Henry White (Português)

Prólogo

               Entre fotografias que nada me diziam e imagens que apenas serviam de indiretas para pessoas que eu nem sabia quem eram, vi-o. Aliás, vi uma fotografia dele. Ele estava com o braço em volta da cintura de uma das muitas fãs, que eu tinha a certeza que estavam naquele bar apenas para o ver. Ele sorria como se não houvesse mais nenhum sítio onde quisesse estar, e ela parecia encantada por ter realizado o sonho que era estar na presença do seu ídolo. Era só o que faltava, ter uma rapariga qualquer agarrada a ele e eu ter de ficar em casa a presenciar tudo à distância.

              Eu iria até lá, entraria naquele bar aparentando uma confiança que de certeza não sentia e iria mostrar-lhe do que era feita, mas para isso teria de me vestir apropriada para a ocasião. Tentei acreditar nos falsos elogios tecidos pela minha imaginação demasiado fértil, ignorando qualquer comentário depreciativo do meu cérebro, que me convidava a vestir de novo o pijama e ficar o resto da noite sentada no sofá à espera que ele se apercebesse que sentia tanto a minha falta, como eu sentia a dele.

               Entrei no bar onde ele estava sem problemas, não me fizeram uma única questão e não tive de esperar em nenhuma fila.

               Não o via! Onde será que estava? Não desisti e continuei a olhar da direita para a esquerda até que houve algo me saltou à vista. Aquele sorriso. Era ele. Estava ali a poucos metros do sítio onde me encontrava, mas não estava sozinho, havia uma rapariga com ele. Inicialmente pensei que seria apenas mais uma fã de quem ele não se tinha conseguido livrado, mas não era, eu conhecia aquela rapariga, já a tinha visto antes. E de repente percebi. Era ela! Não! Não podia ser ela, mas era! Ele estava mesmo a falar com ela como se nada tivesse acontecido, a sorrir para ela depois de tudo. Como é que era possível? Eu podia competir com qualquer uma menos com ela, aquele que era "o amor da sua vida".