Capítulo 7 - Privacidade

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          Acordei no dia seguinte com os poucos raios de sol existentes. O céu estava revestido de nuvens escuras, o que adivinhava uma tarde cheia de chuva. Isso não me estragou o bom humor. O sorriso estúpido não saía da minha face por mais que eu tentasse fazê-lo com todas as minhas forças. Não fazia sentido que apenas umas horas juntos me fizessem tão bem. O que tinha ele de tão especial para afetar-me de forma tão repentina?

      Soube que esconder aquele sentimento que me consumia e transbordava na forma de um sorriso era um objetivo perdido quando peguei no telemóvel e vi que havia uma mensagem recebida dele:

      16/10/2019, 01:13

      Para: Catarina,

      "Se tudo correr como estou à espera, só vais ler esta mensagem quando acordares. Só queria dizer-te que gostei muito de jantar contigo. És diferente daquilo que as pessoas pensam e não estava à espera disso. Tem um bom dia.

      Beijos,

      Henry"

      Fiquei feliz por já dormir quando recebi a mensagem, porque de outra forma tinha a certeza que não conseguiria fazê-lo depois de a ler. O que quereria ele dizer quando referia que eu era diferente do que diziam? Eu só esperava que isso fosse uma coisa boa.

      16/10/2019, 7:45

      Para: Henry

      "Bom dia. Tinhas razão, só vi hoje quando acordei. Espero que isso seja um elogio. Tu também és muito diferente daquilo que a imprensa pinta de ti. Fico à espera da nossa sessão de cinema.

      Beijos,
      Catarina"

      Cheguei às gravações mais cedo do que o normal, o que nunca acontecia. Como se tivesse caído da cama, e só havia uma pessoa para culpar por isso. De qualquer forma não me conseguia irritar por estar privada das minhas horas de sono. Descobri que se fosse para me divertir como tinha feito na noite anterior conseguia dormir ainda menos do que o normal todos os dias.

      -Chegaste mais cedo hoje. Caíste da cama? – A Anna era a única pessoa que notaria uma alteração tão ténue na minha rotina, e isso tinha muito a ver com o facto de ser ela quem a controlava.

      -Muito engraçada, mas não. Para que saibas, dormi maravilhosamente, acho que não dormia assim há muito tempo.

      -O que é que aconteceu? Estás diferente. Pareces mais relaxada. – A sério que era assim tão percetível? Ou seria apenas ela que me conhecia demasiado bem?

      -Nada de especial. Ontem fui jantar fora, só isso.

      -Jantar fora? Sozinha?

      -Não, fui com um amigo.

      -Um amigo? Como é que só estou a ouvir sobre isto agora? Sabes que é necessário ter certo tipo de precauções, não queremos falsas notícias nas mais diversas revistas de mexericos.

      -Sim, eu sei. Não te preocupes. Eu tomei todas as precauções. E tu sabes que não gosto de relatar todos os minutos da minha vida. Não estou habituada a isso, e acho que nunca me vou consegui habituar.

      -Eu percebo isso. E tu também sabes que não tenho sido muito chata em relação a isso, mas este caso é diferente. Estiveste num sítio público com outra pessoa, é óbvio que os paparazzi estiverem atrás de vocês a noite toda. Como é que ainda não vi nenhuma notícia sobre isso.

      -Não te preocupes, a sério. A pessoa com quem fui tem muita experiência neste mundo. Ele sabe como funciona este meio e soube como fugir aos paparazzi, tenho a certeza de que nenhum nos tirou nenhuma foto.

Henry White (Português)Onde histórias criam vida. Descubra agora