XIII. Dúvidas

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O dia amanheceu e eu fui correndo pro cursinho torcendo pra não dar de cara com o Felipe. O Gustavo já estava me esperando na porta do condomínio, e eu tinha decidido não ia dormir em casa essa noite, porque não sabia nem como olhar pro Felipe, muito menos conversar sobre o que aconteceu. Queria esquecer um pouco disso e focar em outras coisas, afinal, eu tinha toda uma vida além dele, e meus planos não iam mudar só porque eu tava sentindo uma coisa diferente por um cara, que pra piorar, era meu meio irmão.

Perguntei pro Gustavo se eu podia dormir na casa dele, já que ele morava sozinho e bem de frente pra minha casa. É claro que ele deixou eu dormir lá, mas ficou o dia inteiro me enchendo de perguntas. Saímos do cursinho e passamos no drive thru do Burguer King. Chegamos no condomínio, e ele me ajudou a pegar os lanches e minha mochila, e subimos pro apartamento.

Lá era um lugar bem espaçoso e bonito. Era super novo e bem decorado. Dois quartos, um deles era uma suíte, um banheiro social, uma sala de estudos, cozinha americana, uma sala ampla e uma varanda bem espaçosa. O apartamento do Gustavo era a cara dele. Cheio de miniaturas Star Wars, Harry Potter e outros. Ele é mesmo muito nerd, pensei. Joguei minhas coisas da mesinha da sala e pulei no sofá cama, pegando o controle da tv.

— Tá bom, será que agora você vai me explicar o por que de não dormir na sua própria casa? — ele me perguntou, puxando a cadeira de gamer que ele tinha na sala de estudos e trazendo pra sala de tv, enquanto roubava uma batatinha frita.

— Nossa, você não queria que eu viesse? Tudo bem, eu vou embora. — fiz cara de emburrada, e rimos. — queria respirar novos ares e conhecer seu apartamento.

— Hmmm, sei! Sinta-se em casa então! Vamos comer e depois a gente assiste alguma coisa. — comemos dois hamburgueres cada um e mais dois copos de coca de 700ml. Deitamos no sofá estufados de tanta comida e ficamos assistindo Vingadores Ultimato e conversando. Resolvi mandar uma mensagem pro Felipe pra avisar que não ia dormir em casa.

* WHATSAPP ON*

Luísa: Não vou dormir em casa hoje.

Felipe: Onde você tá?

Luísa: 🌎.

* WHATSAPP OFF*

Eu dormi no quarto de hóspedes, que era o quarto em que os pais dele ficavam quando iam o visitar, e o Gustavo me emprestou uma blusa dele. Pra minha surpresa, tive uma ótima noite de sono e acordei no outro dia muito mais leve e disposta, e tinha até me esquecido de todo o B.O. Passei em casa pra trocar de roupa achando que o Felipe já teria saído pro estágio, engano meu. Ele tava terminando de tomar café. Eu ainda estava usando as roupas que o Gustavo me emprestou, e quando ele olhou pro que eu vestia, fez uma cara de confuso, mas tentou disfarçar.

— Bom dia.

— Bom dia. — ele respondeu, tomando um gole de café.

Logo a dona Marta saiu da cozinha e me cumprimentou. Ela estava segurando uma forma de pão de queijo que tinha acabado de sair do forno, e me chamou pra tomar café. Óbvio que eu aceitei. Sentei na mesa meio sem jeito e olhei pra ele, que continuava com os olhos fixos na minha camiseta, nitidamente dava pra ver que era masculina e num tamanho maior que o meu.

— Eu dormi no Gustavo ontem. Ele me emprestou essas roupas. — disse, pegando um pão de queijo.

— Hmm. — ele falou com desdém, mas eu percebi que ele soltou um suspiro de alívio.

Subi pro meu quarto, me troquei e fui pra aula. E foi assim o resto da semana. Trocamos pouquíssimas palavras, nos esbarrávamos uma vez ou outra e evitávamos de ficar no mesmo cômodo.  Na quinta fui num barzinho universitário depois da aula, eu, a Bruna e a Carol, tomamos umas cervejas e acabamos dormindo a casa da Bruna. Na sexta minha mãe e o Leonardo voltavam de viagem, e eles iam passar em Ubatuba e buscar o Lucas.

(...)

— Luísa, chegamos! — escuto minha mãe no andar de baixo. Desci as escadas correndo.

— Que saudade, como foram de viagem? — dei um abraço desajeitado no Leonardo.

— Foi ótima, muita correria, várias palestras, mas fechamos com alguns clientes e conseguimos resolver mais coisa do que imaginamos. — ela falou ofegante, puxando as malas pra dentro. — Cadê seu irmão?

Não me dei ao trabalho de relembrar que o Felipe não era meu irmão, e antes que eu pudesse falar qualquer coisa, ele desceu as escadas todo arrumado, vestindo uma calça, uma camisa polo branca e um tênis preto. O cabelo dele tava penteado pra trás, e ele tava muito (muuuito) gato. Eu não consegui disfarçar o olhar.

— Oi família. — ele disse...

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