O Hugo não tinha mentido: a escola continuava a mesma de quando eu fui embora. As pessoas ainda eram as mesmas, os funcionários e os professores também. A Bia tinha as amigas dela, mas a maioria das pessoas que eu conhecia não estavam mais ali. Antes de ir pra São Paulo eu preferia ficar com os alunos do terceiro ano, sempre achei que eles tivessem mais a acrescentar do que os da minha turma. Agora todos tinham se formado.
-Mia! Você tá de volta.
-Ei meninas. Eu disse que ia voltar.
-Como foi em São Paulo?
-Conheceu muita gente?
-Conheci algumas pessoas, mas nada demais. Não precisam achar que eu vou ter muita coisa pra contar. Lá era uma escola normal, igual aqui. Não muda muita coisa.
-Mas é São Paulo.
-Para falar a verdade eu não visitei muito a cidade. Dei umas voltas e tudo, mas a maioria do meu tempo eu ficava na escola ou em casa.
-Você é muito estranha.
-Obrigada.
-A gente tem que olhar a lista. Será que estamos na mesma turma?
-Vamos descobrir.
Fomos para o corredor de salas do terceiro ano e procuramos pelos nossos nomes nas listas. A Bia tinha ficado em uma turma com as amigas dela e o Eduardo e eu erámos da mesma turma.
-Promete pra mim que você vai ficar de olho nas assanhadas que vão dar em cima dele?
-Bia, eu acho que você não precisa mais se preocupar com isso. Vocês estão juntos a mais de um ano e até agora deu tudo certo. Eu não vou ficar de babá do namorado de ninguém.
-Qual é Mia? Você sabe como as meninas dessa escola são. Por favor.
-Não vou ficar de vigia, mas se eu ver alguma coisa eu te falo.
-Amor, você promete que vai cuidar da Mia?
-Eu não preciso de babá.
-Relaxa Bia. A Miranda se vira sozinha. Aposto que em menos de um mês ela já vai ter arrumado um paquera ou outras pessoas pra conversar. Ela nem vai lembrar que eu sou da sala dela.
-Não. Vocês dois têm que ficar juntos. Quero que um cuide do outro. Façam isso por mim.
-Eu não vou me esforçar muito.
-Eu vou tentar princesa.
Ela deu um beijo nele e saiu com as amigas dela em direção à outra sala. Ela olhou pra trás e acenou pra nós dois com uma cara de choro que eu não aguentei e tive que rir. Eu amava a minha amiga, mas não ia ficar colada no namorado dela pra ver o que ele estava fazendo ou não.
-E aí, como é eu você quer fazer as coisas?
-Eu quero espaço. Eu não vou ficar de olho em você, você não fica de olho em mim. Caso eu não encontre uma boa dupla pra fazer trabalho e você estiver disposto a se esforçar ou a pelo menos aceitar ordens tudo bem, seremos uma dupla, mas tirando isso você é só o namorado da minha amiga. Ok?
-Ok.
-Ótimo.
-Olha só, eu conheço muitos caras e muitas meninas nessa escola. Posso te arrumar umas amizades, se é que você me entende.
-Não obrigada. Eu posso arrumar amizades sozinha. Se é que você me entende.
-Para de ser tão individual garota. Eu só quero te ajudar.
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A vilã
Teen FictionToda história tem uma vilã. Certo? As vilãs também têm uma história por trás delas. Talvez não sejam vilãs porque querem, mas porque as pessoas as vejam assim. Sinto muito em dizer, mas essa não é a história de uma mocinha. Pelo menos não é o que a...