Acordei no dia seguinte com o som irritante de diversas notificações que entravam de seguida e sem intervalo no telemóvel. Desisti de esperar que parassem e decidi que estava na hora de me dar por vencida e levantar-me da cama. Eu já estava habituada a dormir poucas horas, mas acordar antes do despertador, que já estava programado para tão cedo, era quase um crime. Quem é que estaria a tentar falar comigo tão insistentemente e a estas horas? Seria um dos inúmeros grupos de WhatsApp em que estava inserida? Agarrei o telemóvel e preparei-me para ler o que quer que viesse na minha direção, mas não tive tempo para tal. Estava a receber uma chamada da minha irmã, e esta eu não ia rejeitar.
-Bom dia maninha.
-Já vi que estás de muito bom humor! Ainda não entraste na internet, pois não? Ainda bem, é melhor que seja eu a dar-te a notícia. – Aquela conversa estava a deixar-me nervosa, porque eu sabia onde é que aquilo ia parar. Já tinha ouvido aquelas frases inúmeras vezes e todas essas situações tinha culminado no mesmo. Havia alguma notícia nova, onde eu devia ser a personagem principal, a espalhar-se pelo mundo. Talvez não tanto, mas se a minha irmã me estava a ligar, então pelo menos a Portugal já tinha chegado. De repente as notificações que me tinham acordado faziam todo o sentido e uma pequena parte do meu cérebro perguntava-se quantas delas seriam da Anna, enquanto a outra tentava imaginar o que teriam inventado desta vez. Pelo tom de voz dela, e pelo número de mensagens, não deveria ser nada bom.
-Já percebi, o que foi que inventaram desta vez?
-Essa é a pior parte, desta vez acho que não inventaram nada. É tudo verdade. – O pânico invadiu-me. De repente passaram-me pela mente todos os segredos que queria manter pela cabeça, enquanto tentava pôr por ordem dos que menos fariam estragos aos que mais fariam. No topo da lista estava o homem que me perseguia há mais de um ano, só sendo vencido por uma pessoa em específico. Henry White.
-Estás mesmo a assustar-me. Diz-me de uma vez por todas.
-Vê a mensagem que te mandei, é mais fácil. – Afastei o telemóvel do ouvido, e reparei que as minhas mãos tremiam. Que disparate, mesmo que tivesse descoberto dele, qual era o mal? Nenhum dos dois tinha algo a esconder, éramos ambos livres, podíamos fazer o que quisemos. Essa revelação óbvia facilitou os meus movimentos e acalmou-me o suficiente para poder parar de tremer e mexer no ecrã sem problemas. Ignorei todas as outras mensagens e fixei-me apenas na última que tinha recebido. Abri-a a medo e concentrei-me no seu conteúdo.
A notícia iniciava-se com uma sequência de fotos que eu nunca tinha visto, mas que sabia onde e quando tinham sido tiradas. A primeira era uma foto minha a entrar na pizzaria onde tinha almoçado no dia de ontem, com um ar decidido, vestia as mesmas roupas que tinha usado no dia anterior, por esse motivo já sabia o que vinha a seguir. Na segunda foto via-se o Henry a entrar exatamente para o mesmo sítio que eu, apenas alguns minutos depois de mim, segundo constava na notícia. A fotografia seguinte tinha uma qualidade duvidosa, que se eu não tivesse estado naquele mesmo restaurante duvidaria que se tratava da minha pessoa. Estávamos sentados frente a frente e, parecia que as nossas mãos estavam unidas, mas como já referi, a resolução da imagem deixava muito a desejar. As duas últimas fotos, eram de nós os dois a sairmos individualmente, mas ambos com um sorriso que seria notado à distância. Li por alto o que estava escrito. Faziam diversas suposições sobre a natureza daquele nosso encontro, mas nada que pudesse estragar o meu bom humor. Ser considerada como a possível namorada, não me assustava. A minha irmã continuava em espera, pelo que me apressei a voltar à conversa:
-Já li, não me parece assim tão mau. Claro que eu não queria que se soubesse, mas são apenas suposições, nada de concreto.
-Ainda falta uma coisa. Prepara-te, está bem? Vou enviar! – Não lhe respondi, mas senti os nervos invadirem-me. O nó na minha barriga estava formado e as minhas mãos voltavam a tremer, desta vez violentamente, tive de respirar fundo diversas vezes antes de conseguir abrir a mensagem que já dera sinal de ter entrado na minha caixa de mensagens. Ela tinha conseguido assustar-me, e desta vez eu tinha a certeza de que seria mau! Já não havia uma única esperança na minha mente que me fizesse acreditar no contrário. Apesar de eu não ter nenhuma ideia do que se poderia tratar.
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Henry White (Português)
RomanceEla é uma mulher decidida, de 23 anos, que largou o seu país por um sonho. Ele, com 25 anos, é incompreendido pela maioria. Ela continua a lutar todos os dias para conquistar o que tanto deseja. Ele desde da adolescência que já tem tudo o que sonho...