Capítulo 2 - Audição

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Oi pessoal, 

Decidi postar mais cedo. Digam-me o que acham e votem por favor! 

Beijinhos :)



        Acordei no dia seguinte com o despertador que eu tinha programado no meu telemóvel às seis horas da manhã. Tinha dormido apenas quatro horas, mas isso já se tornara um hábito, trabalhava sempre até tarde, e quando chegava a casa ainda ia ler as cenas que teria de fazer no dia seguinte e a decorar as minhas falas, gostava de estar preparada e de demonstrar o profissionalismo que tinha aprendido com o meu pai, queria deixá-lo orgulhoso onde quer que estivesse e esta era única maneira que sabia fazê-lo.

      O meu pai tinha morrido há apenas dois anos com cancro, pouco tempo antes de eu deixar Portugal em direção aos Estados Unidos da América. Quando descobrimos da doença já estava bastante avançada e durante o ano e meio em que esteve em tratamentos, vimo-lo sofrer muito sem que pudéssemos fazer alguma coisa para o ajudar. Foi uma altura difícil que culminou em momentos muito dolorosos e um vazio no peito e na vida que eu tinha a certeza que nunca ninguém poderia preencher.

      Sentia a sua falta todos os dias, mas sentia a sua presença em cada oportunidade que tinha, como se ele estivesse lá em cima a olhar para mim e a guiar-me para o melhor caminho que eu deveria seguir.

      Ainda o via na sala da casa onde tinha crescido e no olhar triste e vazio da minha mãe. A casa onde vivia com os meus pais tinha demasiadas recordações e eu não me sentia preparada para não o ver cada vez que entrasse pela porta. Sabia que a minha irmã e o meu irmão protegeriam a nossa mãe e por isso saí. Aquele sítio onde agora vivia, mas que não sentia como casa, estava cheia de fotos de cada um deles para que nunca me esquecesse dos seus sorrisos e de que o meu se tornava maior e mais sentido quando estávamos juntos.

      Levantei-me, tomei banho e vesti a primeira roupa que encontrei, nunca gostei muito de me arranjar, achava que era um desperdício de tempo e de qualquer forma quando chegasse ao estúdio iriam desmanchar tudo o que eu fizesse para montar a personagem que eu teria que representar nesse dia. Já muita coisa tinha sido dita na imprensa a respeito da minha maneira de vestir, mas isso pouco me importava. No início lia tudo o que era escrito sobre mim em todas as revistas e em todos os sites de fofocas, mas depois de perceber que poucos retratavam a verdade daquilo que acontecia decidi que apenas me faria mal saber o que era escrito, pelo que agora me limitava a saber o estritamente necessário e normalmente era a Anna ou a minha irmã que me mostravam, tudo o resto eu ignorava.

      Fiz o meu pequeno almoço, não tinha contratado nenhuma empregada apesar da insistência da Anna, tinha apenas uma senhora que ia uma vez por semana para limpar a casa, mas nem nunca a tinha conhecido, o horário dela não era compatível com o meu, pelo que nunca nos tínhamos cruzado, mas fazia o seu trabalho muito bem e isso era o que era importante. Eu fazia a minha parte para tentar facilitar o seu trabalho, tentava manter a casa arrumada, a loiça lavada e a roupa estendida, afinal quem lá vivia era eu.

      O meu motorista bateu à porta às seis e quarenta e cinco em ponto, era muito pontual e eu gostava disso. Pontualidade na minha forma de estar na vida era essencial, porque eu saía sempre com o tempo contado para chegar aos locais combinados. Hoje, por exemplo, tinha que estar às sete da manhã no estúdio para começar o processo de maquiagem e cabelo, demorava dez minutos da minha casa ao estúdio, tinha o tempo necessário e nem mais um minuto. Abri a porta:

      -Bom dia menina!

      -Robert quantas vezes já te disse para me tratares pelo meu nome? Estamos demasiado tempo juntos para ser de outra forma. Então como está a tua mulher? Melhor da gripe?

Henry White (Português)Onde histórias criam vida. Descubra agora