Capítulo 17

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— Vamos — passou a mão na minha cintura assim que pegou a chave do carro de volta. Entramos no restaurantes e eu já estava apaixonada com a recepção.

— Posso tirar uma fotografia do casal? — a recepcionista colocava a máquina de fotografar no rosto
— É...
— Claro — Gusttavo respondeu e eucontinuei do jeito que eu estava, apenas sorri, já ele aconchegou melhor a mão dele em minha cintura e então veio o flash.

— Mando no seu e-mail, é só deixar com a atendente —a recepcionista sorriu — vocês possuem reserva?
— Sim — Gusttavo tomou a frente e deu o seu nome completo
— Por aqui —  acompanhamos a recepcionista e um garçom no salão adentro.

Sentamos em nossa mesa que ficava no canto restaurante e nos encaramos por alguns segundos.
— O que achou? — me olhou ansioso
— Incrível, sério
— Que bom que gostou! Gosta de vinho?
— Amo! E você?
— Então vou pedir um vinho pra gente. Eu gosto de tudo, o que me der, eu tomo.

— Você tem cara de cachaceiro nas horas vagas mesmo — disse minha percepção e ele riu chamoando o garçom. Pediu o vinho e uma espécie de queijo com nome francês.

— E você faz o que nas horas vagas? — me olhou esperando a resposta
— Vou pra balada, viajo, faço alguma "social" no meu ap, vou pra casa das amigas, por aí vai.

— Vai pra balada e faz social e tem uma cara de só viver de academia
— As vezes faço exercícios, mas não gosto nem um pouco. Você tem cara de ter uma academia em casa

— Não é assim
— Então como é? — esperei pela resposta
— A casa não é minha, é dos meus pais, só estou lá por falta de opção
— Opção?
— É... Não acho uma casa melhor com companhia melhor — deu um sorrisinho e nosso pedido chegou. O lugar era tão chique que até o barulho da rolha saindo da boca da garrafa era um som diferente.

Sempre rola aquele constrangimento de continuar a conversa enquanto o garçom está servindo, né? Mas eu me preocupava tanto em disfarçar que isso não era um encontro que perguntei o que veio primeiro na cabeça...

— Então você entende de queijos? — que diabos de pergunta foi essa?
— Na verdade, eu só entendo de bebidas — riu — mas prova o queijo e depois o vinho, é uma combinação que meu pai me ensinou... — provei é realmente era bom, nunca tinha testado.

— Seu Alcino manda bem! E o que você tem pra ensinar? — que diabos de perguntas eram essas? Desculpa, estou nervosa
— Em muitas coisas que não devem ser ditas em um restaurante — eu abri a boca rindo da cara de pau dele — o que foi?
— O que foi?? — ele também riu

— mas é sério, o que você faz? No que você é bom? — perguntei novamente afim de obter uma resposta seria
— Eu gosto de tocar
— O que? — segurei o riso, estava com medo do que ele falaria

— Bateria, violão, guitarra, viola, sanfona, baixo, piano, as vezes canto também
— Nossa, sério? — eu estava surpresa
— Sério
— Canta o que?
— De tudo um pouco, mas o que gosto mais é sertanejo
— Queria ouvir algum dia
— Canto depois pra você.... Mas tem um problema
— Qual?
— Só sei cantar no ouvidinho — o frio na barriga foi involuntário
— Quando você vai cantar nas sociais com seus amigos também canta no ouvidinho deles? — me aproximei pra provocar mesmo

— Já que você não cai nas minhas cantadas, vamos pedir que me deu uma fome...
— O que você sugere?
— Coq au vin. Já ouviu falar?
— Francês? — confesso que não conhecia nada que não seja minha língua

— Vou pedir pra você provar, já que gosta de vinho
— Pede, só pelo nome parece ser bom — ele chamou o garçom, fez o pedido e só quando o garçom perguntou "estão apreciando a música ambiente?" Que eu pude perceber que realmente tinha alguém tocando no restaurante, nem tinha notado. Mas o que eles tinham na cabeça de colocar alguém tocando e cantando quando se tem um homem bem bonito, com cabelo espetado, com a barba perfeitinha, cada fio no seu devido lugar e uma boca carnuda?!

Continuamos conversando enquanto preparavam nosso pedido e eu prestava atenção em cada palavra dele. Ele me atraía muito e o papo dele era muito bom!

Logo chegou nossos pedidos e comíamos enquanto conversávamos, mas dessa vez com bebidas diferentes, essa ele fez questão de pedir mas eu não entendi o nome, mas era muito boa. Primeiramente gelava a língua e descia pela garganta esquentando, mas combinava perfeitamente com a comida, o que me fez pensar e perguntar na cara de pau...

— Você já trouxe muitas mulheres pra cá?
— Duas, três com você, por quê?
— Suspeitei...

— A minha mãe e a minha sobrinha gostam daqui, sempre que vamos comemorar algo, trago elas pra cá — uau, ele me surpreendeu nessa
— Ah, que legal, você tem sobrinha

— Tenho duas, uma da minha irmã e outra do meu irmão. Mas prefiro falar de você.
— Eu tenho o Gui e outros dois irmãos, são mais novos que eu e mora com meus pais
— Você não tinha falado do seu pai
— Nós temos desentendimentos
— Que pena, não é a princesa do papai
— Não começa a me deixar tímida — ri

Conversamos por horas que pareciam ser minutos. A noite estava sendo maravilhosa, principalmente pela sobremesa que ele pediu. Não cabia mais nada em mim, mas tive que roubar uma colher da dele, e ainda fui chamada de "ousada"...

Mas de verdade, tudo o que eu pensava sobre ele mudou da água pro vinho. No fundo ele era uma boa pessoa, carinhoso e sim... Ro-man-ti-co.

Assim que ele acabou a sobremesa, conversamos mais um pouco e decidimos voltar pra casa, já estava tarde, eram 23:34.

Ele pagou a conta e não me deu nem a opção de ter acesso aos valores. Voltamos pro carro e partimos pra casa.

— Quer que eu te deixe lá em cima?
— Não precisa, obrigada pela noite, foi maravilhosa — eu queria levar ele pra cima e conhecer seu corpo, mas acho que gostaria de coisas mais sérias na minha vida, melhor não dar esse passo ainda.

— Espero fazer isso mais vezes — abri a porta e descemos do carro — e espero ser chamado pra subir também — ri da ideia e ele pegou na minha mão ao mesmo tempo se encostando no carro — tô brincando. Mas falando sério, foi bom te conhecer melhor

— Também gostei — dei um beijo um pouco demorado em sua bochecha — boa noite e obrigada mais uma vez — fui andando em direção ao prédio e quando virei pra fechar a porta da recepção, lá estava ele ainda parado, coçando a cabeca, parecia estar meio pensativo ou confuso. Eu estava do mesmo jeito, então não saberia o que fazer também.

Não é um conto de fadasOnde histórias criam vida. Descubra agora