Eu ajudei a arrumar a mesa e a preparar um pouco da comida da ceia. Assim que as coisas ficaram mais fáceis, e todos já tinham tomado banho, eu aproveitei para subir, tomar um banho e colocar uma roupa mais leve. Escolhi um vestido simples e colorido. Quando desci, a Bia estava na sala conversando com o Eduardo.
-Mia. Como você está?
-Oi Eduardo. Tô bem. E você?
-Tô ótimo. Qual a sensação de estar de volta?
-Excelente e revigorante.
-Que bom. Esse ano só vai dar a gente no terceirão.
-É verdade. Só espero que não fiquemos todos na mesma sala. Não vou aguentar tanto amor.
-Para com isso. Não somos muito melosos. Eu juro.
-Sei.
-Como foi em São Paulo? Pegou muitos caras? Fez muitos amigos?
-Poucos. Tanto amigos, quanto caras.
-Duvido muito. Mas ta certo.
-Deixa eu te perguntar, como você conseguiu comprar essa aliança? Que eu me lembre quando eu saí daqui você ainda não trabalhava.
-Pois é. Comecei a trabalhar no restaurante do meu pai esse ano. Rende um dinheirinho bom, dá pra sair com a Bia, comprar umas coisas legais pra ela e às vezes da pra juntar um pouquinho.
-Entendi.
-Eu tenho até pensado em fazer o curso de Administração. Acho que eu mando bem com administração de dinheiro e empresa.
-Tá falando do seu serviço de novo?
-E aí cunhado? Tô falando do rumo que eu quero pra minha vida.
-Ele já te contou que manda bem administrando o restaurante do pai dele?
-Acabou de falar.
Hugo se jogou no sofá ao meu lado.
-E você quer fazer o que Miranda?
-Andei pensado em seguir os passos dos meus pais, quero fazer Engenharia, Design ou Arquitetura.
-Eu vou fazer Jornalismo. Passei na UFOP.
-UAU. E quando você ia me contar?
-No jantar. Eu vou pra Ouro Preto no ano que vem.
-Que incrível Hugo. Super combina com você. Parabéns.
-Obrigado. Agora vou tomar um banho, por que tô só o pó.
-E você Bia? Já escolheu?
-Vou fazer Fisioterapia. E eu vou tentar a UFOP e a UFMG.
-Eu vou tentar só a UFMG, preciso ficar por aqui pra ajudar no restaurante.
-Eu não faço ideia de onde vou tentar. Ainda tenho um ano pra pensar nisso.
-Vamos parar de pensar nisso agora? Que tal um jogo?
Ficamos na sala jogando uno, baralho, imagem e ação e trezentos outros jogos. Era como se tivéssemos voltado para a infância ou a pré-adolescência. Quando eram quase nove e meia da noite nossos pais nos chamaram para o jantar. As conversas na mesa foram repetidas, falamos do projeto do hotel em São Paulo, do trabalho dos meus tios aqui, do Hugo ter passado em jornalismo na UFOP, de como foi o ano letivo, como estavam os namoros, a nossa casa e mil outros assuntos que não prestei muita atenção.
Não tínhamos tradições natalinas e já tínhamos jogado todos os jogos. Por volta de onze da noite nossos pais foram dormir, porque no outro dia a mudança iria chegar e começaríamos a arrumar a nossa casa. Estávamos só os adolescentes na sala. Eu não queria ver a Bia e o Eduardo se agarrando como estavam fazendo então, resolvi subir.
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A vilã
Teen FictionToda história tem uma vilã. Certo? As vilãs também têm uma história por trás delas. Talvez não sejam vilãs porque querem, mas porque as pessoas as vejam assim. Sinto muito em dizer, mas essa não é a história de uma mocinha. Pelo menos não é o que a...