— Você não sabe o quanto isso me motiva! — ele colocou o CD e começou a tocar uma música mais animada e eu me empolguei. Era muito boa de dançar, então comecei a mexer os braços e os cabelos. De propósito mesmo, queria ver ele sorrindo, nem que pra isso eu precisasse dançar ridiculamente.
— É tão bom ver você assim mais solta —ele ria da minha cara. Olhei pra ele e sorri de volta — a Bruna não gostava, falava que esse cara não tinha tanto talento.
Parei na hora e o olhei, como assim ela não gostava das musicas dele????
— Na verdade, ela nem sabia quem cantava e depois da crítica não fiz nem questão de contar. — ele completou e eu resolvi responder, já estava parecendo um monólogo
— Sabe o que eu acho? Que você tem dedo podre! Aquela mulher além de estranha, ela é mesquinha, ridícula, nariz empinado e nem sei porque ela tem essa moral toda se não é tão bonita — peço perdão ao feminismo — sei que beleza não se poe na mesa, mas você merecia alguém melhor!— não é atoa que estou com você, eu subi o nível! E vocês duas são totalmente diferentes, ela eu não gostava e você....— ele estacionou no estacionamento da empresa — às vezes penso que estou apaixonado.
Essa foi emocionante! Sorri de leve.
— aí você sorri e eu descubro que realmente estou! — ele continuou — Fora que ela só esta interessada no meu dinheiro. Vamos? — saiu do carro.
Como assim? Ele não esperou nem eu ter uma reação... Sai do carro e fomos andando em direção a empresa.
— espera, apressada — Gusttavo segurou no meu braço
— você quer que alguém nos veja? Eu morreria de vergonha, não quero ser comentada na empresa toda por estar em algum tipo de relacionamento com meu chefe
— eu não estou nem aí — puxou meu queixo e me deu um beijo rápido— Gu, é sério! Tenho medo do seu pai descobrir
— ok, se você quer algo mais escondido, podemos tentar! Ele não vai descobrir
— obrigadaEntramos no elevador da empresa ainda conversando, mas logo entrou uma pessoa que nos fez calar: o seu Alcino que ficou entre nós dois.
— bom dia, Mari, bom dia, Gusttavo
— bom dia — Gusttavo respondeu sério
— bom dia, senhor Alcino
— como estão as coisas com o Gusttavo? — seu alcino me olhou e eu me assustei, mas logo me toquei que era sobre o trabalho— tá tranquilo, ele me ajuda muito, até alivia meu lado quando tem muita coisa
— eu to aqui pai — Gusttavo entrou na conversa
— e esta horário, nunca pensei — o elevador se abriu e seu alcino saiu
— e ainda perguntam porque não quero ficar aqui — aquele sorriso que o Gusttavo tinha já estava desfeito e tudo que eu queria é chegar na sala pra abraçá-lo, aqui era impossível...Logo o elevador se abriu e saímos em direção ao escritório.
— Você tá chateado, né? —entrei na sala e ele fechou a porta
— To cansado disso tudo — sentou no sofá e eu sentei do lado dele
— ele é orgulhoso, no fundo ele queria ter te parabenizado
— não ia servir de nada — passei meus braços por volta do seu pescoço e beijei sua bochecha como uma demonstração de carinho e de "to aqui".Ele virou o rosto e me deu um beijo inesperado, que não sei exatamente quanto tempo durou, mas fiquei sem ar como se tivesse durado uns 3min.
Ele sempre é quente, mesmo triste.
Gusttavo passou o dia inteiro calado e agora eu entendi o que ele queria dizer, quando ele estava feliz, chegava alguém e estragava totalmente o seu dia. Assim como a gravidez inesperada da Bruna e agora o seu Alcino. Eu ficava mal por não saber como ajudá-lo.
O dia passou correndo, nem tive vontade de almoçar e muito menos ele!
Acabei 1h antes do horário normal que eu saia e arrumei tudo pra ir embora.
— eu vou pra a casa, você vaí ficar bem? — o olhei
— desculpa não poder te levar pra casa, meu pai quer falar comigo — levantou e coçou a cabeça meio preocupado
— pra te elogiar, tenho certeza! Quando você entrou aqui eu pensei que você nem viria pra empresa, que seria o mais grosso de todos. E olha só, você chega mais cedo que os funcionários— Obrigado pela força — sorri
— tchau, até amanhã — peguei minha bolsa
— onde cê pensa que vai sem me dar um beijo? — me deu uma juntada que se eu não estiver enganada, foi uma das melhores pegadas que ele já me deu (depois do sexo, claro!). E me beijou, me deixando descabelada... — não esquece de se arrumar antes de sair. Vou no meu pai — deu um beijo no meu pescoço e me deixou ali completamente desconcertada.Arrumei meu cabelo, peguei minhas coisas e fui pra casa de ônibus, pegar busao uma vez na vida não mata ninguém.
Finalmente cheguei em casa e pela primeira vez na vida, Guilherme estava lá.
Conseguimos colocar os papos em dia, até da Bruna que esta grávida e ele ficou bem chocado e já deu a sua previsão: "não é dele"... O Gusttavo não é nenhum santo, então ainda não descartei a possibilidade do filho ser dele.
Depois disso, assistimos um filme e eu fui pro meu banho, estava entardecendo e eu já estava morta de sono. Quando finalmente deitei pra ficar nas redes sociais, o Gusttavo me chamou no wpp.
~wpp on
Gu: meu bem, não precisa ir trabalhar amanhã
Gu: vou viajar e não sei quando volto
— como assim???
Gu: meu pai é louco! Ele me encheu de compromissos na empresa que fica em Goiânia e eu tenho que ir pra lá, não sei quando eu volto...
Gu: você só vai precisar trabalhar quando eu voltar
— você acha que vai ficar muito tempo?
Gu: eu não sei... Eu ia passar aí pra me despedir, mas ele comprou as passagens pras 21h30
Gu: não dá pra você vir aqui né?
Gu: eu te dou notícias
Gu: vou morrer de saudade
— daqui 40min chego aí
~wpp off
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Não é um conto de fadas
Fiksi PenggemarSinopse Marina, 24 anos, irmã do meio e filha de um marceneiro e uma diarista. Aos seus 18 anos foi embora de casa com seu irmão adotivo mais velho, Guilherme, sem dizer adeus. Os costumes patriarcais de sua família os incomodavam a ponto de não co...