, você iria querer?

-Óbvio que não.

-Então que bom que não falei. Assim eu tive a chance de ficar com você.

-Por pouco tempo.

-Pouco tempo demais. Eu quero mais.

-Mas eu não. Por que você não sai daqui e vai procurar sua namorada? Aposto que você conseguiu convencer ela de novo de que você é o mocinho.

-Não dessa vez. Ela não acreditou em mim por que me viu te agarrando.

-Então agora ela sabe a verdade?

-Da minha boca não.

-Ela vai saber. Eu vou fazer questão.

-E por que você acha que ela vai acreditar em você agora?

-Porque agora ele viu o canalha que você é.

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