Capítulo 25 - Casa

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      Entrei no estúdio da forma mais confiante que podia, ignorando os muitos paparazzi que estavam concentrados à porta que me faziam perguntas como: "Onde está o seu namorado?"; "Não se sente culpada por ser a razão do fim de um namoro?"; "O que diz a sua família acerca desta situação?"; "Já falou com o Henry?". Sabia que não devia responder a nenhuma daquelas perguntas e naquele momento só agradecia por isso. Aquela última pergunta era a que eu achava que mais dificuldade eu teria para responder. Aquele tema era todo ele complicado, mas o facto de eu não ter tido coragem para ouvir o que ele tinha para me dizer só me tornava mais cobarde do que aquilo que eu achava que era.

      -Catarina, ainda bem que vieste! Como é que estás? – Anna falava enquanto me envolvia nos seus braços e ali, eu sentia-me mais confortável. Não tinha de olhar para a sua cara, que apesar de não conter nenhum indício de censura, eu achava que isso era mais do que merecido.

      -Eu estou bem. Desculpa não ter aparecido ontem. Só deve ter dificultado ainda mais a tua vida, fui tão egoísta, isto é tudo culpa minha.

      -Não digas isso! Tu sabes que isso não é verdade. Não é culpa tua, e tu tens todo o direito de te ausentar quando não te sentires em condições de fazer o teu trabalho. Agora acalma-te e respira fundo. Só te quero pedir uma coisa. Não respondas a nada do que te perguntarem e evita ser vista em público com o Henry, pelo menos por agora. Deixa a poeira assentar e depois logo se vê o que vamos fazer.

      -Não te preocupes. De agora em diante vou portar-me bem. Vou ter cuidado.

      -Eu sei que sim. Agora anda, temos de nos despachar, hoje tens muito trabalho pela frente, vais sair daqui muito tarde. Eu vou ligar à tua família para saberem que estás bem, ainda não lhes atendeste o telemóvel e eles estão preocupados.

      -Obrigada por falares com eles. De qualquer forma vou mandar uma mensagem à minha mãe antes de começar a gravar, para que não fique tão preocupada.

      -Sim, fazes bem.

      Assim que entrei no meu camarim, agarrei o telemóvel que ainda estava desligado desde o dia anterior e marquei o código que o faria ganhar vida novamente. Assim que o fiz comecei a receber dezenas de notificações que eu sabia serem chamadas perdidas do dia anterior. A maioria eram dos membros da minha família e a outra grande parte pertencia ao Henry. Havia uma única mensagem, também dele, que datava o dia de hoje, apenas alguns minutos antes, o que me deixou curiosa. Abri-a antes de ter tempo de pensar muito sobre o assunto.

      18/12/2019, 08:10

      De: Henry

      "Bom dia,

      Eu sei que não queres falar comigo, já percebi isso, mas acho sinceramente que merecia uma chance de me explicar. Eu sei que estás no estúdio, e não imaginas a vontade que tenho de ir aí ver-te, mas já sei que isso só vai piorar a situação, que só de si já não é boa. Desculpa, a culpa disto é toda minha. Não devia estar a sofrer por assuntos que nada tem a ver contigo, ela fez isto para me atingir a mim. Tu não tens culpa nenhuma, não imaginas como me sinto mal. Dá-me só uma oportunidade de me explicar. Por favor, é só isso que te peço.

      Tenho saudades tuas. Beijinhos"

      Eu continuava sem saber o que fazer em relação a ele, mas depois de ler aquela mensagem, o que mais tinha vontade de fazer era responder-lhe e dizer que estava tudo bem, que não estava chateada, mas eu sabia que não podia fazer isso. Não podia mentir-lhe, por mais que me custasse saber que ele também estava mal com tudo isto. Para além disso, tinha acabado de dizer à Anna que me iria portar bem e que me manteria afastada, não podia estragar já tudo.

Henry White (Português)Onde histórias criam vida. Descubra agora