Os dias foram passando e eu e o Tomaz fomos nos conhecendo melhor. Conversávamos o dia todo e às vezes ele até me buscava no cursinho pra almoçar ou lanchar. Nos finais de semana, a gente sempre fazia alguma coisa diferente. Wake, patins, rapel, fomos parar até num stand de tiro!!! A gente tava se curtindo muito e eu estava finalmente esquecendo toda a história do Felipe. Mais ou menos.
Nesse meio tempo, o Felipe estava ficando mais sério com a Duda, trazia ela pra casa direto e vivia dormindo fora (provavelmente com ela). Ele mudou o turno da faculdade pra noite e começou a trabalhar no escritório em período integral, então nos víamos raramente, e quando acontecia, um virava a cara por outro.
Algumas semanas depois, meus vestibulares começaram, e uma das provas que eu tinha que fazer era no Rio de Janeiro, pra UFRJ. Apesar de ter carteira, eu não tinha experiência com rodovia e nem conhecia muito bem o Rio, então minha mãe preferiu que eu fosse com um acompanhante. Concordei, já que eu realmente não tinha noção de como seria. No jantar daquele dia, ela começou a conversar sobre isso:
— Então Lu, você tem que ir fazer a prova na sexta, e eu não vou poder te levar, por conta da audiência que teremos. Conversei com o seu pai mas ele também não pode, porque a Débora está cuidando da mãe doente, e ele ficou sozinho com os meninos.
— Nossa, e agora? O Tomaz tem uma reunião da empresa no dia, ele até tinha se oferecido de me levar, mas marcaram a reunião pra mesma data. — falei preocupada, era a faculdade que eu queria fazer e tinha me esforçado muito pra isso.
— Não seja por isso, Luísa. O Felipe te leva. — Leonardo disse.
— O que? — Felipe falou de boca cheia, fazia dias que não escutava nenhuma palavra dele.
— Não vejo problemas nisso. Ele é meu funcionário. Eu libero ele na sexta pra ir te levar. Como a prova é na sexta e no sábado, reservo um hotel pra vocês. Assim, você fica mais segura e a gente fica mais tranquilo. — ele disse, olhando pra mim.
— Eu não quero atrapalhar. Posso ir sozinha ou com algum colega do cursinho. — interrompi antes que o Felipe falasse qualquer coisa.
— Por mim tudo bem. — ele disse.
— Então está decidido. Vou pedir pra secretária reservar o hotel.
Que droga. Era tudo que eu precisava logo agora que minha vida estava se ajeitando. Fui pro meu quarto e recebi uma mensagem do Tomaz, me chamando pra ver filme. Topei. Já ia aproveitar pra contar da viagem.
(...)
— Oi, linda! — Tomaz disse, abrindo a porta da casa dele e me dando um selinho. Ele estava só de bermuda, com o cabelo todo bagunçado. Pra variar, parecendo um modelo.
— Oi lindo — entrei, segurando dois potes de açaí. — trouxe comida.
Fomos pro quarto assistir filme, e ficamos comendo e conversando como sempre fazíamos. O pai dele chegou e foi lá me cumprimentar. Já tinha conhecido a família toda num almoço e eles eram muito simpáticos comigo.
— Luísa, bom ver você aqui. — ele disse, indo até minha direção e me dando um abraço. — e a família, como está? — ele se sentou na cama ao meu lado.
— Todos muito bem André, obrigada! E as novidades? — conversamos mais um pouco, ele contou sobre alguns perrengues da empresa e por fim, foi pro quarto dele. O Tomaz colocou outro filme e ficamos assistindo até pegar no sono. Acordei assustada, procurando meu celular.
— Nossa, quase 01:00 da manhã. — falei, enquanto o sacudia pra acordar. — tenho que ir embora pra casa, não avisei ninguém.
— Ah não, dorme aqui hoje. Já tá tarde. Amanhã cedo você vai. — ele falou com a voz sonolenta, me puxando pra perto e me colocando em seus braços.
— Mas e seus pais? — perguntei, quase cedendo, a cama tava tão gostosa, e ele então... nem se fala. Não queria sair dali de jeito nenhum.
— Eles te adoram Lu. Aliás, já estão tão acostumados com você aqui que nem vão perceber. — ele riu. Deitei no peito dele e concordei. Ele me deu um beijo na testa e ficamos de conchinha. Peguei no sono com ele fazendo cafuné no meu cabelo.
(...)
Acordei no outro dia e tomamos café em família. Realmente, os pais dele nem perceberam, muito pelo contrário, amaram a minha presença, inclusive a Gabriela, mãe dele, me chamava de "norinha." Me despedi do Tomaz e aproveitei pra contar da viagem. Ele ficou triste por não poder me acompanhar mas achou legal o Felipe me levar. Fui embora e passei em casa me trocar pro cursinho.
— Apareceu a margarida. — ouvi minha mãe falando da cozinha. — Lembrou que tem casa, dona Luísa? — ela veio até mim enquanto carregava uma jarra de suco de morango, e me deu um beijo na testa. — Vem dar bom dia pro pessoal.
Estavam todos sentados na mesa (inclusive a rapariga da Duda). Falei que já tinha tomado café e eles insistiram pra que eu sentasse um pouco pra termos um momento "em família". Ótimo.
— Luísa, já reservei o hotel de vocês. O check-in é as 12:00, então acho melhor vocês saírem bem cedo. — Leonardo falou. — qualquer coisa que precisar, pode ligar pra mim.
— Pensei em sairmos às 06:00, pra não pegar tanto engarrafamento. — Felipe disse, pegando o pote de Nescau, sem ao menos olhar pra mim.
— Queria ir com você, baby — a folgada falou, sufocando ele num abraço. Ele se esquivou, colocando um pedaço de bolo na boca e ignorando o convite da bruxa.
— Pode ser, o que você achar melhor. — respondi, sem nem levantar os olhos da mesa.
A semana ia passar devagar. E a cada dia que ficava mais perto minha ansiedade aumentava. Por que eu estava tão nervosa? Era só uma viagem pra prestar vestibular. Foi quando eu percebi que o motivo da minha preocupação era outro...
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DESEJO PROIBIDO
RomanceAté onde você iria pelo amor você sente por alguém? Ultrapassaria os limites aceitáveis e quebraria as regras para se arriscar por uma paixão? Às vezes o amor nasce nos lugares mais inimagináveis. Ou talvez até comece com um desejo proibido.