*Partes escritas em Itálico significam que são faladas numa língua diferente.
Ainda só tinham passado algumas horas de Domingo quando eu comecei a duvidar se aquele tinha sido realmente um acordo favorável para mim. Antes dele, eu estava habituada a estar sozinha, mas acho que todo aquele tempo que passávamos juntos não me deixaria voltar a gostar de estar apenas comigo própria, durante tantas horas. A minha casa parecia demasiado vazia e eu sabia exatamente o que faltava. Nada nem ninguém o poderiam substituir.
Tentei imitá-lo e dormir até mais tarde, mas quando olhei para o relógio e já passavam das onze da manhã, senti que já tinha perdido a manhã toda e que seria impossível voltar a dormir. Após o almoço estava completamente decidida a ficar o dia todo em frente à televisão a ver os filmes mais recentes que estivessem na plataforma de streaming quando ouvi o telemóvel a tocar.
-Olá Catarina, como estás?
-Miguel, há tanto tempo. Tenho tantas saudades tuas. Estou bem e tu?
-Também eu e foi por isso que decidi ligar. Está tudo bem comigo. Tu vens passar o natal a Portugal, não é?
-Sim, claro que sim. O natal e a passagem do ano. Sabes que a família é sempre o mais importante, não perderia por nada.
-Então e achas que vais ter um tempinho para veres os amigos, ou a fama já te subiu à cabeça? – Eu sabia que ele estava a brincar, o seu tom de voz era muito expressivo e eu conhecia-o melhor do que a mim mesma, mas eu não consigo brincar com aquele assunto. Era um dos meus maiores medos e não queria que ninguém, que fosse importante para mim, ficasse com essa opinião minha.
-Tu sabes que não sou assim. Na verdade já tinha pensado em ligar-te para marcar qualquer coisa, mas ainda não tinha tido tempo. Chego no dia vinte e um de manhã, mas talvez fosse melhor marcar depois do natal, porque ainda tenho algumas coisas para tratar. – Na minha cabeça passava uma lista de pessoas que tinha de visitar, todas elas da minha família, e de coisas que eu queria fazer antes do dia de Natal.
-Sim, para mim também é melhor depois. Pode ser no dia vinte e sete à noite? É uma sexta feira, por isso, ainda vou trabalhar durante o dia.
-Claro, parece magnifico. Convida a Margarida, sabes que a tua namorada é sempre bem-vinda.
-Fica combinado. Vou falar com ela. Agora diz-me. Como é que tens estado? Já não falamos há imenso tempo.
-Tem estado tudo bem. Não há muitas novidades, e tu? O que tens feito?
-Para além do trabalho? Nada de especial. No outro dia fomos ver o teu filme ao cinema...
-A sério? O que achaste?
-Não é bem o meu estilo de filme, mas a Margarida insistiu tanto que eu não consegui dizer que não. Acho que estavas incrível, e a Margarida de certeza que te vai dizer isso. Ela adorou, até chorou no final.
-Ainda bem que gostaram. É sempre bom ouvir isso do nosso trabalho. – Aquela era a razão pela qual eu fazia o que fazia. Adora que gostassem do meu trabalho e acima de tudo, ser capaz de emocionar alguém apenas com a minha representação.
-Tu és realmente muito boa naquilo que fazes. Acho que não há muita gente que tenha o talento que tu tens.
-És um bocadinho suspeito, não achas?
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Henry White (Português)
RomansaEla é uma mulher decidida, de 23 anos, que largou o seu país por um sonho. Ele, com 25 anos, é incompreendido pela maioria. Ela continua a lutar todos os dias para conquistar o que tanto deseja. Ele desde da adolescência que já tem tudo o que sonho...