Quando chegou o último dia da semana, eu sentia-me aliviada. Faltavam mais três semanas para o fim da gravação do meu mais recente projeto e era o dia em que faria a última entrevista referente ao meu anterior trabalho. Cada vez que fazia uma nova entrevista, sentia necessidade de estudar o filme e o que podia ou não revelar acerca do mesmo, para ter a certeza que não cometia erros. Era um processo desgastante e cansativo e, na maioria das vezes, envolvia muito stress.
Stressada era exatamente o adjetivo que melhor me definia no momento. Estava dentro do maior estúdio onde alguma vez tinha estado, rodeada por dezenas de pessoas que não estavam minimamente preocupadas com a minha presença e eu não sabia o que fazer ou como agir. Esse tinha sido sempre o meu maior medo. Estar no meio da multidão e sentir-me completamente sozinha, abandonada. E, apesar de eu saber que não era verdade, estava a reviver todos aqueles pesadelos que me rodeavam desde que era apenas uma menina. Eu sabia que a Anna estava algures naquele lugar a tentar arranjar um copo de água com açúcar para me acalmar, sabia que a produção do programa estava a contar comigo sorridente e bem-disposta e estava realmente a tentar personificar essa pessoa, mas programas ao vivo assustavam-me. No meu dia-a-dia, eu podia repetir muitas vezes cada cena até ter a certeza que estava exatamente como eu queria, mas em programas em direto isso não era possível, tudo o que fosse dito seria ouvido pelo resto do mundo. Era em momentos como estes em que eu repensava toda a minha escolha de carreira.
-Estás a entrar em pânico. Nós já falámos sobre isto, não tens nada com que te preocupar. Sê tu mesma e vais ver que corre tudo bem. Não te vais enganar, nem dizer nada que chateie as pessoas, eu tenho a certeza. Bebe um bocadinho de água, respira fundo e conta até dez. Faltam quinze minutos para entrares e não podes estar assim. Se achares que não consegues, eu arranjo uma desculpa e vamos embora. Tu é que decides. – Um facto sobre mim: "Eu nunca viro as costas a um compromisso."
-Eu consigo, só preciso de me acalmar e de um bocadinho de silêncio. Não te vás embora, não me deixes sozinha. Fica aqui comigo, por favor.
-Eu fico aqui até ao fim. – A Anna sabia sempre o que me dizer nestes momentos.
Tentei seguir os seus concelhos. Fechei os olhos e concentrei-me nas sensações que me enchiam naquele momento. A respiração estava demasiado acelerada e o coração seguia o mesmo ritmo. Tinha as mãos a soar e o corpo tremia. Serrei os punhos e forcei-me a deixar de tremer. Controlei a respiração e impus um ritmo calmo e fixo. Contei até dez bem devagar. Gastei todo o tempo que me restava neste processo, mas quando o acabei sentia-me confortável e confiante.
-Ela é uma atriz com diversos papeis e críticas maravilhosas. Nasceu em Portugal, mas veio para Hollywood para deixar a sua marca. Temos a certeza que se continuar assim vai conseguir. Um forte aplauso para a Catarina Gonçalvez! - Ouvi o meu nome a ser anunciado. Não era exatamente o meu nome, não como se pronunciava em Portugal, mas eu sabia que para quem não falava a língua era complicado pronunciá-lo corretamente. Caminhei decida em direção ao cenário, cumprimentei a apresentadora e sentei-me confortavelmente na cadeira que me era destinada. – Olá Catarina. Antes de mais sê bem-vinda.
-Muito obrigada. É um prazer. Sou uma grande fã.
-O prazer é todo meu. Disse bem o nome?
-Foi quase perfeito. Na verdade, é Gonçalves e não Gonçalvez.
-Peço desculpas, mas é realmente complicado.
-Não tem problema. Eu sei que não é fácil.
-Se não é fácil para mim pronunciar o teu nome imagino para ti, que tens de falar uma língua completamente diferente da tua.
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Henry White (Português)
RomansaEla é uma mulher decidida, de 23 anos, que largou o seu país por um sonho. Ele, com 25 anos, é incompreendido pela maioria. Ela continua a lutar todos os dias para conquistar o que tanto deseja. Ele desde da adolescência que já tem tudo o que sonho...