Capítulo 30 - De volta

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       Já passava do meio dia quando finalmente aterrei no aeroporto de Los Angeles. Tinha feito escala em Nova York e aquela viagem parecia não chegar ao fim. Quando o avião iniciou a descida em direção à pista de aterragem eu já sentia os nervos à flor da pele. Nada tinham a ver com medo de voar, porque esse já eu tinha ultrapassado há muito tempo.

      Neste momento, o formigueiro que me corroía o estômago era consequência do medo que sentia em relação ao que teria de enfrentar quando saísse do conforto e segurança do avião. Não tinha ligado o telemóvel nas poucas horas em que tinha estado parada no aeroporto de Nova York. E estava completamente certa em fazê-lo.

      No momento em que pus o primeiro pé fora do avião foi circundada por um conjunto de seguranças que me conferiam uma barreira entre mim e o resto do mundo. Mesmo assim, eu era capaz de ver o que se passava à minha volta.

      Os primeiros passos dados dentro do edifício do aeroporto eram lentos, visto que a cada metro que avançávamos era necessário afastar uma legião de fãs que me tentavam alcançar. Não me lembrava de em algum momento me ter sentido tão incomodada com aquilo, mas a única coisa que queria agora era fugir de tudo aquilo e fechar-me em casa o mais depressa que conseguisse. Parecia que ia demorar mais do que eu desejava.

      Eu achava que não podia piorar. Percebi que estava errada no momento em que senti o vento enrolar-se no cabelo. Os flashs começaram a disparar de todas as direções assim como as muitas questões que me era dirigidas e que eu tentava ignorar ao máximo.

      Percebi que as notícias do meu falso noivado já tinham chegado a este lado do mundo, assim como a Anna tinha previsto, quando me perguntaram onde estava o Miguel e quando seria o casamento. Tentei não me rir com o ridículo de tudo aquilo, mas foi impossível não esconder um esgar ao ouvir tais questões. Não conseguia deixar de me preocupar sobre quem estaria do outro lado das câmaras. Seria tão fácil que aquele homem que me perseguira estivesse ali sem que ninguém desse por isso. Apressei ainda mais o passo quando esse pensamento me passou pela cabeça.

      Fui encaminhada pelos seguranças para o carro onde o Robert já me esperava. Entrei sem dar oportunidade de me fotografarem ou de obterem uma resposta minha a qualquer uma das perguntas que me dirigiam. Os vidros do carro eram escurecidos o que conferiam alguma privacidade, o que naquele momento eu agradecia mais do que qualquer outra coisa.

      -Bom ano menina. Como foram as férias?

      -Bom ano para ti também. Curtas, muito curtas e as tuas?

      -Foram boas. Espero que tenha aproveitado para recuperar forças, vai precisar.

      -Tu não acreditaste em nada do que disseram, pois não?

      -Eu conheço-a muito bem para achar que faria o que a acusavam. Em relação ao suposto noivado, gosto de acreditar que se fosse verdade, a nossa amizade permitir-me-ia saber antes de chegar às notícias.

      -Tens razão, serias a pessoa a quem ligaria logo a seguir de contar à minha família.

      -Fico feliz em saber que não me enganei. Quer que a deixe em casa?

      -É melhor sim, obrigada.

      -A menina Anna pediu-me que lhe dissesse para ligar o seu telemóvel, ela precisa de falar consigo.

      -Vou fazer isso agora mesmo.

      Fiz o que me tinha dito e enquanto marcava o código preparei-me psicologicamente para as inúmeras notificações que de certeza receberia. Ignorei aquelas que eu sabia que me davam a conhecer as recentes notícias onde o meu nome era citado. Havia apenas mais duas, uma da Anna e um chamada não atendida do Henry, que marcava apenas alguns minutos após ter saído de Lisboa. Tudo isso ia ter de esperar, primeiro tinha que falar com a minha família.

Henry White (Português)Onde histórias criam vida. Descubra agora