𝐑𝐄𝐍𝐄𝐆𝐀𝐃𝐀 ᵉᵐ ʳᵉᵛⁱˢᵃ̃ᵒ

capítulo extra 0.5 - Jogando Baixo

          — Itachi Uchiha... — a voz grossa de Madara Uchiha, se faz presente atrás de mim, automaticamente, paro meu treinamento, viro encarando o homem mascarado e Pain.

— O que fazem aqui? — pergunto ríspido, vestindo o manto preto com nuvens vermelhas.

Eu nunca simpatizei com Madara, para ser sincero, grande parte dos Uchihas que conheci — e que já estão mortos — são/eram iguais a Madara, com este ar de superioridade, mas na verdade, não passam de malditos ambiciosos capazes de tudo para ter mais poder. Toda esta ambição e cede de poder foi a principal ruína do Clã Uchiha, não há uma noite que não pense no que fiz e me questione se foi correto colocar a segurança de Konoha e Sasuke acima de tantas vidas, inclusive as dos meus pais e familiares.

— Viemos parabenizá-lo... — Pain fala imparcial, franzo o cenho, pouco confuso. — Você está fazendo um ótimo trabalho com a Hyuuga, ela evoluiu muito desde que se tornou sensei dela.

É então que sinto um calafrio de puro pavor percorrer todo meu corpo, mas tento me manter indiferente. Imagino, perfeitamente, o que será dito aqui e sei também que o assunto não me agradará.

Hinata finalmente será colocada na jogada, Pain e Madara esperaram dois anos por isso. Desde o início soube do plano, mas por que agora não tenho certeza do que quero? Algo mudou, estou apaixonado pela Hyuuga e arriscar sua vida está totalmente fora de cogitação.

— Estou muito satisfeito com seu desempenho dentro da Akatsuki, não só por treinar Hinata, fiquei muito impressionado com sua jogada, uma jogada muito baixa. — Madara diz em tom de deboche. — Fazer a Hyuuga se apaixonar por você para ter sua lealdade, foi algo tão baixo e cruel, nem eu, o próprio Madara Uchiha, seria capaz disso.

Permaneço em silêncio. Estou sem saída, me posicionar contra pode colocar Hinata em uma situação ainda pior. Em contrapartida, permitir que eles usem-na como fantoche também é algo horrível, que certamente acabará em sangue e morte, não estou subestimando-a, reconheço o poder de Hinata, mas também conheço o pior de Madara Uchiha.

Eu sabia que este momento chegaria, mas será que Hinata aceitará vestir este manto de nuvens vermelhas sem ao menos ter feito algum crime. Fora daqui, ela é a herdeira do Clã Hyuuga desaparecida e supostamente morta, seu passado limpo e coração bom, o que faz Pain e Madara acreditar que Hinata é capaz de virar as costas para sua família para ser parte da Akatsuki, um grupo cheio de criminosos sujos de sangue inocente.

— Por que acha que a Hyuuga entrará para Akatsuki tão facilmente? — questiono, o Uchiha e Pain entreolham-se.

— Você! Itachi, você nos faz acreditar que Hinata entrará facilmente para Akatsuki. — nego com a cabeça.

Jamais usaria os sentimentos que Hinata sente e cultiva — não mais secretamente — por mim como motivação para cometer atrocidades. Diferente do que Madara pensa, estou tão apaixonado por Hinata quanto ela por mim.

Respiro fundo antes de proferir.

— Não! — respondo em alto e bom tom. Depois de tantos anos sem sentir nada, pela primeira vez sinto medo, não de Madara ou Pain, mas sim, por Hinata ou pelo que pode lhe acontecer. Ajeito a mecha rebelde do cabelo para então encerrar minha frase. — Hinata não vai entrar para Akatsuki.

O Uchiha gargalha alto, inclinando a cabeça para trás, se divertindo muito com minha resposta.

Inferno!

— Como não percebi antes?! ... — a sua pergunta retórica cheia de sarcasmo me deixa confuso e inseguro. — A pequena Hyuuga também fisgou seu coração, não é?! Que patético! O amor sempre será sua maior fraqueza, Itachi, até quando será refém de seu coração?

Sem pensar, corro rapidamente até Madara, agarrando-o pelo pescoço com todo ódio que tenho cultivado por este homem durante anos. Odeio Madara Uchiha com todo meu ser e matá-lo será algo tão confortante.

— Isso só prova que estou certo!

O deboche em sua voz é o suficiente para acabar com o fio de paciência e sanidade que ainda tenho, mas para minha infelicidade, antes que o acertasse com meu Amaterasu, Pain com seu jutsu de atração e repulsão me arremessa para longe.

Lutar com os dois é impossível, mas o farei se necessário.

— Hinata não entrará para Akatsuki. — falo.

— A Hyuuga entrará para Akatsuki no instante que sua miserável vida estiver em risco, mesmo que salvá-lo signifique acabar com a própria vida. — Pain levanta a mão puxando-me violentamente até si, a cena de minutos atrás se repete, mas dessa vez, eu estou sendo enforcado. — ...mas para sua sorte, este momento não é agora! — o homem de cabelo laranja me solta.

— Sabe, Uchiha... — Madara começa com o mesmo tom sarcástico. — Garanto que Hinata não hesitará se a única forma de salvá-lo seja entrar para Akatsuki ou simplesmente nos pedir ajuda...

A fúria me toma, fecho os punhos com força. Eu não posso permitir que isso aconteça, não consigo permitir que Hinata junte-se a esta organização, mas o que farei?

— Vou deixar a Akatsuki! — falo, enquanto um faísca de ideia invade minha mente. — ...e levarei Hinata comigo. — termino.

Hinata poderá voltar a Vila da Folha, com sua família e amigos, se desejar, e eu também voltarei a Konoha para pagar por meus crimes, quem sabe contar a verdade por trás de minhas escolhas, tentando encontrar a paz ao lado de Hinata, despertando que algum dia Sasuke possa me perdoar por algo que nem eu consigo me perdoar.

— Do que está falando Itachi? Deixar a Akatsuki e ir para onde? Você não tem ninguém e nada. — Pain fala com deboche.

Dou de ombros, passando por Madara e Pain.

— Foda-se. Hoje mesmo, Hinata e eu deixaremos o esconderijo...

— Você não pode proteger os dois para sempre, Itachi Uchiha! — Madara ameaça, sinto o corpo congelar paro de andar no mesmo instante.  — Escolheu proteger a Hinata? Tudo bem. Então, Sasuke sofrerá as consequências do seu egoísmo, novamente.