Este é um capítulo curtinho, espero que gostem. Comentem e votem!
Beijinhos :)
O cartão que ele me tinha dado, continuava guardado dentro do bolso do casaco que eu usava naquele dia e depois de o ir buscar ao closet, paralisei com ele nas mãos. Olhei para o nome e o número que estavam lá escritos enquanto tentava decidir se valia mesmo a pena. Imaginei diversos cenários na minha cabeça. Na sua maioria ele desligava a chamada depois de saber quem era ou então ria-se de mim e só depois desligava. Nenhum deles me parecia favorável para mim e eu estava realmente nervosa. Será que valia mesmo a pena correr o risco?
Olhei novamente o cartão e reli o seu nome diversas vezes. Conseguia visualizar o seu sorriso na minha mente e esse foi o impulso que necessitava. Eu sabia que precisava desesperadamente de sair de casa e conhecer pessoas novas, aquelas quatro paredes estavam a fazer-me sentir uma prisioneira.
Disquei os números cuidadosamente e verifiquei infindáveis vezes. Não queria correr o risco de ligar para a pessoa errada. Isto já era suficientemente assustador sem isso. Ouvi o som irritante do toque, enquanto esperava que a pessoa do outro lado atendesse a chamada. Quando achava que já ninguém iria atender, ouvi uma voz do outro lado:
-Quem fala? – Eu tinha a certeza que aquela não era a voz dele, mas também sabia que tinha marcado o número certo, eu tinha verificado demasiadas vezes para cometer esse erro. Não era?
-O meu nome é Catarina, Catarina Gonçalves. Eu liguei para falar com o Henry, este é o número dele, não é?
-Catarina Gonçalves? Hummm... – Ouvi um barulho estranho do outro lado da linha e de repente a voz que eu ouvi já não era a mesma. Eu reconheceria aquela voz em qualquer lado, por mais que só a tivesse ouvido uma vez ao vivo. Nunca esqueceria aquele tom tão único, soava tão profundo e eu sabia que me poderia perder no seu som. Eu tinha a certeza, desta vez era a pessoa com quem eu queria falar.
-Oi, daqui fala o Henry. Catarina, és mesmo tu?
-Sim, sou. Desculpa ligar assim, não queria estar a interromper nada. Se calhar é melhor ligar mais tarde.
-Não te preocupes, não estás a interromper. Agora é perfeito. Aquele era o meu amigo Dylan, o guitarrista da minha banda. Quando não reconheço o número ele atende, por precaução. Desculpa, se soubesse que eras tu, não o teria deixado atender.
-Não tem problema, eu percebo.
-Então, como é que tens estado?
-Tenho estado melhor, obrigada por perguntares. Desculpa aquilo a que tiveste de assistir naquele dia e obrigada.
-Não tens de agradecer, muito menos de pedir desculpas, não tens nada de que te envergonhar. Foi um prazer estar lá para ti. Fico feliz por saber que estás melhor, mas acho que mesmo se não estivesses não me dirias. Estou errado?
-Não, não estás, mas desta vez estou mesmo a falar a sério. E tu? Como estás?
-Está tudo bem, muito trabalho, mas tirando isso tudo bem. Ainda bem que ligaste, estava a começar a pensar que não o farias.
-Para falar a verdade, estava mesmo decidida a não ligar, mas acabei por mudar de ideias.
-E porque é que não ias ligar?
-A situação em que nos conhecemos não foi a melhor...
-Não percebo porque é que dizes isso, mas tenho a impressão que não é um assunto que gostes muito de falar e eu não vou insistir, pelo menos não pelo telefone. O que é que te fez mudar de ideias?
-Na verdade foi uma conversa com a minha irmã. Ela acha que eu tenho de sair mais, então pensei, por que não?
-Quer dizer que é a ela que tenho de agradecer, é isso? Não me vou esquecer um dia em que a veja. Então o que me dizes de irmos tomar café os dois um dia destes?
-Parece-me bem. – Fiquei orgulhosa do tom controlado que consegui manter enquanto falava, visto que por dentro, aquilo que estava a sentir era o oposto. Falar com ele estava a demonstrar-se, mais uma vez fácil e tão natural como respirar. E no fundo estava mesmo feliz por não ter sido eu a fazer o convite. Eu sabia que não conseguiria olhar para a cara dele outra vez se a resposta tivesse sido negativa. Tentei não me debruçar muito sobre a sua afirmação de que estaria na presença da minha irmã um dia, provavelmente era apenas uma força de expressão e não algo sentido.
-Amanhã à tarde?
-Eu tenho gravações a tarde toda. Saio por volta das sete.
-Podemos jantar se preferires.
-Sim, parece-me bem. Encontramo-nos onde?
-Eu posso ir buscar-te a casa se não te importares e podemos ir juntos, ou então se preferires combinamos um sítio.
-Eu mando-te a minha morada por mensagem. Pode ser por volta das oito e meia?
-Sim, fica combinado. Eu fico à espera da mensagem. Vejo-te amanhã.
-Sim, amanhã. – Desliguei e só nesse momento percebi que termia por todo o lado. Tinha a certeza que não iria conseguir dormir à noite a pensar nos diversos cenários que poderiam acontecer no dia seguinte. Eu só desejava que ele fosse mais do que aquilo que surgia nas notícias e uma parte de mim estava completamente convencida disso. A minha curiosidade corroía-me o pensamento e não me deixava focar em mais nada. Sabia que não poderia entrar a matar e começar a fazer perguntas demasiado pessoais, tinha de me controlar. Eu só esperava que conviver com ele se mostrasse tão simples como esta nossa conversa tinha sido.
Passei, depois, algumas horas a preparar as cenas que teria de gravar no dia seguinte, tentando obrigar-me a focar em algo que não fosse ele ou o jantar. Eu sabia que o próximo dia de trabalho não seria um dia fácil, só não conseguia prever o quão difícil seria concentrar-me.
O filme que estava a gravar tinha uma carga emocional muito grande e por melhor que eu fizesse o meu trabalho, era impossível manter as minhas emoções e as da personagem que representava separadas, pelo que muitas das vezes acabava por misturar as duas o que resultava no dia muito esgotante e eu tinha a certeza que o dia seguinte iria ser uma prova viva disso.
Antes de me ir deitar enviei uma mensagem como prometido com a minha morada para o Henry acompanhando apenas com uma frase desejando boa noite. Enquanto vasculhava o armário à procura da escolha perfeita de guarda roupa para usar no jantar do dia seguinte, ouvi o telemóvel vibrar o que indicava a chegada de uma nova mensagem.
14/10/2019, 23:17
De: Henry
"Vou chegar a horas. Até amanhã.
Henry ;) "
Fui dormi, ou tentar dormir. Acabei por passar as horas seguintes a tentar achar uma boa posição confortável e a calar os nervos que me preenchiam até que o sono me atingisse. Foi uma longa noite...
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Henry White (Português)
RomansaEla é uma mulher decidida, de 23 anos, que largou o seu país por um sonho. Ele, com 25 anos, é incompreendido pela maioria. Ela continua a lutar todos os dias para conquistar o que tanto deseja. Ele desde da adolescência que já tem tudo o que sonho...