Capítulo 24

75 7 0
                                        

A escola tinha feito uma votação para os representantes da formatura desse ano. As exigências para participar da comissão eram: ter boas notas, bom comportamento e estar interessado em organizar a formatura. As meninas, eu e alguns outros alunos, melhores da turma, fomos escolhidos pelos professores.

Como o mês de junho já estava chegando nós tínhamos que organizar um evento para arrecadação de fundos para a montagem do cenário e a organização da nossa festa. Escolhemos a festa junina como meio de arrecadação. Organizamos uma quadrilha, dividimos as turmas para que cada uma ficasse responsável por alguma barraquinha de alimentos ou brincadeiras. Além disso, nós tivemos a melhor ideia para arrecadar dinheiro extra: a barraca do beijo.

Os professores e diretores não quiseram aceitar muito no começo, mas nós conseguimos convencê-los de que não seriam beijos de verdade e que se as coisas saíssem do controle eles poderiam tirar a barraca da festa. Como nós erámos as representantes, eu e as meninas escolhemos ficar responsáveis pela barraca do beijo. Nós revezaríamos de tempos em tempos e talvez os meninos entrassem na fila mais de uma vez para beijar cada uma. Dois garotos se ofereceram para beijar as meninas na fila e nós concordamos afinal direitos iguais.

A decoração ficou maravilhosa, cheia de bandeirinhas, bandeirolas e balões coloridos, muitos bambus pra decorar a entrada e atrás das barracas. Cada barraca tinha uma cor e as filas estavam enormes. Todos os alunos do terceiro ano estavam vestidos à caráter. Enquanto não chegava a hora da quadrilha, as pessoas iam comendo e ouvindo a playlist variada que escolhemos para a festa. Tudo estava indo muito bem.

-Próximo.

-Agora sou eu.

-Eu não vou beijar você Eduardo.

-Por que não?

-Por que você é o namorado da Bia.

Ele estava com um cheiro estranho, como se tivesse bebido alguma coisa.

-Você bebeu?

-E daí? Eu só quero ajudar na nossa formatura. Eu pago pelo beijo.

-Cadê a Bia?

-Eu não sei.

-Sai da fila Eduardo. Você tá atrapalhando.

-Qual é Mia? Até parece que você nunca me beijou antes.

-Você o que?

-Bia, volta aqui. Tá vendo o que você fez, idiota. Carol, você pode me substituir aqui rapidinho? E ninguém beija o Eduardo. Ouviu Alana?

-Sim, senhora.

Corri atrás da Bia no banheiro. Quando cheguei ela estava trancada em uma das cabines.

-Bia, a gente precisa conversar.

-Conversar sobre você ter beijado o meu namorado?

-Não foi bem assim que aconteceu...

-EU NÃO QUERO SABER.

-Você quer saber sim, e mesmo se não quiser saber, vai ter que me ouvir. Eu não vou aceitar que você fique com raiva de mim por causa de uma idiotice que o seu namorado fez.

-Cala a boca, Miranda.

-Não calo não. Sai dai. Eu quero falar olhando nos seus olhos pra você ver que eu não tô mentindo.

-Não ta mentindo agora. Vocês dois mentiram pra mim.

-Eu posso te contar o que aconteceu? Depois de me ouvir você berra e fala até babar que eu vou aceitar, mas primeiro me escuta.

A vilãOnde histórias criam vida. Descubra agora