Capítulo 15 - Um almoço Inesperado

41 22 90
                                    


         No dia seguinte não tive tempo para me preocupar com nada. Acordei cedo, trabalhei até tarde e mal cheguei a casa caí na cama e só acordei de manhã. Sexta feira amanheceu com sol e eu só esperava que fosse um presságio para o resto do dia. O jantar estava marcado para hoje à noite e eu não podia estar mais nervosa.

      Pensei que trabalhar me ocuparia o pensamento e me livraria dos nervos que me consumiam, mas não podia estar mais enganada. Quando estava a gravar a minha segunda cena do dia começaram a surgir alguns problemas técnicos, que não conseguiram resolver no momento. Pelo que nos informaram que as gravações só iriam ser retomadas no início da semana seguinte. Não podia estar mais desiludida por ter perdido a minha ocupação para o dia. Decidi que iria para casa tentar pensar em alguma coisa que não fosse o jantar que tinha no final do dia.

      Caminhava lentamente em direção à saída dos estúdios, onde eu sabia que Robert estaria à minha espera, quando ouvi o meu nome a ser chamado:

      -Catarina?! – Eu conhecia aquela voz. Marcus. O que estaria ele a fazer aqui? Que eu soubesse ele não entrava em nenhuma produção que estivesse a ser gravada nada no mesmo estúdio que eu.

      -Olá Marcus. Está por aqui? Vais começar a gravar aqui.

      -Não te posso dizer que sim porque não é suposto falar sobre isso, por agora. Só posso dizer que talvez nos encontremos mais vezes. E tu? Já te vais embora?

      -A sério? Então isso é razão para comemorares! Sim, por hoje já estou despachada, houve um problema técnico e mandaram-nos para casa mais cedo.

      -Então podias vir almoçar comigo para comemorar. – Não sabia o que lhe responder. Por um lado, a ideia de almoçar com alguém que eu não conhecia, ter de fazer conversa de circunstância e o possível silêncio que poderia surgir se não encontrássemos nada em comum sobre o que falar, assustava-me. Por outro lado, a ideia de passar toda a tarde sozinha a ver os minutos arrastarem-se enquanto esperava que a hora do jantar se aproximasse não me parecia nada apelativa.

      - Eu realmente estou com fome.

      -Isso é um sim? – Por um momento pensei que seria mais prudente recusar, mas lembrei-me de uma conversa que tinha tido com a minha irmã, não há muito tempo, sobre deixar que outras pessoas se aproximassem, sobre conhecer pessoas novas. Não me parecia que fosse existir melhor oportunidade para isso, do que esta. E depois, era só um almoço, qual era a pior coisa que podia acontecer? Talvez amanhã estar completamente esparramado em toda a imprensa nacional e internacional. Era melhor não pensar sobre esse assunto.

      -Sim, é. Achas que podíamos ficar aqui pelo estúdio?

      -Sim, podemos claro, mas posso saber porquê?

      -A verdade é que não lido bem com os paparazzi e, muito menos as notícias que se seguem. Preferia evitar qualquer possibilidade de isso acontecer.

      -Sim, eu percebo. Acho que qualquer pessoa deste meio passa pelo mesmo. Então está decidido ficamos por aqui. Tens de me dizer para onde ir, não conheço nada aqui. Podes fazer-me uma visita guiada.

      -Claro! Deixa-me só fazer uma chamada e depois vamos.

      -Sim, não te preocupes. Fico aqui à espera. -Afastei-me o suficiente para me conferir alguma privacidade e marquei o número que me permitiria falar com o Robert. Ele atendeu ao primeiro toque, mais uma das coisas que faziam dele um grande profissional.

      -Já estou a caminho menina, apanhei trânsito.

      -Quão chateado ficas se te disser que afinal não vou agora para casa?

Henry White (Português)Onde histórias criam vida. Descubra agora