38 Meggie, Pequena Meggie

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Depois da emoção momentânea de reconhecer aquele par de olhos verdes, pisquei várias vezes, na tentativa de fazer os meus próprios olhos se habituarem à luz daquele quarto.

Quando consegui novamente firmar o meu olhar, eu o mirei no homem lindo de aspecto abatido porém aliviado, que me encarava, embevecido e emocionado.

Steve.

Não importando tudo o que havia passado antes ou tudo o que aconteceria depois daquele momento, eu só soube de uma coisa.
Eu o amava.
Amava Steve.

E, sabendo que isso era um fato que nada nem ninguém no mundo inteiro jamais seria capaz de contestar, eu sorri.
Sorri para ele.

Ele se aproximou mais.

-Amber, meu amor... você voltou!

Voltei...?

Sim, eu havia voltado. Seja lá de onde for, eu havia voltado.

-Você acordou, amor. Finalmente.

Eu fiquei olhando o seu rosto. Era tão familiar, tão conhecido e amado. Um rosto que eu jamais poderia esquecer, ainda que milhões de anos se passassem.

-Eu te amo- falei.

Mas nem eu mesma ouvi a minha própria voz.

Steve franziu a testa.

Ele chegou ainda mais perto, na tentativa de entender o que eu havia falado. Ou sussurrado.

Minha voz saiu tão baixo que era quase como um sussurro.
Mas ele conseguiu ouvir.

-Eu também te amo- ele disse em meu ouvido.

Senti a leve pressão de seus lábios macios em minha testa quando ele beijou-me demoradamente ali.

Fechei os olhos, aproveitando aquela sensação e percebendo o quanto era maravilhosa.

-Amber, sua voz... você está quase sem voz.

Eu o fitei por um momento e então olhei para mim mesma.
E nem me reconheci.

Meu corpo estava ligado à aparelhos, meus braços repletos de agulhas e havia uma sonda em meu pescoço.

As lembranças vieram como flashes de uma câmera. Muito rápidos e em lampejos.

Eu tentava atravessar uma rua. Um carro surge muito rápido. Não consigo desviar dele. Ele se choca contra o meu corpo. E então tudo havia se apagado como quando alguém escreve palavras em uma folha de papel e depois simplesmente as apaga com uma borracha.

Respirei fundo e todo o meu corpo doeu. Minha garganta estava seca.

-O acidente...- digo, trêmula.

Vi que Steve fez um esforço para ouvir o que eu havia dito, visto que minha voz era apenas um som baixo e fraco.

-Sim, meu amor. O acidente...- Ele confirmou, sem parecer muito convicto em suas palavras.

-O q-que aconteceu?

-Você ficou em coma.

Demorei alguns minutos para processar aquela informação.

-Por quanto tempo?- Perguntei.

-Vinte e sete dias.

Encarei Steve, assustada.
Vinte e sete dias eram quase um mês.

E então, como num reflexo, olhei para minha barriga.
Eu me lembrava de estar grávida.

Mas não havia mais aquela barriga enorme de que eu me lembrava.
Era só a minha barriga normal de sempre, um pouco inchada é verdade, mas não mais tão enorme.

Envolvidos Para Sempre- Livro 3 Da Série Envolvidos [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora