Não é um conto de fadas

Capítulo 23

— Aconteceu alguma coisa?
Mari: quem te deu o direito de ser gostoso assim?
— Do que cê tá falando?
Mari: você tem um corpo esculpido pelos anjos
— Você também! Eu acho... Você nunca me deixou ver
Mari: eu acho que você poderia me beijar
— Onde você tá? Você tá bem?
Mari: eu to oooootima!
— Bebeu?
Mari: só um pouco! Eu acho que vou vomitar
— Quer que eu te busque?
Mari: não, só se for pra gente entrar nessa piscina e... "TÁ FALANDO COM QUEM?" —outra pessoa falou em um tom mais alto
~chamada off

Eu deveria me preocupar? Os amigos dela estavam lá e o Gui também... Acho que vou entrar no perfil da Rafa Kalimann e pegar o contato pra ligar pro Guilherme. Eu nem sei onde essa mulher está, ou se está bem, e ainda esta bebada...

Consegui o número do Gui e liguei pra ele, ela estava bem e que foram só umas bebidas a mais mas era uma festa de família. Então, sem perigos, isso me deixava mais tranquilo... Por que que eu estou me preocupando mesmo? Na verdade, a pergunta é: por que estou fingindo que não quero nada com ela se eu quero? É só que, eu nunca tinha sentido isso por alguém...

~narração Mari

Chegamos em casa às 20:50, fui direto pro banho e nunca vomitei tanto na vida. Na verdade, já sim, mas não nessa minha nova fase. Terminei meu banho, vesti um pijama e fui pra cozinha.

— Come isso — Gui colocou o prato na minha frente
— To enjoada
— É só arroz e feijão, anda logo, cê precisa melhorar
— Eu to melhor, mais ou menos
— Gusttavo me ligou todo preocupado com você
— É sério? Por quê? Oxe

— Parece que você ligou pra ele
— Ah não, puta que pariu, que que eu falei? — coloquei a mão na testa tentando raciocinar

— Isso aí você vai ter que perguntar pra ele!
— Nossa, que merda... E o que é esse curativo na minha perna? — eu não perguntaria nada se o curativo não fosse tão grande
— Você foi pular na piscina de criança e bateu a perna na quina

— Nossa — ru — apesar de eu não lembrar, deve ter sido divertido — estávamos relembrando a noite enquanto eu comia e olhava as fotos no meu celular. Eu definitivamente não lembrava de nenhuma foto.

Depois disso só fui pro quarto e dormi, estava muito cansada.

Acordei no dia seguinte com bastante tempo. Tomei um banho, vesti meu uniforme, arrumei meu cabelo e fiz uma make.

Tomei café na cozinha com um remédio pra ressaca, peguei minhas chaves, a bolsa e fui direto pro trabalho.

Chegando lá fui direto pra sala, tomei alguns copos de água antes de me sentar e começar. Estava morrendo de medo do que tinha falado pro Gusttavo e a água me relaxava mais.

— Bom dia, meu bem
— Bom dia — sorri e joguei o copo descartável no lixo, em seguida me sentei na minha mesa
— Você já viu como eu to gostoso hoje?
— Que isso Gusttavo?

— Gostoso, lindo e esculpido pelos anjos —colocou a mão na cintura olhando pra si mesmo
— Fala sério
— Fala sério você, não se lembra que falou isso pra mim ontem?

— Mentira
— Falou!
— Nossa, puta merda...
— Eu adorei seu lado mais quente, acho até que você deveria me mostrar mais vezes!
— Foi sem querer, foi a bebida
— Tão quente que até queria me mostrar na piscina — Gusttavo segurou o riso
— An?

— Deixa pra lá -riu e me deu um beijo rápido — tá melhor?
— Estou, só de ressaca
— Acontece com as melhores pessoas —ele sentou na mesa dele — vem cá, fica aqui pertinho de mim, quero te contar o que você falou ontem
— Eu preciso trabalhar, no horário do almoço a gente fala sobre isso
— Então vamos almoçar juntos?
— Pode ser?
— Eu vejo um lugar pra gente — tirei o olhar dele e voltei a olhar minha tela de computador, se não fosse o trabalho, juro que já estava lá ouvindo tudo.

Voltei ao trabalho e eu não tirava da cabeça todo o vexame que passei, como eu pude ter feito tudo isso? Ligar pro Gusttavo bêbada e ainda dizer essas besteiras? Definitivamente não posso ficar com celular perto de mim quando estiver bebendo.

Eu mal conseguia olhar pra cara dele de tanta vergonha que eu estava sentindo e dava pra perceber que ele olhava pra mim de canto de olho com um sorrisinho de deboche.