Capítulo 13

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** não revisado

— A minha vida também não foi fácil. Eu cresci com o Guilherme e mais um irmão. Ele sempre foi melhor que o Gui e eu no colégio, no trabalho, na vida... E isso era demais para os meus pais: ter dois filhos medianos e um tão competente. Vendo de fora, não parece tão ruim, mas pra gente era... Fora os regimes patriarcais. Chegou um momento em que todo dia era briga em casa, então só esperamos os 18 anos e um pouco de dinheiro reservado para a gente se mudar pra bem longe de lá. Mas sabe, eu me arrependo... Não de tudo, mas eu queria ser mais próxima dela hoje em dia. E se possível, ensinar que o que ela fazia era destrutivo.
— Poxa... — ele ia complementar, mas eu o interrompi

— O conselho que eu te dou: não joga tudo pro alto, orgulhe o seu pai e tenta compreender o lado dele ou então tenta conversar com ele. É tão ruim não ter a intimidade de sempre com seus pais... — eu já estava bem pra baixo, a tristeza era o ar da sala.

Ele se levantou e abriu os braços e eu senti como se ele fosse alguém bem próximo, alguém que só queria o meu bem e sentir o bem.

O abracei e ele encaixou a cabeça no encaixe do meu pescoço e ombro. Eu não perdi a oportunidade, o abracei e acariciei seus cabelos.

— Obrigado pelo conselho... Juro que vou seguir — me deu um beijo na cabeça, nos afastamos e eu estava um pouco envergonhada.
— Eu queria ter feito tudo de novo... Então siga mesmo —peguei o café que tinha comprado pra ele — olha só, comprei pra você, mas já esta frio — joguei no lixo
— Obrigado — fui até a minha mesa, peguei uma pasta e ia saindo da sala — vai aonde?

— Imprimir algumas coisas. — sai fechando a porta a "abrindo" os pensamentos... O que tinha acontecido ali???? Estamos virando amigos???? Agora eu sou uma boa moça conselheira?

Só trocamos figurinha, Marina... Mas ele é tão gato... — balancei a cabeça tentando afastar os pensamentos enquanto imprimia a papelada.
— mari, saudades — a voz de Jana tomou de conta da sala e eu me assustei

— Jana, tudo bem? — a cumprimentei
— Estou bem, um pouco atarefada mas empresa é assim mesmo, né... Posso saber onde anda esses pensamentos?
— Besteira minha. Coisas do trabalho, vida pessoal, junta tudo, sabe? Mas está tudo nos conformes. — sorri

—  Se estiver precisando de alguma coisa, já sabe né? — ela foi se distanciando
— Sei, obrigada! — sorri, ela sorriu de volta e saiu.

Confesso que me assustei com a Jana me chamando, estava justamente tentando entender porque eu não tiro o Gusttavo da cabeça. Sinceramente eu já não sei o que fazer, não entendo porque ele ocupa boa parte dos meus pensamentos... A impressora já estava apitando, recolhi a papelada e voltei para minha sala.

Retornei à sala tomando um café e fui ao banheiro rapidinho. Na saída do banheiro, voltando pra sala encontro novamente o Gusttavo.

— Tá matando serviço Mari? Devo me preocupar? — com um tom meio debochado, cruzou os braços.
— Nem tenho cara de quem faz isso. Só fui acalmar meus devaneios

—  Que bom, não quero nenhum funcionário da empresa se queixando por ai que não damos condições de trabalho. Sempre que precisar esfriar a cabeça, pode sair. Desde que se comprometa a entregar os relatórios todos em dia, por mim tudo bem.

Fala sério, tá brincando, né? Tivemos uma conversa incrível a 20min atrás que não fizeram diferença nenhuma? Aquela barreira de chefe e profissional que estava caindo, foi novamente construída?

— Muito obrigada, Gusttavo, nem sei como te agradecer — sorri com meu tom irônico
— Mas se quiser esfriar a cabeça de verdade é só aceitar meu convite de sair para jantar — apertou meu queixo com seu polegar e seu longo indicador e saiu da sala...

Bipolar? Não sei nem mais o que eu sinto por esse moço. Tomei um copo d'água e voltei para sala, ele já estava lá com a cara no computador.

— Tenho uma papelada pra você carimbar e assinar — peguei todas as folhas impressas na minha mesa e coloquei na mesa dele — sabe o que fazer né?
— Sei, só não tem nenhum carimbo por aqui — ele procurou na gaveta
— Deve ser porque você não pegou no almoxarifado.

Ele levantou saindo da sala e eu sentei na cadeira, precisava me concentrar, o que foi bem fácil agora. Passei a tarde respondendo e-mails e ele carimbando e assinando papelada e graças ao bom Deus, eu venci mais um dia. Arrumei minhas coisas e fui direto pra casa. Hoje ainda era quarta feira...

Cheguei em casa e finalmente mais um dia se passou. Reparei que minha vida anda muito monótona, só estou vivendo pro trabalho praticamente, não ando me divertindo como costumava fazer.

Entrei pro banho e fiquei debaixo do chuveiro uns 10 minutos sem fazer nada, tentando colocar todos os pingos nos is.

Depois de um longo banho, sai do banheiro, vesti meu pijama e fui pra cozinha. Esquentei uma lasanha e peguei um suco de maracujá.

Não ando me alimentando muito bem também, preciso fazer uma dieta imediatamente, não sei nem por onde anda a minha saúde e muito menos o meu peso. Terminei de comer e fui dar continuidade nas minhas séries preferidas.

O tempo foi passando e terminei a temporada, aproveitei o sono para fazer minhas higienes e enfim dormir. O Gui estava demorando demais e eu sou o tipo de pessoa que não gosta de ficar sozinha por muito tempo, ainda mais nesse apartamento grande.

~chamada on
Gui: mari, desculpa não ter te ligado antes, vou demorar um pouquinho pra chegar em casa.
— Ah não gui, você sabe o quanto eu odeio ficar só, só chega logo, tá? Já vou dormir
Gui: desculpa, neguinha
— Boa noite
~chamada off~

Estava me aconchegando pra dormir quando o celular vibra, certeza que era alguns dos grupos do WhatsApp que esqueci de silenciar, ultimamente nem paciência pra Whatsapp eu tenho mais.

~wpp on
Gu: Mari?
Gu: desculpa te incomodar a essa hora, mas preferir mandar uma mensagem do que te ligar, queria saber onde está o documento
Gu: os que te entreguei hoje antes de ir embora
Gu: preciso entregar amanhã pro meu pai, eu acabei esquecendo de te perguntar sobre ele, desculpa te incomodar.
Mari: oi Gusttavo, o documento está na primeira gaveta da minha mesa, mas posso te mandar uma cópia por email se preferir.
Gu: me mande por email mari, nem sei como te agradecer... Meu pai precisa assinar ele hoje pra darmos início a uma nova parceria.
Mari: sei
Mari: mas você poderia ter me pedido antes, já teríamos resolvido isso.
Gu:   só lembrei agora
Mari: era só isso? Te envio em 5min
Gu: na verdade não...

** O que o chefe quer numa hora dessa?

Não é um conto de fadasOnde histórias criam vida. Descubra agora