Capítulo 18 - Festa

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          Eram exatamente quatro da tarde de sábado quando o Henry parou o carro em frente à casa da mãe. Eu tinha feito questão de me arranjar a tempo, para chegar na hora combinada. Não queria que a sua mãe pensasse que o motivo do atrasado era eu. Eu queria causar boa impressão não só a ela, mas também ao resto dos convidados.

      Apesar da altura do ano, estava um dia agradavelmente quente, o que permitia que a festa se realizasse no exterior da casa. Saí do carro e passei as mãos por cima da saia que trazia vestida, como se esse gesto me fizesse ficar mais apresentável. A verdade é que me tinha esforçado mais do que alguma vez iria admitir para escolher a roupa para aquela tarde. Tinha até feito uma vídeo-chamada com a minha mãe e a minha irmã enquanto experimentava diversas roupas até que ambas estivessem satisfeitas com a roupa escolhida. Era ridículo, eu sabia disso, mas não consegui deixar de pensar que a nossa amizade dependia muito da impressão que causasse naquele dia.

      -Eu não percebo porque é que estás tão nervosa. Já conheceste a minha mãe ontem, e ela adorou-te.

      -Eu não estou nervosa, quem é que te disse isso? – Era a primeira mentira que lhe dizia e não estava orgulhosa disso, mas sabia que ele não se deixaria enganar pelas minhas palavras, o que me deixava mais descansada. – E para além disso, como é que sabes que a tua mãe gostou de mim?

      -Ninguém precisava de me dizer o que quer que fosse. Eu conheço-te, dá para perceber pelo teu olhar e pela tua atitude. Sei porque ela me disse. Ontem quando chegou a casa, ligou-me e não parou um minuto se quer de te fazer elogios. Houve até um momento em que tive ciúmes e lhe perguntei afinal quem era o filho dela. Acreditas que ela me disse que não se importava que fosses filha dela? Causaste mesmo boa impressão. – O meu ego crescia dentro de mim e foi necessária muita força de vontade para voltar com os pés ao chão novamente. Eram palavras muito bonitas, mas eu tinha a certeza de que metade do que ele tinha dito não passavam da sua imaginação demasiado fértil. Ele estava a rir e isso só me fazia ter ainda mais convicção de que não podia estar a falar a sério.

      -Pára de gozar comigo. Sabes que o que estás a dizer não é verdade. – Tentei ficar séria, mas o seu riso era contagiante e dei por mim também a sorrir de orelha a orelha.

      -Não estou a gozar contigo. É a mais pura da verdade. Nunca ouvi a minha mãe fazer tantos elogios a alguém que acabou de conhecer, e muito menos quando era eu a apresentar essa pessoa. – Ficou sério de repente e enquanto falava agarrou ambas a minhas mãos. Beijou-as assim que acabou de falar, e eu senti que toda eu me arrepiava. O meu coração parecia que ia saltar do peito e precisei de me relembrar que respirar era uma função vital para sobreviver. - Ela gostou mesmo de ti, mas também não vejo o que haveria para não gostar. És uma pessoa incrível. Não tens de estar nervosa. Eu vou estar contigo o tempo todo. Não te vou deixar sozinha nem um minuto. Para além disso, a minha mãe não convidou muita gente, só uns amigos mais próximos. E se não te estiveres a sentir bem a qualquer momento, dizes-me que eu falo com a minha mãe e vamos logo embora. Está bem?

      -Não sejas ridículo, isso não vai ser necessário. Agora quem é que está nervoso? Anda vamos entrar. Vais ter de me apresentar toda a gente. Prepara-te porque sou péssima com nomes e vais estar a tarde toda a relembrar-me de todos eles, vezes e vezes sem conta.

      -Não me importo nada de te lembrar e não te preocupes se trocares algum nome, ninguém se vai chatear. Vou mostrar-te tudo. Anda vá. – Não respondi, mas segui-o de perto em direção à casa. Era bem mais pequena que a dele, mas era, na minha mais humilde opinião, muito mais bonita e familiar que a sua. Assim que passamos a porta, as diferenças foram ainda mais gritantes. Não era só o tamanho que as distinguia, eram também as cores que eram opostas. Se na dele não se via mais nenhuma cor que não fosse branco, na da mãe não se via branco em quase lado nenhum. Era toda ela colorida. O sofá era azul assim como as paredes. O móvel onde estava a televisão era sem dúvida nenhuma o destaque daquela sala, amarelo, que era também a cor da almofada que enfeitava o sofá. Eu adorava a personalidade que toda aquela cor conferia à casa. conseguia facilmente imaginar-me a morar numa casa como esta. Nas paredes estavam diversas fotos, muitas das quais eu reconheci como tendo o Henry como personagem principal. Aquela casa gritava família e eu estava completamente rendida a isso.

Henry White (Português)Onde histórias criam vida. Descubra agora