Capítulo 27 - Questões

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      A noite e o dia de natal passaram sem mais incidentes enquanto eu tentava ao máximo evitar ler a repercussão que a entrevista tinha tido nas notícias internacionais. Tinha a certeza que a minha irmã estava a monitorizar cada uma delas e que no momento em que surgisse algo que me interessasse, me diria.

      Estivemos juntos em família enquanto me contavam os acontecimentos dos últimos meses e tudo aquilo que eu tinha perdido. Voltámos a ver as fotos da nossa infância que já tínhamos visto milhares de vezes e cantámos todos juntos enquanto eu e a minha irmã acompanhávamos na guitarra. Foram dias tranquilos e senti que estava finalmente a conseguir descansar.

      No dia vinte e sete por volta das sete da noite já estava pronta para os planos que tinha feito com o Miguel, só nesse momento é que percebi que não tínhamos escolhido um sítio onde ir. Decidi ligar-lhe para podermos combinar. Não foi necessário esperar muito tempo para que ele atendesse a chamada.

      -Olá Catarina.

      -Oi Miguel. Olha estou a ligar porque não combinámos onde nos encontrar. Queria saber se tinhas alguma coisa em mente, ou se poderia ser aqui na casa da minha mãe. Sabes que tem sido difícil conseguir fugir aos paparazzi.

      -Não tinha pensado em nada. Claro que pode. Já vou aí ter! Até já.

      -Ok, fico à tua espera. – Tinham passado apenas quinze minutos quando ele estacionou o carro à porta. Eu observava-o atravessar o mar de pessoas que continuavam parados para lá dos portões da nossa propriedade e contra a qual nada podíamos fazer. Era sufocante ver os flashes dispararem a cada passo que ele dava e saber que muito provavelmente no dia seguinte seria notícia à volta do globo. Tentei não pensar nas implicações que isso teria e concentrei-me no conforto que o seu abraço me traria.

      Deixe-o entrar e guiei-o até à sala onde nos sentámos lado a lado. A sua postura era rígida e eu sabia que havia algo que o estava a incomodar, mas que ele ainda não estava pronto para o dizer. Decidi puxar assunto para que se acalmasse e ganhasse coragem para me dizer o que fosse que não lhe saia da cabeça.

      -Conta-me, como é que te tens estado a adaptar à empresa nova? – Miguel estava em processo de transição entre trabalhos e eu ainda não sabia muito sobre este assunto.

      -Está a correr tudo bem. Sabias que sou capaz de ter de fazer algumas viagens para a sede da empresa?

      -Não me tinhas dito nada! E onde fica a sede?

      -Não vai acreditar! Fica em Los Angeles.

      -Só podes estar a brincar! Quer dizer que me vais visitar?

      -Se for, claro que sim. – O meu sorriso era, naquele momento, de orelha a orelha. A ideia de o ter na minha casa agradava-me. Teria o melhor dos dois mundos juntos e isso era como um sonho tornado realidade.

      -Eu não me vou esquecer. Quando fores avisa-me com antecedência para eu tirar um dia para te mostrar tudo. Sabes que vais ser sempre bem-vindo para ficar na minha casa.

      -Vou cobrar. Agora outra coisa que temos de combinar. A passagem do ano. O que vais fazer?

      -Não sei bem. Ainda não falei com a minha irmã sobre isso, por quê?

      -Eu e um grupo de amigos estávamos a pensar ir todos para uma casa alugada no meio do nada, para termos mais privacidade. Eu queria que viesses connosco...

Henry White (Português)Onde histórias criam vida. Descubra agora