Capítulo 6-

205 23 2
                                    

Pensei na frase de um poema de Jeong Ho-seung.
Acho que é porque combina comigo.
Escolhi a frase mais significativa, pois é como me sentia quando era  criança: solitária.
Uma criança sem pai, sem mãe, só podia ser solitária. Mesmo tendo minha avó ao meu lado, senti muito a falta deles na minha infância.
Principalmente, na saída da escolinha, quando muitos pais vinham buscar seus filhos.
Eu geralmente, ia embora com a vizinha da minha avó, já que ela estava trabalhando.
Foram tempos difíceis para nós duas, mas conseguimos sobreviver mesmo com tantas dificuldades...
Após escrever, levantei os olhos e ao olhar para a frente, peguei o professor me olhando.
Ele não deve estar pensando coisas boas sobre mim. Depois do incidente na loja...
E nem eu...ele é muito chato!
-Acabou o tempo! Vou começar pela ordem de chamada!
Por favor, se posicionem nesta marca! Leiam em voz alta e clara.-
Enquanto meus colegas apresentavam suas frases, fiquei observando o comportamento do professor.
Até que era bonito, porém o jeito durão e a chatice, escondia a beleza dele.
-Dayeon, por favor!- era a vez da Dayeon.

“À vezes brilha o sol em demasia,
Outras vezes desmaia com frieza;
O que é belo declina num só dia,
Na terna mutação da natureza.”

Soneto 18 de William Shakespeare

-Pode nos dizer porque a frase, na verdade um verso de um famoso soneto de Shakespeare, marcou você ou tem algum significado?-
-Bom, não é porque marcou, mas é uma coisa que acontece e muito. Pelo menos na minha visão, eu acho que esse verso se encaixa bem.
Comparo o sol ao homem lindo, deslumbrante, mas que tem um coração frio.
Por isso, quem o vê se apaixona a primeira vista! Porém a beleza se torna um nada num dia, quando se descobre o seu verdadeiro eu.-

-Muito obrigado! Pode voltar para o seu lugar!- será que isso era uma indireta para mim?-

Dayeon, era demais, rs. Tenho certeza que ela quis representá-lo nesse soneto.

O ProfessorOnde histórias criam vida. Descubra agora