Peguei carona com o Gustavo e cheguei em casa por volta das 18:30. Já estava com a barriga roncando e fui direto pra cozinha procurar alguma coisa pra comer. Essa rotina de cursinho era cansativa demais, mas durante a semana eu fazia de tudo pra me alimentar bem e me exercitar, afinal, queria cuidar do meu corpo também.
Assim que terminei de comer meu pré treino, subi pro quarto, arrumei minhas coisas, coloquei um short e um top, calcei meus tênis de academia e peguei os fones. Desci as escadas e fui pra academia, que ficava bem de frente pra piscina, toda com portas de vidro. Eles tinham alguns aparelhos, pesos, e também uma esteira e duas bicicletas, e eu achei um máximo, já que morria de preguiça de sair de casa pra treinar.
Quando entrei na academia, percebi que o Felipe estava, e, NOSSA, ele faria supino comigo nos braços, tranquilamente... Não consegui evitar olhar pra ele só de bermuda, com o corpo suado e soltando uns gemidos enquanto pegava uma carga tão alta que não dava pra contar quantas anilhas tinha de cada lado. Minha mente foi pra lugares obscenos e eu dei uma risadinha abafada, tentando me controlar.
— Quer uma ajuda aí? — perguntei em tom de brincadeira, enquanto ele apoiava a barra no suporte, ofegante.
— Tá suave. — ele deu uma risadinha e tomou um gole de água. — Veio me fazer companhia?
— É, gosto de treinar sempre no final do dia, com pra descansar a mente e cansar o corpo.
— Tem jeitos melhores de cansar. — E deu uma piscadinha. Eu fiz uma cara de assustada e comecei a rir, mas por dentro o fogo no meu corpo não era só do termogênico.
Coloquei meus fones e uma playlist eletrônica e comecei a correr. Quando olhei pra frente, notei pelo reflexo do espelho que o Felipe estava me encarando, olhando pro meu corpo. Eu já estava pingando suor, e vez ou outra ele passava por mim fazendo alguma gracinha, e eu continuava babando nele. Até que briguei com meus pensamentos, que já estavam indo longe demais.
Terminei de correr na esteira depois de uns 5 km e fiz alguns abdominais. Nisso, o Felipe terminou e subiu, e eu respirei aliviada. Arrumei as coisas, apaguei as luzes e subi pro meu quarto pra tomar banho e me arrumar pro jantar.
Por volta das 20:30 minha mãe me chamou pra jantar, eu já estava de pijama, com o cabelo molhada e usando uma regatinha com uma calça de moletom. Desci as escadas enquanto olhava pra todos sentados à mesa. Que família feliz. Pensei com ironia.
— Boa noiteee. — sentei e fui dar uma olhada no cardápio. Era noite de pizza. Peguei logo uma de calabresa e uma quatro queijos e comecei a comer.
— Você parece um dragão comendo — meu irmão falou, imitando um dragão, todos riram e ele deu uma espécie de "toque secreto" no Felipe, dando socos e atirando um pro outro.
— Cala a boca, moleque. — eu disse de boca cheia.
Durante o jantar, minha mãe anunciou que teria uma palestra daqui duas semanas, e iria viajar pra Salvador. Como agora era e o Leonardo eram sócios, ele também iria pra resolver as questões burocráticas e se reunir com os clientes.
— Seu irmão vai ficar com seu pai, porque eles vão no parque aquático no fim de semana junto com a Débora e os filhos dela. — meu irmão era muito amigo dos filhos da minha madrasta, que tinham mais ou menos a mesma idade, e ele revezava entre a nossa casa e a deles.
— Ok. — resmunguei, me levantando e indo colocar as louças na cozinha.
— Nada de festas, ok? — Leonardo falou num tom de brincadeira. — Não quero que seu irmão mais velho te leve pro mal caminho.
— Ela não é minha irmã. — Felipe interrompeu, assustando todos da mesa e me fazendo arrepiar — Hmm, quer dizer, eu não sou responsável por levar ela pro mal caminho. — Todos terminaram de jantar e subiram para seus respectivos quartos, menos o Felipe, que me ajudou e tirar a bagunça da mesa e organizar as louças.
— Aquilo que eu falei... Não quis ser grosso. — ele pegou o prato da minha mão e começou a secar, olhando pra baixo.
— Que isso. Não somos irmãos mesmo. — disse isso e ele olhou pra mim daquele jeito que tinha olhado na primeira vez que nos vimos. Meu coração acelerou. Ele chegou mais perto de mim, ficando a centímetros de distância, encostando o corpo dele contra o meu e falou, baixinho, quase sussurando:
— Você tá na frente do armário. — acho que ele percebeu o arrepio que eu dei, porque quase cai em cima dele e derrubei o prato. Saí correndo dali e entrei pro quarto, tranquei a porta e finalmente soltei a repiração. O que você tava pensando sua louca? Achou que ele ia te beijar? Enquanto pensava na cena que tinha acabado de acontecer, acabei pegando no sono.
(...)
As semanas passaram rápido, o Felipe me dava carona todos os dias de manhã pro cursinho e eu voltava com o Gustavo. Acabamos nos aproximando muito, já que sempre almoçávamos juntos e fazíamos dupla em todos os trabalhos. Também conheci outras pessoas da turma, e tinha algumas até bem legais. A Bruna, que era de Floripa e se mudou pra São Paulo pra estudar. A Carol, que estava no segundo ano de cursinho tentando entrar pra medicina e era filha do dono de uma multinacional, e mais um pessoal que sempre acabava indo almoçar com a gente, ou fazer trabalhos em grupo.
(...)
Era sábado, e minha mãe e o noivo saíram cedo de casa para pegarem o avião pra Salvador, porque queriam curtir um fim de semana na praia antes de começar a semana de trabalho. Meu pai veio buscar o Lucas algumas horas depois, porque iriam pro parque aquático e ele passaria as próximas duas semanas com eles em Ubatuba.
Meu pai se chamava Ricardo e era dono de loja de surf em Ubatuba. Era um paizão, delegado aposentado, parceiro de aventuras e um ótimo cozinheiro. Ele estava casado há mais de um ano com a Débora, que tinha dois filhos de outro casamento que moravam com eles, Bernardo e Benício. Os dois eram gêmeos e tinham 11 anos de idade. Não tinha problemas com nenhum deles, muito pelo contrário, eram todos muito queridos.
— Paaaai, que saudade. — falei abrindo a porta de entrada e dando um pulo em cima dele. — vem, entra, deixa eu te mostrar a casa.
Mostrei a casa pro meu pai enquanto o Lucas terminava de arrumar as coisas. Conversamos um pouco e enquanto estávamos sentados no sofá da sala de visitas, o Felipe apareceu.
— Bom dia, tudo bem? Sou o Felipe, filho do Leonardo. — ele estendeu a mão e os dois se cumprimentaram bem amigavelmente.
— Prazer, sou o Ricardo, pai dessas crianças. — ele disse me abraçando. Meu pai estava com uma cara engraçada, como se soubesse de alguma coisa. Os dois conversaram um pouco mais e meu ele foi embora, nos deixando sozinhos com a casa livre.
— É o seguinte: a Marta não vem hoje, não temos comida, a casa tá vazia, inteira só pra gente. Sabe o que isso significa? - ele me olhou com uma cara misteriosa e falamos ao mesmo tempo:
— FESTAAA!!!
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DESEJO PROIBIDO
RomantikAté onde você iria pelo amor você sente por alguém? Ultrapassaria os limites aceitáveis e quebraria as regras para se arriscar por uma paixão? Às vezes o amor nasce nos lugares mais inimagináveis. Ou talvez até comece com um desejo proibido.