— provavelmente vamos ser parceiros até daqui dois anos, gosto de ter uma amizade com quem passa o tempo comigo — esperou minha resposta e eu não disse nada — que tal um jantar na sexta? — foi andando ate a mesa dele
— Ok, mas é melhor não. Até agora você tem alguma duvida? — estávamos conversando através da estante.
— Muitas, vem aqui.Fui até a mesa dele e comecei a explicar o que ele perguntava e era bem estranho pegar ele me olhando no reflexo da tela do computador. Não me olhando, na verdade, sei lá, quando eu olhava pra ele no reflexo, ele estava me olhando nos olhos também.
Depois de um milhão de perguntas, voltei pro meu lugar e continuei o que estava fazendo. Minutos ou horas depois ele me tirou a atenção do computador quando se sentou em minha mesa segurando uma maçã e jogando pro alto.
— Sabe, sinto que te devo desculpas...
— Pelo que? — prestei atenção nele
— Eu não deveria ter saído sem dar tchau pra você— Você se desculpou na boate, e tá tudo bem
— E nem deveria ter atrapalhado você e o seu namorado
— Não era meu namorado
— Não? — ele pareceu surpreso
— Somos amigos.— E devo desculpas por derrubar toda aquela papelada e não ter ajudado a catar.
— Nisso você deve desculpas mesmo! Eram documentos importantes
— É, desculpa mesmo... — desceu da mesa e me olhou
— Tudo bem... — ele deu um breve sorriso e voltou pra mesa dele ficando em silêncio.As horas pareciam não passar nunca, parece até que o tempo congelou. Veja bem, é só que trabalhar com dor de cabeça cansa... Eu precisava do fim de semana.
Graças a Deus as horas passaram e chegou o fim do expediente. Adivinha só quem iria pra casa? E quem não precisaria mais ver a cara do novo chefe por algumas horas (por mais linda que seja)?
— Sr. Gusttavo, já deu a minha hora, o senhor vai precisar de mais alguma coisa?
— Só que você aceite meu convite
— Convite?
— O jantar? Eu gosto de conhecer quem trabalha comigo — me olhou com carinha de pidão— Gosta? — falei em pensamentos
— Vou esperar pelo seu "sim". — sorriu
— Boa tarde — sorri. Eu ja ia saindo— Só mais uma coisa — olhei pra ele antes de fechar a porta — "senhor" não combina comigo, não sou o meu pai — sorri
— Ok, Gusttavo — sai e fui em direção ao elevador, direto pro meu carro.Jantar com o chefe gato é um erro. Definitivamente não.
Mas ele me pediu desculpas, porque eu complico tanto as coisas? E se eu estiver sendo injusta com ele? Posso até pensar sobre isso depois, mas agora só quero tomar um bom banho e relaxar. Desci do carro, entrei em casa e me sentei no sofá.
Tirei o salto e parecia que era a melhor coisa que eu poderia fazer numa segunda-feira.— Chegou, bonita? Como foi o trabalho? — Edi surgiu na sala e eu me deitei no sofá
— Normal... O que fez hoje? — o olhei
— E esse sorriso? — sentou pegando o meu pé e colocando em seu colo
— Que sorriso?
— Terminei de resolver meus problemas, amanhã tenho o dia livre. — ele mexia no meu pé
— Vamos sair pra fazer uma despedida?
— Não, a gente faz aqui mesmo.
— gostei da ideia.Fui pro meu quarto, tirei a roupa e fui pro banheiro. Estava um calor que ninguém aguentava. Tomei um banho longo na água fria e sai enrolada na toalha me deitando na cama. Parecia um ritual, toda vez que eu estava pensativa ou com raiva eu fazia isso. Era como se a toalha molhada esfriasse o meu corpo e os pensamentos.
— Afogou? — Edi bateu na porta
— Que foi? Entrei agora
— Faz mais de uma hora, quero companhia — abri a porta e comecei a pentear o cabelo — tá tudo bem?
— Tá sim, tudo nos conformes — o olhei— Não parece — deitou na minha cama
— Eu prefiro falar com o Gui, sem ressentimento
— Desculpa se eu não sou o suficiente — Edi colocou a mão no peito simulando estar perplexo.
— Não é isso... O Gusttavo agora é meu chefe
— Por que finge esse ranço por ele, se na verdade você gosta dele?** Acham que Mari terá um surto com o Edi? Oh mulher confusa
— Eu não gosto, nem disgosto. Mas e aí, como você tá? — tirei os cabelos da escova
— Tá bom.
— Eu vou sentir tanto a sua falta — o abracei
— Eu acho bom você me abraçar depois que vestir uma roupa.Peguei as peças de roupa que separei e fui pro banheiro, me vesti e sai.
— E aí, quando volta? — deitei ao lado dele na cama
— Nem sei, acho que você que vai ter que ir me ver — demos as mãos para laçar nossa cumplicidade
— Vou sentir saudades
— Eu também — beijou minha cabeça e ficamos um tempo em silêncio.Depois de um tempo o Gui chegou, ficamos os três sentados na cama vendo serie e comendo pipoca.
— Vamos fazer a noite de besteira?— Edi pegou o telefone para fazer uma ligação
— eu peço a pizza — peguei meu celular
— quero japonês — Guilherme solicitou
— eca. — liguei pra pizzaria e assim finalizamos a noite.Meu despertador tocou, levantei, acordei os meninos e arrumamos o que tinha pra arrumar.
Fui pro banheiro, tomei um banho, sai e vesti minhas roupas de sempre. Arrumei meu cabelo, fiz uma maquiagem e fui pra sala.
— Quer que eu te leve? — Gui se levantou do sofá
— Hoje não, não tenho horas pra sair de la
— Por quê?
— Fui promovida e junto com a promoção, mais trabalho... Estou sob os comandos do Gusttavo.— Ah, vai dar certo... Boa sorte com suas crises de beijo ou não beijo — ri em negação — vou nessa — deu um beijo na minha cabeça e saiu.
Terminei o que tinha pra fazer, peguei minhas coisas e me despedi do Edi na sala (foi quase uma choradeira, mas me contive. Ele iria embora hoje antes de eu chegar do trabalho).
Ao chegar no trabalho tomei um café e comi um sanduíche. Até peguei um café a mais, queria agradar o chefe já que ultimamente tenho sido bemmmm chatinha...
Fui pra minha sala porque hoje as coisas seriam bem corridas, pelo menos eu espero que seja, preciso terminar de transferir tudo do seu Alcino pro Gusttavo.
Entrei na sala e ele ainda não tinha chegado, me foquei no trabalho e só parei quando ele chegou, as 9h40.
— Oi — deu um sorriso bem fraco e se jogou no sofá colocando a mão no rosto.
— Problemas? — o analisei
— Todo dia um — fiquei por segundos pensando em o que falar, não esperava essa resposta— Quer desabafar? — eu sei ser caridosa
— Não — se levantou e foi até a parede de vidro com vista para fora do prédio — deixa pra lá, não quero encher você
— Tudo bem — voltei a olhar para o computador— Meu pai quer tudo do jeito dele, eu não entendo — virei minha cadeira pra ele e o olhei. Ele ainda estava olhando pro movimento lá embaixo. — Eu chego no horário e ele reclama que eu não peguei isso e aquilo, eu chego atrasado por pegar o que ele pede, ele reclama. Olha, não é fácil estar aqui! Ele sempre joga na cara o meu cargo, diz que eu só estou aqui pela minha mãe, que não sou o suficiente pra essa empresa — foi andando até a cadeira e se jogou nela, senti a raiva dele na hora que ele se sentou força.
— Sei como é...
— Você lembra quando disse que nunca me viu aqui? — ele continuou desabafando — Antes de tudo, quando a empresa ainda estava crescendo, eu estagiava aqui. Eu poderia estar jogando bola, seguindo outros sonhos, mas não, eu estava aqui ajudando na empresa! Eu perdi tanta coisa pra estar aqui com ele, dava tudo pela empresa, até meu pai pisar na bola... Aí foi o ápice e eu simplesmente sai... Ele fala disso até hoje, que não sou compromissado com as coisas — prestei mais atenção** Passando aqui para agradecer o envolvimento da leitora LgiaArajo4
com a história! Muito obrigada ❤️
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Não é um conto de fadas
FanfictionSinopse Marina, 24 anos, irmã do meio e filha de um marceneiro e uma diarista. Aos seus 18 anos foi embora de casa com seu irmão adotivo mais velho, Guilherme, sem dizer adeus. Os costumes patriarcais de sua família os incomodavam a ponto de não co...