A escola tinha feito uma votação para os representantes da formatura desse ano. As exigências para participar da comissão eram: ter boas notas, bom comportamento e estar interessado em organizar a formatura. As meninas, eu e alguns outros alunos, melhores da turma, fomos escolhidos pelos professores.
Como o mês de junho já estava chegando nós tínhamos que organizar um evento para arrecadação de fundos para a montagem do cenário e a organização da nossa festa. Escolhemos a festa junina como meio de arrecadação. Organizamos uma quadrilha, dividimos as turmas para que cada uma ficasse responsável por alguma barraquinha de alimentos ou brincadeiras. Além disso, nós tivemos a melhor ideia para arrecadar dinheiro extra: a barraca do beijo.
Os professores e diretores não quiseram aceitar muito no começo, mas nós conseguimos convencê-los de que não seriam beijos de verdade e que se as coisas saíssem do controle eles poderiam tirar a barraca da festa. Como nós erámos as representantes, eu e as meninas escolhemos ficar responsáveis pela barraca do beijo. Nós revezaríamos de tempos em tempos e talvez os meninos entrassem na fila mais de uma vez para beijar cada uma. Dois garotos se ofereceram para beijar as meninas na fila e nós concordamos afinal direitos iguais.
A decoração ficou maravilhosa, cheia de bandeirinhas, bandeirolas e balões coloridos, muitos bambus pra decorar a entrada e atrás das barracas. Cada barraca tinha uma cor e as filas estavam enormes. Todos os alunos do terceiro ano estavam vestidos à caráter. Enquanto não chegava a hora da quadrilha, as pessoas iam comendo e ouvindo a playlist variada que escolhemos para a festa. Tudo estava indo muito bem.
-Próximo.
-Agora sou eu.
-Eu não vou beijar você Eduardo.
-Por que não?
-Por que você é o namorado da Bia.
Ele estava com um cheiro estranho, como se tivesse bebido alguma coisa.
-Você bebeu?
-E daí? Eu só quero ajudar na nossa formatura. Eu pago pelo beijo.
-Cadê a Bia?
-Eu não sei.
-Sai da fila Eduardo. Você tá atrapalhando.
-Qual é Mia? Até parece que você nunca me beijou antes.
-Você o que?
-Bia, volta aqui. Tá vendo o que você fez, idiota. Carol, você pode me substituir aqui rapidinho? E ninguém beija o Eduardo. Ouviu Alana?
-Sim, senhora.
Corri atrás da Bia no banheiro. Quando cheguei ela estava trancada em uma das cabines.
-Bia, a gente precisa conversar.
-Conversar sobre você ter beijado o meu namorado?
-Não foi bem assim que aconteceu...
-EU NÃO QUERO SABER.
-Você quer saber sim, e mesmo se não quiser saber, vai ter que me ouvir. Eu não vou aceitar que você fique com raiva de mim por causa de uma idiotice que o seu namorado fez.
-Cala a boca, Miranda.
-Não calo não. Sai dai. Eu quero falar olhando nos seus olhos pra você ver que eu não tô mentindo.
-Não ta mentindo agora. Vocês dois mentiram pra mim.
-Eu posso te contar o que aconteceu? Depois de me ouvir você berra e fala até babar que eu vou aceitar, mas primeiro me escuta.

VOCÊ ESTÁ LENDO
A vilã
أدب المراهقينToda história tem uma vilã. Certo? As vilãs também têm uma história por trás delas. Talvez não sejam vilãs porque querem, mas porque as pessoas as vejam assim. Sinto muito em dizer, mas essa não é a história de uma mocinha. Pelo menos não é o que a...