No segundo sábado de dezembro nós teríamos a nossa festa de formatura, e a colação de grau seria só depois dos resultados finais da escola, uma semana depois.
As meninas e eu tínhamos escolhido e alugado nossos vestidos em outubro. Já tínhamos escolhido tudo antes para não termos problema em cima da hora. Escolhemos juntas e alugamos na mesma loja. Como nosso pedido foi feito para a mesma data e pra mesma festa, a dona da loja fez um bom desconto no aluguel pra gente.
Com o dinheiro que arrecadamos conseguimos pagar o aluguel da casa de shows, contratar DJ e barmans, os garçons, fotógrafos, contratar o bifé com tudo o que tínhamos direito, cabine de fotos, jogos e ainda conseguimos o kit de brinde com copo, chinelo e case.
Nós nos arrumamos na minha casa porque meus pais iriam nos levar e aproveitar a festa com a gente. A Alana estava com um vestido azul pastel de renda no estilo sereia, a Carol com um vestido vermelho frente única e saia lisa, a Bia foi com um vestido rosa todo bordado e eu fui com um verde bem escuro frente única e com uma abertura enorme na perna direita. Estávamos muito gatas.
Aproveitei o máximo que eu podia naquela festa. Tiramos fotos de tudo quanto é tipo na cabine de fotos, mas também nos aproveitamos dos fotógrafos. Usamos nossos celulares pra gravar alguns momentos e também pra tirar fotos. Meu trio dançou como se não houvesse outro dia. Dançamos todos os estilos que o DJ tocava, mas o funk foi o queridinho da noite.
Eu aproveitei que os meus pais estavam na festa para beber um pouco do copo deles, porque eu ainda tinha só dezessete anos e não podia pegar bebida na festa. Quando eu não tomava do copo dos meus pais, eu bebia do copo de uma das meninas porque elas já tinham dezoito.
Em algum momento da festa a Alana sumiu com o Pablo. A Bia eu sabia que estava com o Eduardo porque ele foi a primeira pessoa que ela procurou assim que chegamos no salão. Eu e a Carol fomos pra varanda para nos refrescarmos. A pista estava muito cheia e muito quente.
-Ainda bem que eu conheci vocês nesse ano.
-Nem me fala. Se não fosse por vocês eu ficaria de vela o ano inteiro.
-Se não fosse por você eu não seria essa safada que eu sou hoje.
-Seria sim. Algum dia.
-Você adiantou as coisas pra mim. Então, obrigada.
-Não tem de quê.
-Sabe qual foi a única coisa que faltou nessa festa?
-O que?
-Eu ter conseguido pegar alguém.
-Você fez isso o ano inteiro Carol.
-Você também. Mas fala que não seria o máximo fecharmos o ano com chave de ouro pegando alguém na formatura.
-Seria sim. Mas não tem ninguém que seja interessante o bastante e nós não tenhamos ficado.
-Você tá certa. Tintin.
-Formamos Carol!
-Formamos Mia!
Nós nos abraçamos e ficamos pulando ao som da música eletrônica.
-Tem uma pessoa que eu ainda não peguei e que eu tenho certeza que vale a pena.
-Quem?
-Você Mia.
Ela puxou o meu rosto e me beijou. Ela beijava bem, mas não era a minha praia, e com certeza não era a dela também, ela só estava bêbada demais pra conseguir perceber o que estava fazendo naquela hora. Eu me afastei dela e a puxei pelo braço.
-Vem. Vou te levar no banheiro. Você precisa beber uma água e lavar o rosto.
Depois disso nós só aproveitamos o restante da festa. Não ficamos até o final porque no contrato podíamos ficar até às seis da manhã, mas eu não aguentaria isso tudo. Às quatro da manhã nós estávamos em casa. As meninas dormiram lá também e só foram embora no outro dia depois do almoço.
Na última semana de escola, os professores soltaram todos os resultados dos alunos e só então fomos liberados para a colação de grau. Depois da colação de grau, nós podíamos nos preparar para a vida de universitários.
Na sexta-feira de manhã os professores se reuniram com os alunos formados e explicaram como funcionaria o horário de chegada dos alunos e o horário de chagada dos convidados. Nós tínhamos que chegar uma hora antes para vestirmos as becas e nos sentarmos em nossos lugares. Não podíamos usar roupas brancas ou coloridas, apenas roupas pretas e de preferência usar o cabelo solto para conseguirmos colocar o capelo.
Dessa vez eu usei um macacão preto maravilhoso que minha mãe me deu. Não passei muita maquiagem porque não via a necessidade. Comi um lanche mais leve, mas que me sustentasse durante as horas em que teríamos que ficar sentados.
Eu fui a oradora da minha turma e fiz um discurso enorme sobre as responsabilidades que teríamos que assumir daquele dia em diante, de como era bom ser jovem e ao mesmo tempo já sermos adultos. Falei da responsabilidade de sabermos escolher nossas companhias e os caminhos que iríamos seguir, da dedicação que tivemos nesse ano e da dedicação triplicada que teríamos a cada novo passo que déssemos em nossas vidas. Agradeci aos meus pais, meus amigo e meus professores, disse que sem eles eu não seria a pessoa que sou hoje e que não teria me formado.
Os outros oradores também fizeram seus discursos. Houve muitos aplausos. Os diretores chamaram um aluno de cada vez para receber o canudo, tirar uma foto e cumprimentar os professores. No fim teve chuva de papel picado e todos os capelos voaram. Muitos abraços, beijos, choro e despedidas. Fechamos mais um ciclo das nossas vidas.

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A vilã
Fiksi RemajaToda história tem uma vilã. Certo? As vilãs também têm uma história por trás delas. Talvez não sejam vilãs porque querem, mas porque as pessoas as vejam assim. Sinto muito em dizer, mas essa não é a história de uma mocinha. Pelo menos não é o que a...