Enfim voltei para o que eu estava fazendo, as pingas não caem do céu. Respondi alguns emails, fiz algumas ligações e firmei algumas parcerias, tudo com o aval do Gusttavo. Até que pra uma segunda feira com ressaca meu dia estava bem produtivo.
Deu a hora do almoço e eu tava com um frio na barriga, parecia que eu ia vomitar todas aquelas borboletas no meu estômago só de imaginar o que o Gusttavo ia me falar sobre a vergonha que passei ao ligar pra ele.
— Vamos mari? — Gusttavo se posicionou ao meu lado
— Vamos, deixa só eu fechar aqui — fechei o notebook. Eu estava procurando qualquer coisa pra fazer só pra atrasar um pouco— Não adianta fugir, vou jogar seu podres na mesa — riu
— Acho que vou desistir do almoço— Sem problemas, eu conto aqui mesmo
— Pra sua sorte eu tô com muita fome —saímos da sala
-então bora minha gata
— Sem gracinha, estamos no trabalho! — Sempre fui uma funcionaria exemplar, não quero que os outros fiquem falando de mim por ai.
— Arrumei uma mulher chatinha — eu ri desse comentário porque eu concordavaPegamos o elevador, ele já estava me torturando falando da ligação e eu não me contive, já estava rindo muito de tudo aquilo.
Saímos andando alguns metros até um restaurante que fica perto da empresa, onde a maioria dos funcionários almoçavam.
Quando entramos pude ver algumas pessoas nos olhando e falando baixinho, como se eu não soubesse do que eles estavam falando. Estavam tentando adivinhar que tipo de relação que eu e o Gusttavo tinhamos.
Pegamos uma mesa próxima a porta e fizemos nossos pedidos, enquanto esperávamos o nosso prato pedi uma água de coco, eu ainda estava de ressaca.
— Vai, quem mandou beber, tá pensando que cachaça é água
— Ainda bem que não sou eu que fala enquanto dorme
— Quem fez isso? — me olhou desconfiado
— Preciso falar?
— Com certeza não era eu, você acha que eu não vi você olhando meu corpo esculpido pelos anjos enquanto eu dormia, né?— Não sei do que você tá falando — neguei ainda rindo
— Não se aproveitou dele porque não quis.— Não sou dessas, quero você muito bem acordado para o que vamos fazer
— Não fala assim que você me deixa louco.Nossos pratos chegaram e como eu estava faminta ataquei logo o meu. A comida estava adorável e o papo também, comemos e rimos bastante e pude perceber o quanto o Gusttavo me fazia bem. Aquela imagem que tinha dele no começo sumiu totalmente, se não desse certo de ficarmos juntos, com certeza faríamos uma bela amizade.
Terminamos o almoço e pedimos a conta, ele pagou a conta mesmo depois de eu insistir, mas ele nunca aceita.
Nos levantamos e fomos em direção a empresa conversando, fui segurando pelo braço dele, meu salto não foi feito pra essa calçada.
— Mari, você é muito gente boa, você muda meu dia. As vezes chego aqui super estressado e você com sua voz calma e firme ao memo tempo muda meu astral
— Nossa, muito obrigada, esperava você falar qualquer coisa, menos isso.— Assim você enfraquece a amizade, eu tô aqui abrindo meu coração e olha que nem bebi, coisa que certas pessoas só fazem quando bebe e você diz que não esperava por isso, assim você me magoa
— Não sabia que você é sentimental, Gusttavo. Mas é sério, não esperava que você iria falar isso agora
— Aproveita que não é todo dia não —subimos pra sala e continuamos conversando mais um pouco sobre varias coisas, aproveitando ainda o restante da hora do almoço que tínhamos.Depois de duas horinhas conversando e rindo muito, voltamos ao trabalho e eu me sentia com o corpo e a mente mais leve.
— Mari, vou ali na sala do meu pai conversar com ele e já volto.
— Ok — estava dando tudo tão certo no meu dia que estava até com medo do que viria depois, eu sou muito supersticiosa e tenho essas manias.Fui distanciada dos meus pensamentos com o telefone tocando.
~chamada on
Secretária: mari, tem uma moça aqui querendo falar com o seu Gusttavo
— Quem é?
Secretária: ela disse que é uma amiga dele
— Manda ela entrar
Secretária: ok
~chamada offO que uma "amiga" do Gusttavo queria procurando ele no horário de trabalho? Ela entrou e era aquela maldita loira que vi saindo daqui naquele dia que o Gusttavo derrubou a minha papelada.
— Boa tarde, posso ajudar? — fui educada
— Boa tarde, e não, é só com o seu chefe!Desgraçada, falava em tom de deboche, ela era deboche em pessoa!
Onde caralhos que o Gusttavo estava também? Esperei alguns minutos e nada dele chegar, e é porque falou que já voltava...Era melhor ligar pro seu Alcino antes que essa mulher tentasse aumentar o tom comigo.
~chamada on~
— Alô, seu alcino? Desculpa ligar assim, mas o Gusttavo se encontra?
Alcino: oi mari, está sim vou passar pra ele
Gu: oi mari, algum problema?
— Na verdade sim, vem aqui na sala
Gu: já tô indo
~chamada offEu já estava muito puta, poxa, será que o Gusttavo ainda não tinha resolvido nada com essa mulher? Ela parecia apreensiva, mas segura de si ao mesmo tempo.
— Oi mari, vim o mais rápido qu... — e se instalou um silêncio na sala — o que você tá fazendo aqui Bruna?
— Precisamos conversar — Bruna se levantou rápido— Gusttavo vou deixar vocês sozinhos — eu quis me retirar
— Melhor porque o que tenho que falar pra você é particular. — Bruna concordou— A mari fica, não tenho nada pra esconder aqui e ela tá trabalhando, você que veio numa hora inapropriada. — Gusttavo bateu o pé firme, modo de falar porque ele não bateu o pé literalmente
VOCÊ ESTÁ LENDO
Não é um conto de fadas
FanfictionSinopse Marina, 24 anos, irmã do meio e filha de um marceneiro e uma diarista. Aos seus 18 anos foi embora de casa com seu irmão adotivo mais velho, Guilherme, sem dizer adeus. Os costumes patriarcais de sua família os incomodavam a ponto de não co...