Capítulo 1

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Eu e minha melhor amiga Beatriz gostávamos do mesmo cara, o Eduardo. Então, para nenhuma das duas ficar chateada, fizemos um trato de que nunca ficaríamos com ele, a não ser que a outra desistisse. E nós duas éramos bem teimosas. O problema é que ele era indeciso demais e nunca disse de qual de nós ele gostava. Até a nossa festa de quinze anos. Exatamente no final de novembro, ele se decidiu.

Bia e eu tínhamos uma diferença de idade de uma semana, e por isso, preferimos fazer a nossa festa juntas. A festa estava perfeita. Ela estava linda no seu vestido com o corpete todo em pedras brancas e a saia de tule rosa do mesmo modelo que o meu, porém, o meu tinha o corpete dourado e a saia em tom vinho.

Meus pais arrumaram um projeto em São Paulo e já tinham se mudado, mas voltaram para o final de semana da nossa festa. Eu estava passando as últimas semanas de escola na casa da Bia, antes de me mudar de vez, pra que eu não ficasse prejudicada na escola.

Quando Eduardo chegou na festa, nós estávamos dançando. Eu já estava completamente suada e com o cabelo todo desarrumado. Dancei muito tempo com a Bia e o Hugo. Além de irmão da minha melhor amiga, ele era meu melhor amigo também. Ficamos os três juntos desde o início da festa, até que o Hugo foi pegar um refrigerante ou algo assim. Eduardo veio ao nosso encontro para desejar os parabéns e entregar os presentes. Bia o levou para conhecer os pais dela e eu aproveitei para sair dali. Precisava respirar e eu não conseguia ficar muito tempo perto dele sem ficar sem graça.

O salão era enorme e muito bonito. Tinha uma varanda grande onde estavam algumas mesas, mas ninguém estava sentado ali porque sabiam que a festa estava do lado de dentro. Aproveitei pra me sentar um pouco sozinha. Ouvi passos atrás de mim e pensei que fosse o Hugo.

-Porque você está aqui?

-Gosto de ficar sozinha.

-A festa está divertida lá dentro.

-Eu sei, eu vim de lá.

Quando me virei encontrei o Eduardo me encarando. Ele estava lindo naquela blusa social e aquele jeans super apertado. Prendi o ar.

-O que foi?

-Nada.

-Você nunca conversa comigo direito. Não gosta de mim?

-Não.

-Não?

-Não. Quero dizer, sim. Eu gosto de você.

-Gosta como?

-Gosto como todo mundo gosta.

Ele se aproximou de mim. Parou na minha frente e sorriu, olhou para o chão e depois pra mim. Eu dei uns passos pra trás até parar na grade da varanda e ele veio junto.

-Seu cabelo fica lindo desarrumado.

Ele colocou uma mecha atrás da minha orelha e eu prendi a respiração. De novo.

-Obrigada.

-Você gosta mesmo de mim?

-O quê?

-Só responde.

-Eu já disse que sim.

-Mas você gosta bem mais do que um amigo?

-Eu... Não sei.

-Eu sei que sim.

Me desviei dele para sair dali e voltar pra festa, mas ele me segurou de leve pelo braço.

-Espera.

-Eu tenho que entrar.

-Eu só quero saber se é verdade.

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