XXIV. Rio de Janeiro

25 1 0
                                    




MESES DEPOIS

Chegou o grande dia, eu estava oficialmente me mudando pro Rio de Janeiro. Acabei passando em outras faculdades, mas a UFRJ era meu sonho desde sempre. O último mês foi uma correria para escolher apartamento, comprar os móveis, fazer a mudança, era um bate e volta RJ-SP que estava me deixando louca. Ainda bem que o Tomaz estava me ajudando em tudo.

— E essa é a última caixa, amém. — ele disse enquanto colocava uma caixa de papelão sobre a mesa da sala de jantar. — podemos descansar agora? — ele disse, se jogando no sofá-cama azul turquesa que ganhei de presente de casa nova do meu pai. Mais a cara dele, impossível.

— Ah, eu estava pensando que a gente podia estrear o apartamento, o que você acha? — falei, indo de encontro e subindo em seu colo, ficando de frente pra ele, e começando a beijá-lo com vontade. — opa, já descansei — ele sussurou entre os beijos, dando uma risada, me jogando no sofá e subindo em cima de mim. Depois de mais de uma hora inaugurando o sofá, acabamos indo tirar um cochilo no quarto.

Ele ainda estava dormindo e eu fui terminar de desempacotar algumas coisas. Estava colocando uma moldura enorme de mandala que ganhei da minha madrasta de frente pra mesa de jantar, até que escutei uma notificação de mensagem no meu celular e fui ver quem era.

*MENSAGEM ON*

Meus parabéns, Luísa. Fico feliz por você. Uma nova etapa na sua vida começa hoje. Sucesso, força e muito amor pra você. Estou aqui pro que precisar. Você sabe.

*MENSAGEM OFF*

Quase derrubei o celular no chão com aquela mensagem. Meu coração estava batendo tão forte que eu não sabia se eu estava tendo um infarto ou uma crise de pânico. Seis meses sem um sinal de vida do Felipe. Nenhuma mensagem, ligação, e muito menos um encontro. Desde que oficializei o namoro com o Tomaz, ele mal ia em casa, e nas vezes que aparecia, se certificava que eu não estivesse lá. Ele me bloqueou no whatsapp depois de tudo que aconteceu, então eu nunca imaginaria que ele viesse atrás de mim, pra qualquer coisa que fosse. Puts.

Mas o que é que eu estava pensando? Eu tinha feito minha escolha. Eu preferi o Tomaz. Por mais que eu sentisse meu peito queimar toda vez que minha mãe ou o Leonardo deixavam escapar o nome do Felipe em algum de nossos almoços ou jantares, e muita das vezes, falando do novo namoro dele, ou de como ele estava amadurecendo longe de casa, eu não podia me render a esse desejo louco. Eu tinha feito a escolha certa. Será?

(...)

As aulas começaram na semana seguinte, e teve calourada, cervejada, churrasco de recepção e muita festa durante toda a semana de iniciação. Fiz amizade com uma galera e já estava me sentindo em casa. Meus dias se resumiam nas reuniões de boas vindas da faculdade, palestras sobre o curso e outros assuntos, e no fim do dia uma caminhada pela praia de copacbana, seguido por uma água de coco, ou nos dias de muito calor, uma cerveja a beira mar. Eu tava amando tudo aquilo.

Minha mãe me ligava quase todo dia, dizendo que ia morrer de saudade. O Tomaz fazia o mesmo. Até o Leonardo, que era sempre mais recatado e contido, não se aguentava em me mandar várias figurinhas no whatsapp, e perguntar sobre o clima, a faculdade e quando eu ia visitá-los. Até o Luquinhas, aquela peste, me ligava pelo Facetime pra mostrar seus desenhos novos e contar sobre como estava sendo na escola. Eu estava com muita saudade de todos eles, mas mais ainda de uma pessoa que não estava presente...

Depois de dois meses nessa rotina, tive que voltar pra SP pra resolver algumas coisas. A faculdade estava exigindo uma documentação e eu ia aproveitar o feriado pra ficar uns dias a mais e curtir minha família. Um detalhe: era aniversário do Felipe, ou seja, estaríamos todos, finalmente, reunidos. Que desespero.

O Tomaz resolveu ficar no Rio pra resolver algumas questões da empresa, e apesar de ficar a maior parte do tempo no meu apartamento, ele também tinha uma cobertura no Jardins, e ia ficar por lá nesses dias que eu estivesse fora. Estranhei um pouco, mas não disse nada, afinal, minha cabeça estava longe...

DESEJO PROIBIDOOnde histórias criam vida. Descubra agora