Capítulo 9 - Novos Planos

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          No início da manhã seguinte, sentia-me bem, feliz, completa. A noite anterior tinha corrido da melhor forma possível e eu não me lembrava da última vez em que me tinha divertido tanto. A única coisa que tinha ficado por fazer era combinar mais um dia para estar juntos. De qualquer forma, não estava muito preocupada com isso, sabia que não era a única a estar ansiosa para estarmos juntos novamente.

      19/10/2019, 14:46

      De: Henry

      "Bom dia, dormiste bem?"

      19/10/2019, 15:07

      De: Catarina

      "Bom dia?! Não achas que já é mais "boa tarde"? :P Eu dormi muito bem, mas já estou acordada há algumas horas. E tu?"

      19/10/2019, 15:11

      De: Henry

      "Eu também dormi bem, acabei de acordar. Nós ontem ficámos acordados até tão tarde, porque é que te levantaste tão cedo? Hoje não vais trabalhar, pois não?"

      Aquilo era verdade, lembrava-me de ter olhado o relógio antes de me deitar e ele marcava 4:45 da manhã, o que significava que tinha dormido no máximo cinco horas naquela noite, mas sentia-me revigorada. De alguma forma a sua presença tinha-me restabelecido as energias, tinha dormido melhor do que nos últimos tempos e não sentia que necessitasse de mais para aguentar o resto do dia.

      19/10/2019, 15:15

      De: Catarina

      "Não, hoje não trabalho, mas não gosto de dormir até tarde. Tenho sempre a sensação de que estou a desperdiçar metade do dia, mas gosto de dormir uma sesta à tarde."

      19/10/2019, 15:17

      De: Henry

      "Já não faço uma sesta há tantos anos. Tenho de relembrar qual é a sensação."

      19/10/2019, 15:21

      De: Catarina

      "Não imaginas o que estás a perder."

      A conversa continuou a partir daí e durou toda a semana. E com o passar do tempo eu achava que já sabia muitas coisas sobre ele. Sabia, por exemplo, quais as séries em que estava viciado, o desporto que mais gostava de ver e praticar e quais os nomes dos seus amigos mais próximos. Eu tinha a certeza que, também ele podia nomear alguns facto sobre mim que não revelavam grande coisa acerca da minha pessoa, mas aquelas conversas sobre temas leves tornavam tudo mais fácil e demos por nós a agir como amigos que se conheciam há muito anos e não há duas semanas como era o caso. Eu desejava saber mais, ter coragem para fazer as perguntas mais difíceis que iam tornar a conversa muito mais séria e profunda. Não fui capaz de o fazer, também porque sabia que se as fizesse ele ia exigir o mesmo direito e eu não me sentia preparada para revelar pormenores sobre mim que eu queria, desesperadamente, saber sobre ele.

      Durante toda a semana, e entre chamadas que duravam horas e mensagens trocadas ao longo de todo o dia, comecei a sentir que faltava algo. Apercebi-me de que era a sua presença. Só tínhamos estado juntos duas vezes, mas ao seu lado, já era o mais perto de relaxada que eu tinha estado nos últimos tempos e eu sentia que necessitava disso urgentemente. Não sabia se ele sentia o mesmo, mas pela primeira vez em anos, estava preocupada com o que outra pessoa pensava sobre mim. Eu queria, mais do que tudo naquele momento, ser retribuída. Queria que o seu sentimento por mim fosse o mesmo que o que eu tinha por ele. O medo invadiu-me e eu tentei desesperadamente afastá-lo de mim, não podia deixar que aquele sentimento corrosivo me fizesse sabotar a melhor coisa que me tinha acontecido nos últimos tempos. Eu sabia que vir a sofrer era uma possibilidade, mas naquele momento eu teria aceite qualquer coisa para poder viver aquilo, mesmo que terminasse comigo em lágrimas.

      24/10/2019, 16:34

      De: Henry

      "Tens alguma coisa marcada para sábado?"

      Estávamos no meio de uma conversa sobre os desportos que mais queríamos praticar, ele estava mais virado para desportos radicais, como bungee jumping ou skydiving, enquanto eu preferia coisas mias simples, como andar de patins no gelo. De qualquer forma aquela pergunta tinha surgido do nada e eu não tinha ideia de onde ia parar, mas se significava que nos íamos ver no sábado, então não me importava.

      24/10/2019, 16:46

      De: Catarina

      "Não, acho que não. Porquê?"

      24/10/2019, 16:51

      De: Henry

      "Então, estavas a dizer que nunca andaste de patins no gelo, não é? Estava a pensar que podíamos ir fazer isso mesmo."

      24/10/2019, 16:55

      De: Catarina

      "É uma ideia tentadora, mas parece-me que não vai ser possível passarmos despercebidos no meio de tanta gente, vai haver alguém que nos vai reconhecer."

      24/10/2019, 16:59

      De: Henry

      "Não te preocupes, conheço o sítio ideal para irmos onde ninguém nos vai ver. Podes ter a certeza, nenhum paparazzi vai ter uma fotografia nossa desse dia. Confia em mim."

      24/10/2019, 17:04

      De: Catarina

      "Vou tentar. Fica combinado. Sábado às duas, depois do almoço?"

      24/10/2019, 17:08

      De: Henry

      "Parece-me perfeito. Obrigado por não me fazeres acordar cedo."

      24/10/2019, 17:14

      De: Catarina

      "Eu sei que não ias querer acordar antes do meio dia."

      24/10/2019, 17:10

      De: Henry

      "Por ti, talvez o fizesse!"

      Não respondi, sinceramente, porque não sabia o que dizer. Sentia o meu coração a bater tão rápido e não sabia como o abrandar. Que parvoíce! Ele nem tinha dito nada de especial e mesmo assim crescia em mim uma esperança que, talvez aquela simples frase significasse mais do eu acreditava. Dei por mim a tentar encontrar significados por de trás do que ele tinha dito, mas por mais que me esforçasse não arranjava outra explicação que não fosse, que eu era importante para ele, o suficiente para o fazer abdicar de algo que ele gostava para estar comigo. Ridículo, eu sei, não fazia sentido nenhum. De qualquer forma, deixei-me afogar na esperança e senti-me bem com isso. Que importava? Estava decidida a deitar a precaução pela janela e a arriscar tudo o que tinha naquilo. E eu sabia que naquele jogo a aposta já estava muito alta, estávamos a jogar pelo meu coração e eu sentia que a cada minuto eu perdia cada vez mais a batalha.

Henry White (Português)Onde histórias criam vida. Descubra agora