Capítulo 12 - Terceiro Encontro Parte 2

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        A sua casa parecia saída de um filme. À porta estavam estacionados mais carros, do que eu achava que eram necessários para apenas uma pessoa. Claro que a minha garagem também estava cheia dos mais recentes modelos, mas comparados com os deles, pareciam carros de brincar. Do meu lado esquerdo estava um campo de ténis e outro de futebol e à minha frente a maior casa que já tinha visto na minha vida. Era maior do que alguma vez tinha imaginado ser possível. Imaginava-me a perder-me facilmente dentro daquela mansão e, por isso, não me afastei mais do que três metros dele. Era toda ela branca e com muitas janelas e só quando entrámos é que percebi a grandeza.

      Assim que se passava a porta, estávamos na sala que tinha um teto alto e um candeeiro luxuoso. No centro estava um sofá branco onde cabiam à vontade dez pessoas. A parede em frente figurava uma lareira elétrica, que conferia um ar sofisticado ao ambiente. Não estava à vista nenhuma televisão, o que consistia num mistério para mim, visto que ele já me tinha confessado que via todos os jogos de hóquei que podia em casa, talvez existisse uma divisão apenas para isso. No lado direito conseguíamos ver uma mesa que era, com certeza, palco de diversos jantares, onde havia pelo menos quinze lugares sentados. Por que razão ele queria uma mesa tão grande, eu não tinha a certeza. Um pouco mais à frente estavam as escadas que davam acesso ao andar superior. Tinham um ar moderno. Todas elas em vidro, a meio dividiam-se dando acesso a dois lados oposto do andar superior. A parte de trás da casa era toda ela em vidro o que nos permitia uma vista panorâmica sobre a imensa piscina e o jardim magnifico, o qual não se conseguia avistar o fim. Era toda ela equipada com luzes led, que neste momento se encontravam apagadas devido à claridade que ainda entrava do exterior. De certeza que à noite a vista devia ser magnifica. Era das casas mais bonitas que alguma vez tinha visto. Parecia saída de uma revista de decoração de interiores. Apesar de tudo isto, havia algo ali que não estava bem.

      -Então? O que achas?

      -Posso ser sincera?

      -Eu ficava desiludido se não fosses.

      -É incrivelmente espetacular, mas não parece tua.

      -Como assim?

      -Bem, tu dizes que é tua, mas podia ser de qualquer outra pessoa. Se fosse qualquer outra pessoa a dizer que esta era a sua casa eu acreditava. Não tem nada que te identifique. Não há fotografias, nem nenhum dos teus prémios, ou talvez algo sobre a tua equipa de hóquei preferida. A casa não diz nada sobre ti. É linda, mas parece que falta qualquer coisa.

      -Estás sempre a surpreender-me, sabias?

      -Nunca ninguém te tinha dito isto? Não é possível.

      -A maior parte das pessoas evita dizer-me aquilo que acha que eu não vou gostar.

      -Isso não me parece muito bem. Às vezes precisamos mesmo que nos digam as coisas mais difíceis na nossa cara.

      -Posso contar contigo para isso, não posso?

      -Sim podes. Mesmo que doa.

      -Obrigado. Senta-te e está à vontade, vou buscar chocolate quente para bebermos e qualquer coisa para comer. – Fiz o que me disse e, enquanto esperava olhei tudo à minha volta com muita atenção. Era fácil identificar um padrão no que nos rodeava. A cor predominante era o branco e alguns apontamentos de cinzento, o que não conferia nenhuma personalidade à casa. Ele voltou pouco tempo depois e entregou-me uma caneca que fumegava e que tinha um aspeto divino.

       -Deves gostar muito de branco, não? Parece que é a única cor que nos rodeia.

      -Na verdade já estou um bocadinho farto destas cores. Não fui eu que escolhi nada do que está dentro desta casa, é por isso que nada me identifica, como tu dizes. Na maior parte das vezes, não me sinto em casa.

Henry White (Português)Onde histórias criam vida. Descubra agora