Mudanças

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07:00 horas da manhã, o despertador começa a tocar. Depois de muito custo, acordei resmungando, tentando achar a droga do celular no meio de tantas cobertas . Ótimo. O grande dia tinha chegado. Estávamos de mudança pra São Paulo, graças à minha mãe, Silvia, e ao seu noivo, Leonardo. Que merda.

Meus pais foram casados por 20 aos, e se divorciaram há uns 2 anos atrás, quando eu estava com 16. Podemos dizer que eles seguiram a vida rápido demais, já que meu pai se casou novamente 8 meses depois, e minha mãe estava prestes a ficar noiva. Por ser uma advogada renomada no estado de São Paulo, ela fazia viagens como palestrante e atendia clientes de fora. E foi no meio de uma dessas que ela conheceu conheceu o Leonardo. Desde então, eles começaram a namorar, até terem a *brilhante* ideia de morarem juntos. 

Eu mal o conhecia, a não ser em jantares rápidos ou quando ele aparecia no escritório, que por sinal, era onde ele e minha mãe passavam a maior parte do tempo, trabalhando e fazendo sei lá mais o que. Enfim, apesar de ser um cara fechado, parecia se importar com minha mãe, e no fim das contas, era isso que importava. Sério, eu estava feliz por ela. Só não estava feliz por mim.

- Luísa, acorda logo. Nosso voo sai em 45 minutos - Silvia grita pelo corredor.

- Vão sem mim! Já disse que quero ficar com meu pai.

- Nem pensar mocinha, você acha que eu vou ficar longe de você? Nem morta!!! - dei risada.

Finalmente me levantei e fui direto pro banheiro. Tomei um banho e tentei achar alguma coisa dentro da mala, já que todos os nossos pertences tinham sido levados pela transportadora durante a semana. Acabei pegando um agasalho surrado, uma legging preta e um par de tênis. Prendi meu cabelo num rabo de cavalo alto e tcharãn, estava pronta.

Desci as escadas e encontrei minha mãe e o Lucas (meu irmão de 10 anos de idade, uma peste, diga-se de passagem) terminando o de café da manhã na bancada. Minha mãe mal terminou seu iogurte e já foi saindo de casa arrastando as malas, para esperar o Uber na porta. O Lucas ficou para trás, e estava amassando um bolacha passatempo num copo de leite com toddy.

- Que nojo, moleque. Come direito. - eu falei, e ele me respondeu dando o dedo do meio.

Quando terminei de comer, subi pra pegar minha bolsa e dei uma última olhada pro meu quarto. Olhei pro papel de parede que eu tinha acabado de trocar, pros rabiscos atrás da porta que fiz quando tinha uns 14 anos, junto com minha melhor amiga, Mariana. Me deitei na cama pela última vez e fiquei encarando o teto, reparando nas estrelinhas mal coladas que estavam ali desde que eu me entendia por gente... e finalmente, me levantei, ficando de frente para o espelho da parede. Fiquei me encarando por alguns segundos e pensando em como minha vida mudaria a partir daquele momento.

Eu tinha acabado de completar 18 anos e estava de mudança para uma cidade nova, com pessoas diferentes e sem conhecer nada, nem ninguém. Pra piorar, estava entrando no cursinho integral de medicina. E não vamos esquecer do pior: minha nova família! Um frio na barriga e uma sensação estranha percorreram meu corpo enquanto eu virava as costas pra minha antiga casa e pra minha antiga vida.

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