Desde a noite anterior que não consegui para de pensar no que Margarida me tinha dito e naquele dia tinha acordado decida a confrontá-lo. Ia acabar o ano sem nada por dizer e era assim que eu achava que devia ser.
Tinha acordado e mal me tinha sentado à mesa a tomar o pequeno almoço, quando o vi passar pela porta que dava acesso à rua. Quando o alcancei ele já estava do lado de fora de casa parado perto da piscina daquela casa alugada. Daquele sítio via-se o portão da casa e o exterior da propriedade, que estava naquele momento deserta, pelo menos aparentemente. Estávamos sozinhos, o que era perfeito para a conversa que estava a planear.
-Miguel, temos de falar!
-Claro! Precisas de alguma coisa?
-Preciso sim. Quero que me expliques exatamente aquilo que se está a passar. Eu sei que há algo que te está a incomodar, e eu estou aqui para ti.
-É só isso? Não te preocupes, não é nada. Amanhã já vou estar bem melhor. -Ele tentou afastar-se, mas desta vez eu estava decidida a obter uma resposta, não ia deixar que se escapasse assim tão facilmente. Agarrei na sua mão e puxei-o de volta para onde estava enquanto falava.
-Não. Agora vais ter de me ouvir. Não me interessa que eu não tenha nada a ver com isso, vais ter de me explicar. Não é justo o que estás a fazer comigo e muito menos aquilo que estás a fazer a Margarida passar...
-Como assim aquilo que ela está a passar? Do que é que estás a falar?
-Não achas mesmo que fui a única que reparou que algo está diferente, pois não?
-Ela foi falar contigo?
-Claro que foi, Miguel. Ela achava que só eu é que poderia saber o que se passava, mas nem eu a pude ajudar. Ela está em pânico, e sinceramente eu também não estou muito longe disso. Não é justo que não fales comigo, mas é pior ainda que não o faças com ela. Ela é a pessoa em quem mais devias confiar e estás a fazê-la duvidar disso!
-Ela está a duvidar do quê, mais concretamente?
-De tudo. Está a duvidar da vossa relação, daquilo que tu sentes por ela, está a duvidar de si própria. Nós somos amigos, mas eu juro-te que se tu não resolves isto, eu não sei se te perdoou. Se tu já não sentes o mesmo, então tens de ganhar coragem para falar e explicar-lhe o que se está a passar. Não podes deixá-la nesta dúvida, estás a dar-lhe esperanças e ela no fim vai sair mais magoada. Não me parece que consigas arranjar alguém melhor que ela, e eu tenho a certeza que te vais arrepender, mas se é isso mesmo que tu queres, então tens de lhe dizer. Não podes continuar a magoá-la desta forma, não tens esse direito. Eu não vou deixar. Eu gosto muito de ti, mas ela também é importante para mim e eu não a quero ver sofrer por alguém que não a merece.
-Espera, espera não podes estar a falar a sério...
-Claro que estou, não te vou defender neste caso, não tens razão nenhuma. – A sua face demonstrava o quão surpreendido ele estava por estar a ouvir aquilo, mas eu não entendia qual era o seu espanto. Acharia ele que eu o defenderia mesmo que ele estivesse a magoar outra pessoa que me era tão próxima?
Estava tão distraída que no início não consegui perceber o que estava a acontecer mesmo à minha frente. Ele olhava-me nos olhos como se esperasse a minha reação a qualquer coisa que eu ainda não sabia o que era. Procurei na sua cara alguma pista do que ele queria que eu percebesse, mas a única coisa que conseguia perceber no seu rosto era o nervosismo que lhe parecia caraterístico nos últimos dias. Desviei o meu olhar do seu rosto e, mesmo à minha frente estava uma caixa que continha um anel. Era simples, mas lindo. Era de ouro, com uma única pequena pedra no centro, rodeada de pequenos brilhantes.
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Henry White (Português)
RomantikEla é uma mulher decidida, de 23 anos, que largou o seu país por um sonho. Ele, com 25 anos, é incompreendido pela maioria. Ela continua a lutar todos os dias para conquistar o que tanto deseja. Ele desde da adolescência que já tem tudo o que sonho...