Capítulo 19

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Comecei a pensar por que exatamente fui falar com ele? Ele nem tinha me visto mesmo, e se ele estivesse esperando uma ficante? Fui ousada demais — ri lembrando dele me chamando de "ousada" na noite passada.

Voltei pra mesa e não falei nada, mas não demorou muito pro Gui perceber que eu estava calada.

— O que foi Mari? Ele te tratou mal?
— Não, ele não faria isso. Só fiquei com vergonha — respondi sorrindo
— Levando em consideração que você o achava arrogante — rebateu

— Ai Gui, você sabe como eu sou — mexia nos papéis que colocamos na mês
— Disfarça! Olha quem tá vindo — Guilherme me deu um toque, eu preferi nem olhar, já sabia que era o Gusttavo e se eu quebrasse o pescoço pra olhar, ele iria saber que falamos dele

— Bom dia, tudo bem Guilherme, Rafa?
— Bom dia — Gui respondeu
— oi — em seguida a Rafa respondeu sorrindo
— Posso roubar essa moça aqui rapidinho? — Gusttavo pegou no meu ombro
— Claro — Guilherme autorizou e eu me levantei da mesa e o acompanhei até um canto.

— Reparei que você tá meio tensa, não sei, diferente, eu fiz alguma coisa? — Gusttavo cruzou os braços me olhando

— Não, claro que não, por quê?
— Você saiu meio sem jeito
— Foi impressão sua — menti

— Queria te chamar pra sair outra vez, gostei muito de conversar com você, de te conhecer melhor
— Eu posso até aceitar, mas com uma condição
— Todas que você quiser
— Gostaria muito de te ver tocando algum desses inúmeros instrumentos que você citou ontem

— Uau... Confesso que me pegou de surpresa, não devia ter te contado isso — deu uma risadinha tímida
— Não quis ser inconveniente
— De maneira nenhuma, só que não sei se vou corresponder às expectativas, não espere muita coisa
— Para um cara que sabe tocar, sei lá, 6 instrumentos? Está sendo modesto

— Posso ver um lugar pra gente ir? — insistiu sem precisar
— Pode — arregalou um pouco os olhos pra demonstrar surpresa — o que?

— Pra te levar pra sair uma vez precisei te convencer por 4 dias
— Quando a companhia é boa, um sim às vezes vem fácil — sorri meio "sapeca" — vou precisar ir, depois nos falamos
— Tudo bem — ainda estava meio sem palavras — a gente se fala — nos cumprimentamos super amiguinhos e sai deixando-o lá e fui até a Rafa e o Gui que já estavam andando em passos lentos para fora do aeroporto.

— Me conta — Rafa estava curiosa
— Ele quer sair comigo de novo
— Quando? — Gui perguntou alegre
— Ainda vamos marcar
— Desencalha logo, sério, não tá dando você segurar vela pra mim sempre — Guilherme é um sonso se pensa que eu gostava de segurar vela pra ele
— Você sabe que ultimamente não ando tendo sorte com os homens, e nem sei se o Gusttavo quer algo sério comigo mesmo.
— Fala sério né Mari, se depois de jantar, ligações e mensagens durante a madrugada não significarem nada, eu desisto de entender as mulheres — Guilherme finalizou
— não é só assim Gui, homens são complicados — Rafa ficou do meu lado

— Estou dando tempo ao tempo, tudo vai se resolver, se for pra ser, será. E dirige porque eu estou com sono, ninguém merece acordar 7h de em um sábado.

Entramos no carro e eu fui o caminho inteiro de olhos fechados, pensando em tudo o que o Gui tinha falado... Será que o Gusttavo estava mesmo afim de mim? Eu realmente não sei, mas eu já não conseguia mais tirá-lo da minha cabeça. Quer saber? Eu vou ligar para ele assim que chegarmos em casa. Não, não, não vou, não quero que ele pense que eu estou correndo atrás e nem que estou afim! Oh meu Deus, me dá uma luz, eu ligo? Não ligo...
Meus pensamentos foram atrapalhados com a freada brusca do carro.

— Guilherme, quer matar a gente? — eu estava assustada
— Desculpa, um carro me fechou
— Que susto — arada recuperava o fôlego
— Vocês estão bem? — Gui tentava nós olhar, mas prestando bastante atenção na pista
— Sim — respondemos juntas.

Não era bem essa luz que eu queria, mas serviu pra me fazer repensar.
Chegamos em casa, me joguei no sofá e o Gui e a rafa foram pro escritório trabalhar. Fui pegar meu celular para ligar pro Gusttavo e fui surpreendida com  meu celular vibrando.

~chamada on
— Alô?
Gu: oi mari, quero te fazer um convite
— Outro?
Gu: na verdade eu só quis antecipar o convite que te fiz mais cedo
— Sim, claro
Gu: estou te falando agora pra você não ter desculpa pra não ir. Hoje vai ter uma social na casa de um amigo meu e lá eu vou tocar uma viola, você não queria conhecer esse meu lado?...
— Ainda quero! E sim, adoraria ir
Gu: confesso que estou um pouco nervoso com isso, eu nunca me apresentei pra ninguém
— Tenho certeza que vai me surpreender
Gu: espero que sim. Te pego as 18h tá?
— Vou estar te esperando
Gu: beijo
~chamada off

Fui pro quarto e comecei a revirar o guarda roupas e tinha outro "porém", como eu deveria ir vestida, Gusttavo? Ele é rico, eu não sou, devo ir vestida para uma chácara?

Separei minha roupa num canto e fui cochilar, não tinha dormido o suficiente e não sabia que horas chegaria hoje a noite.
Acordei eram 14h e estava mais ansiosa que a noite passada, parece que já tínhamos dado um passo e agora seria o próximo.

Levantei e fui pra cozinha, o Gui tinha feito um almoço maravilhoso, eu amava esse homem na minha casa mostrando todos os dotes culinários dele.

— E aí, minha comida tá boa? — os dois entraram na cozinha
— Super, ainda bem que não sei o gosto da comida do Gui — respondi e rimos
— Que bom que está bom, porque na janta não vai ter nada de novidade — disse Guilherme
— Que bom que não vou jantar aqui
—vai pra onde? — Rafa perguntou mas já sabendo a resposta

— O Gusttavo me chamou pra uma social
— Quero saber de tudo amanhã! Vou pro meu ap — Rafa pegou suas coisas de cima do balcão
— Me arruma a chave do carro pra pegar a mala da rafa — Guilherme me olhou
— Você quem guardou —respondi entre uma garfada e outra E ele saiu da cozinha.

~3h depois

Não é um conto de fadasOnde histórias criam vida. Descubra agora