XXXV. Descobertas

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A festa continuou, sem grandes emoções. Eu nem consegui beber direito mais, e estava pronta pra ir embora. Conversei com minha mãe e ela disse que tudo bem, e eu fui saindo meio de fininho, pra ninguém ver. Inclusive o Felipe, porque eu não queria que ele perdesse esse momento especial por minha causa. Pedi um Uber e quando estava no estacionamento esperando, escuto uma voz me chamando.

- Luísa, onde você vai? - era ele, vindo correndo na minha direção.

- Oi Fê, estou indo pra casa já, não estou me sentindo muito bem, e já tá tarde (eram 05:30 da manhã). Não fica bravo.

- Claro que não vou ficar, minha linda. Mas você podia ter me avisado né? Quem disse que eu quero curtir essa festa sem você? Vamos embora daqui! Que tal irmos pro meu apartamento? - ele disse, tirando a chave de dentro do blazer, e abrindo um sorriso. Concordei. O Uber chegou e fomos pra lá.

O apartamento dele ficava perto do escritório dos nossos pais, e era um flat bem espaçoso, com duas suítes, sala ampla, lavabo, área de churrasqueira na sacada e cozinha americana. De vez em quando a gente ficava lá, mas era meio difícil, porque eu tinha que arrumar alguma desculpa pra não dormir em casa.

Chegamos nos jogando no sofá, que era enorme, e tirando as roupas de festa. O salto já estava me matando e aquele vestido era muito desconfortável. Convenci o Felipe a tomar uma chuveirada e fomos pro quarto. Eu peguei uma camisa dele, e ele ficou só de cueca.

(...)

Levantei meio zonza, com muita dor de cabeça, olhei pro lado e não encontrei o Felipe, o que não era comum, já que ele adorava ficar de preguiça comigo na cama. Mas pensei que ele podia ter ido comprar um café. Resolvi ir na cozinha procurar algum remédio pra ressaca.

Eu ainda estava trocando as pernas quando escutei uma voz na mesa da cozinha, mas eu não estava nem escutando direito, muito menos enxergando. Mas quando vi, era tarde demais. O Leonardo estava sentado na mesa com o Felipe, com uma expressão séria, e pareciam estar discutindo. Eu tentei dar um passo pra trás mas já era tarde demais.

- Luísa... - ele disse, me olhando com uma cara de desaprovação, e claro, reparando no fato de que eu estava usando apenas uma calcinha e uma camisa masculina. Fudeu.

Felipe olhou pra mim com uma expressão de "senta agora", então eu puxei uma das cadeiras e me sentei, ainda sem muita coragem de olhar no rosto do meu padrasto. Apenas fiquei de cabeça baixa enquanto ele falava com o Felipe, até que ele se virou pra mim.

- Então Luísa, chegamos em casa por volta das 07:00 da manhã e sua mãe foi até o seu quarto pra ver se você tinha melhorado, mas você não estava lá. Ela te ligou pelo menos umas 10 vezes, mas seu celular estava sem bateria. Ligou pro Felipe também, que sumiu da festa sem avisar ninguém, imaginando que ele podia ter notícias suas. Sobrou até pro Gustavo, que tentou encobrir a história. Acabou que a Silvia acreditou na história do Gustavo, de que você tinha ido dormir na casa da Bruna, e ficamos mais tranquilos. Aí, resolvi ir no escritório trabalhar, mas esqueci a chave da minha sala. Lembrei que tinha uma chave reserva aqui no apartamento do Felipe e vim pegar. O apartamento estava destrancado, então entrei. Foi quando eu vi essas roupas jogadas no chão, e a porta do quarto entreaberta. E vi a pior cena que podia ter visto. Vocês dois, na cama, deitados juntos como um casal. Meus filhos.

- Pai, eu posso explicar - o Felipe interrompeu, tentando aliviar a situação.

- Não Felipe, isso não tem explicação. Eu acreditei na historinha que você me contou na festa, que não tinha nada demais. E você mentiu pra mim! Mentiu pra Silvia. Eu ia pedi-la em casamento ontem, na sua festa de formatura. Mas vocês dois estragaram tudo com aquele barraco envolvendo o Tomaz. Estragaram meu casamento.

- Leonardo, eu sinto muito. - comecei a falar enquanto chorava incessantemente, sem acreditar no que estava acontecendo. - Nada disso foi planejado, eu juro, a gente não queria, mas não dá pra mandar no coração, eu amo seu filho...

- Luísa, não consigo nem ouvir isso. Eu estava te criando como filha. Você estava dentro da minha casa, da minha família. Me desculpe, mas estou enojado com essa situação. Apesar disso, eu não quero que isso se torne maior do que é, e estou disposto a resolver isso.

- Como? - perguntamos juntos.

- Eu não vou contar pra Silvia. - ele disse, e nós respiramos aliviados ao mesmo tempo. - Mas, pra isso, Luísa, eu quero que você vá embora de vez pro Rio de Janeiro, e corte o contato com o Felipe de vez. Vocês não vão mais se ver, eu e sua mãe vamos te visitar como sempre fizemos, e caso você queira vir nos ver, vamos organizar para que vocês dois não se encontrem. Isso é pro bem de todos, até que essa fase passe.

- O QUE??? Você tá ficando louco, pai? Você não entendeu ainda? Já repeti várias vezes. Eu AMO a Luísa, estou apaixonado por ela, e ela também me ama. A gente só quer viver isso. Nós já somos maiores de idade. Eu já me sustento e não...

- Você não me ouviu? É isso ou vou contar tudo pra Silvia. E te garanto que a reação dela vai ser pior do que a minha.

(...)

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