Capítulo 17

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Eu ajudei a arrumar a mesa e a preparar um pouco da comida da ceia. Assim que as coisas ficaram mais fáceis, e todos já tinham tomado banho, eu aproveitei para subir, tomar um banho e colocar uma roupa mais leve. Escolhi um vestido simples e colorido. Quando desci, a Bia estava na sala conversando com o Eduardo.

-Mia. Como você está?

-Oi Eduardo. Tô bem. E você?

-Tô ótimo. Qual a sensação de estar de volta?

-Excelente e revigorante.

-Que bom. Esse ano só vai dar a gente no terceirão.

-É verdade. Só espero que não fiquemos todos na mesma sala. Não vou aguentar tanto amor.

-Para com isso. Não somos muito melosos. Eu juro.

-Sei.

-Como foi em São Paulo? Pegou muitos caras? Fez muitos amigos?

-Poucos. Tanto amigos, quanto caras.

-Duvido muito. Mas ta certo.

-Deixa eu te perguntar, como você conseguiu comprar essa aliança? Que eu me lembre quando eu saí daqui você ainda não trabalhava.

-Pois é. Comecei a trabalhar no restaurante do meu pai esse ano. Rende um dinheirinho bom, dá pra sair com a Bia, comprar umas coisas legais pra ela e às vezes da pra juntar um pouquinho.

-Entendi.

-Eu tenho até pensado em fazer o curso de Administração. Acho que eu mando bem com administração de dinheiro e empresa.

-Tá falando do seu serviço de novo?

-E aí cunhado? Tô falando do rumo que eu quero pra minha vida.

-Ele já te contou que manda bem administrando o restaurante do pai dele?

-Acabou de falar.

Hugo se jogou no sofá ao meu lado.

-E você quer fazer o que Miranda?

-Andei pensado em seguir os passos dos meus pais, quero fazer Engenharia, Design ou Arquitetura.

-Eu vou fazer Jornalismo. Passei na UFOP.

-UAU. E quando você ia me contar?

-No jantar. Eu vou pra Ouro Preto no ano que vem.

-Que incrível Hugo. Super combina com você. Parabéns.

-Obrigado. Agora vou tomar um banho, por que tô só o pó.

-E você Bia? Já escolheu?

-Vou fazer Fisioterapia. E eu vou tentar a UFOP e a UFMG.

-Eu vou tentar só a UFMG, preciso ficar por aqui pra ajudar no restaurante.

-Eu não faço ideia de onde vou tentar. Ainda tenho um ano pra pensar nisso.

-Vamos parar de pensar nisso agora? Que tal um jogo?

Ficamos na sala jogando uno, baralho, imagem e ação e trezentos outros jogos. Era como se tivéssemos voltado para a infância ou a pré-adolescência. Quando eram quase nove e meia da noite nossos pais nos chamaram para o jantar. As conversas na mesa foram repetidas, falamos do projeto do hotel em São Paulo, do trabalho dos meus tios aqui, do Hugo ter passado em jornalismo na UFOP, de como foi o ano letivo, como estavam os namoros, a nossa casa e mil outros assuntos que não prestei muita atenção.

Não tínhamos tradições natalinas e já tínhamos jogado todos os jogos. Por volta de onze da noite nossos pais foram dormir, porque no outro dia a mudança iria chegar e começaríamos a arrumar a nossa casa. Estávamos só os adolescentes na sala. Eu não queria ver a Bia e o Eduardo se agarrando como estavam fazendo então, resolvi subir.

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