Narração- Amber
Era confortável estar ali.
Naquela dimensão desconhecida, mas curiosamente repleta de calmaria e paz.
Eu não precisava me levantar, não precisava me esforçar, nem pensar.
Era tudo muito plácido. Sereno.
A brisa que soprava de algum lugar me trazia sons, cheiros e sussurros delicados, gostosos de se ouvir, cheirar e tocar...
Eu estava deitada num gramado verde e florido?
Ou era um tapete muito felpudo?
Impossível saber.E aquelas nuvens de formatos diversos que eu via, mais alvas que o algodão... eram fruto da minha imaginação ou elas realmente estavam ali, a poucos metros de mim?
Era como se eu pudesse tocá-las com as pontas dos dedos, se quisesse.
🍃❤🍃
O dia parecia nunca ter fim, pois em momento algum eu me recordo de ter escurecido.
O horizonte se reinventava a cada momento.
Ora branco e límpido, ora repleto de laranja e rosado, como um entardecer daqueles que, de tão magníficos, nos faz querer chorar.
Mas ali não havia por que chorar.
Era tudo muito lindo.
Era tão majestosamente lindo que merecia ser visto e admirado, sem pausas, o tempo todo.Era um paraíso.
Eu era quem? Não importava.
Não importavam nomes, nem sobrenomes, nem coisa alguma.
Tudo era perfeito simplesmente pelo fato de ser.O "ter" não cabia ali.
Era só sentir, ver, desfrutar e se maravilhar.🍃❤🍃
De repente, algo interrompe toda aquela serenidade e plenitude.
É uma voz.
E o ser, dono dessa voz, parece aflito e desesperado.
"Por favor, volta pra mim, meu amor!"
Meu coração estremece diante do que ouço.
Que voz era aquela?
De onde vinha??
Será que falava comigo?
E por que parece tão angustiado?"Eu estou bem" , tive vontade de falar.
"Tudo está bem. Não poderia estar melhor."
Mas minha voz não saía. Não saía sequer um som de mim."Volta, meu amor... Eu preciso de você."
Perdida num espaço de tempo que nem eu mesma sabia que era possível estar, eu inquietei-me.
Voltar??
De repente, parecia que eu começava a entender.
A voz me pedia para voltar.Mas eu me lembrei.
Voltar não. Voltar era doloroso.Aqui eu não sentia dor, nem chorava, nem sofria.
Lá, aonde quer que esse "lá" fosse, eu sofria.Lá eu sentia dor.
Lá eu chorava.
Lá eu sofria.
"Aqui não", pensei.Mas meu coração pareceu reconhecer aquela voz.
E começou a pulsar, acelerado.
Incontrolavelmente."Eu te amo."
Esse foi o meu pensamento principal.
Eu amava aquela voz.
Amava aquele ser que me pedia para voltar.Mas não conseguia voltar.
Havia um peso sobre mim, que me empurrava para dentro daquela dimensão, onde parecia haver somente eu e mais ninguém.E, embora estivesse muito bem ali, eu não queria mais ficar.
Algo no fundo do meu âmago me dizia que eu precisava voltar.Alguém precisava de mim do outro lado daquele paraíso particular e estranhamente pacífico.
"Onde você está que não volta, meu amor?"
"Aqui! Estou aqui!", eu quis gritar, mas não tinha voz.
Eu queria voltar.
Mas como voltar?
Como me livrar de todo aquele entorpecimento que me tomava por inteira?Eu não me encontrava.
Não encontrava a minha voz, nem pernas, braços ou mãos.
Eu era um grande vazio.No entanto, precisava sair dali.
Precisava encontrar a saída daquele lugar, mas não conseguia descobrir qual era."Abre esses olhos azuis que eu tanto amo e volta pra mim...!"
Abir os olhos.
Sim, os olhos.Pareciam estar tão firmemente fechados, como se algo ou alguém os tivesse fechado, com a certeza de que jamais seriam abertos novamente. Mas eu queria abri-los. Eu precisava.
E então, mesmo com as pálpebras profundamente cerradas, eu tomei a consciência de que estava em outro ambiente.
Não era mais o lugar sereno e acolhedor de antes. Era frio, porém real.
Era até familiar.E então eu abri os olhos e encontrei outro par de olhos esverdeados, que me olhavam de volta com um quê de alívio, ternura e... amor.
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Envolvidos Para Sempre- Livro 3 Da Série Envolvidos [CONCLUÍDA]
RomanceQuando aceitou a proposta de seu pai de morar por um ano em Nova York, Amber não fazia idéia do quanto sua vida iria mudar. Ela viveu um amor intenso, profundo e cheio de descobertas. Mas agora, depois de mais uma mudança drástica em sua vida, ela e...