Capítulo 14 -Compras e Crepes

60 29 76
                                    


         -Ok, não tenho ideia nenhuma do que escolher. Nunca venho a este tipo de lojas. Habituei-me a encomendar a minha roupa toda e quando são eventos é a minha agente que escolhe. Vais ter mesmo de me ajudar. – Estávamos dentro de uma das lojas mais caras daquele centro comercial e mais uma vez eu estava impressionada com o poder que ele tinha. Já passavam das nove horas da noite de quarta feira e estávamos no maior centro comercial da cidade. Era a hora em que o shopping deveria estar cheio e na verdade estava fechado, única e exclusivamente porque ele tinha pedido. Então era assim que as celebridades vinham às compras. E aqui estava eu, há pelo menos dois anos nesta indústria, e aparentemente sem saber dos seus melhores segredos, talvez precisasse de estar mais atenta ao que me rodeava.

      Aquela era a única loja que estava aberta e tinha apenas uma pessoa de forma a garantir o maior sigilo possível. Ele estava a ter em consideração os meus medos e isso fazia-me admirá-lo cada vez mais. A empregada da loja estava ali para nos ajudar a escolher, e eu tinha a certeza que ia precisar dos seus conselhos. Tudo à minha volta parecia lindo e eu não conseguia optar apenas por uma peça.

      -Sabes que não tens obrigação nenhuma de comprar algo, não sabes? Ela não ia ficar chateada se não lhe deres um presente e eu também não estou à espera que o faças. – Ele dizia isto enquanto apanhava diversas peças, nos tamanhos certos e as entregava à senhora que nos seguia por toda a loja. Olhei-o ao mesmo tempo em que pensava: "É fácil para ti falares, sabes tudo sobre ela, conheces os seus gostos todos, ela vai gostar de tudo o que lhe comprares." – Não me olhes assim, é normal que a conheça bem, sou o seu filho. Se queres tanto eu ajudo-te a escolher uma prenda que ela vai adorar. Diz-me do que gostas e digo-te se eu acho que está dentro do seu estilo ou não. – Ele tinha acabado mesmo de responder a um pensamento meu? Como é que ele conseguia fazer aquilo? Não era a primeira vez que eu achava que ele me conseguia ler os pensamentos e estava cada vez mais convencida disso mesmo.

      Passámos a hora seguinte a percorrer toda a loja, ver cada peça que lá estava exposta e a argumentar sobre diferentes roupas, as que lhe assentariam melhor e em que situações poderiam ser usadas. Acabámos por optar por um vestido justo, que lhe acentuaria a sua beleza, na cor bordô para combinar com o seu cabelo, que eu sabia ser castanho com tons ruivos, como eu tinha visto em fotografias. Ele saiu da loja com mais sacos dos que conseguia carregar sozinho, pelo que pediu a um dos seguranças que o ajudasse. Eu sabia que ele estava a tentar usar os presentes como uma forma de se desculpar, mas também sabia que ele não esperava que isso resolvesse todos os problemas que existiam entre ambos. De qualquer forma, tinha a plena noção de que ele precisava daquilo para se sentir melhor e não seria eu a negar-lhe aquela ilusão de conforto.

      -Vamos comer um gelado, está mesmo a apetecer-me.

      -Estamos no inverno, está tanto frio... Como é que tens vontade de comer gelados.

      -Ainda não está assim tanto frio, ainda vai piorar um bocado em Dezembro.

      -Eu sei, aqui as temperaturas são mais ou menos as mesmas que em Portugal, de qualquer forma, não acho que esteja calor o suficiente para comer um gelado.

      -Podemos comer outra coisa se quiseres.

      -Um crepe, com muita nutella e morangos, ou talvez um chocolate quente.

      -Gulosa, portanto. Ainda não sabia isso sobre ti.

      -Há muita coisa que ainda não sabes sobre mim, mas sinceramente, não pensei que demorasses tanto a descobrir essa. Sou conhecida por toda a gente por isso. É a minha imagem de marca.

Henry White (Português)Onde histórias criam vida. Descubra agora