Peguei no meu Iphone e comecei a vasculhar as redes sociais para tentar tirar a minha cabeça dele, da última conversa que tivemos em que ele me pedia para esquecer que hoje era sexta e que, portanto, segundo o nosso acordo, não nos deveríamos ver. Entre fotografias que nada me diziam e imagens que apenas serviam de indiretas para pessoas que eu nem sabia quem eram, vi-o. Aliás, vi uma fotografia dele. Ele estava com o braço em volta da cintura de uma das muitas fãs, que eu tinha a certeza que estavam naquele bar apenas para o ver. Ele sorria como se não houvesse mais nenhum sítio onde quisesse estar, e ela parecia encantada por ter realizado o sonho que era estar na presença do seu ídolo. Era só o que faltava, ter uma rapariga qualquer agarrada a ele e eu ter de ficar em casa a presenciar tudo à distância.
Olhei o relógio e verifiquei que tinham passado exatamente duas horas e onze minutos desde a nossa última conversa em que eu ignorei todos os seus pedidos para nos encontrarmos. Como fui burra... As últimas semanas que haviam passado não estivemos juntos, quinze dias em que eu tentei afastá-lo do meu pensamento e concentrar-me em aproveitar com a minha família e amigos, mas o tempo não esteve do meu lado e cada vez que olhava para o relógio parecia que o ponteiro dos minutos não se tinha mexido nem um milímetro.
Sonhei com o seu rosto todas as noites e nem consigo explicar a confusão que isso me fez. Não gosto de sonhar, nunca gostei, e ver o seu sorriso e os seus olhos verdes enquanto dormia só me fazia sentir ainda mais a sua falta. Nós tínhamos um acordo e mesmo sentindo a falta dele não me tinha sentido pronta para o quebrar, mas naquele momento eu estava definitivamente pronta.
Aquela fotografia mexeu comigo. Eu sabia que a culpa não era dele. Ele não podia recusar quando lhe pediam uma fotografia ou um autógrafo, mas mesmo assim não gostava de vê-lo com nenhuma daquelas raparigas, que se agarravam a ele como se ele fosse o único homem à face da terra.
-A culpa disto é dele, só pode estar a fazer de propósito, está mesmo a tentar castigar-me por não ter ido ter com ele, deve querer que veja como se diverte sem mim. - Tentem ignorar este meu pequeno devaneio, eram só os meus muitos ciúmes a falar por mim. Eu sabia como era óbvio o que eu sentia por ele. De qualquer das formas já não queria saber, podia viver com o facto de toda a gente saber o quão importante ele se tornara em tão pouco tempo. Desde que ele estivesse do meu lado, podia suportar qualquer coisa, tudo ia ficar bem.
O conjunto de todos estes fatores fez-me tomar uma decisão, eu iria até lá, entraria naquele bar aparentando uma confiança que de certeza não sentia e iria mostrar-lhe do que era feita, mas para isso teria de me vestir apropriada para a ocasião. Esqueci-me do medo que ainda me consumia e levantei-me do sofá onde estava deitada, apaguei a televisão e saí da sala. Passei pelo corredor que me levava às escadas, onde estavam as fotos de todos os membros da minha família, com os quais tinha passado os últimos dias, mas de quem eu já sentia tanta falta. A distância tornava tudo mais difícil e no nosso caso a distância personifica-se na forma do oceano pacífico e todas aquelas imagens só me faziam sentir ainda mais sozinha e relembrar que se não fosse ele então eu não teria mesmo ninguém naquele país que não era o meu.
Subi degrau a degrau até chegar ao primeiro andar onde entrei na primeira porta à direita. Aquele era o maior quarto da minha casa, que tinha um total de sete quartos, para que é que precisava de tantos quartos? Perguntam vocês. Não faço a mais pequena ideia, sempre quis uma casa grande, mas também sempre achei que teria com quem a dividir. Talvez um marido e mais tarde filhos, mas naquele momento isso não estava nos meus planos imediatos.
Dentro do quarto existiam mais duas portas uma que dava para a casa de banho outra para o quarto de vestir e foi nessa última que entrei. Experimentei um vestido atrás do outro, mas nenhum parecia estar à altura daquilo que tinha em mente. Até que por fim vi uma saia, demasiado curta, reveladora e revestida de brilhantes dourados que faziam as minhas pernas parecer mais longas dando-me a ilusão de ser mais alta do que na realidade era. Combinei-a com uma blusa simples azul e uns saltos de 10cm pretos que eu desconfiava que em conjunto com a minha falta de coordenação poderiam resultar numa noite inteira nas urgências do hospital mais próximo, mas nada disso importava. Nada me faria desistir de lhe mostrar que eu podia ser tão ou mais bonita do que qualquer outra e que ele se podia divertir tanto ou mais comigo do que com as raparigas que apareciam do seu lado todos os dias nas capas de revistas.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Henry White (Português)
RomanceEla é uma mulher decidida, de 23 anos, que largou o seu país por um sonho. Ele, com 25 anos, é incompreendido pela maioria. Ela continua a lutar todos os dias para conquistar o que tanto deseja. Ele desde da adolescência que já tem tudo o que sonho...