XVI. Aniversário

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Tinha acontecido outra vez. Eu não resisti ficar perto do Felipe. Eu não sabia muito bem o que era aquilo, um desejo louco que eu sentia toda vez que chegava perto dele, como se eu fosse um ímã. Fiquei a noite inteira sonhando com aquele beijo, não resisti e me fiquei pensando no que mais podia ter acontecido. Eu estava com muita vontade dele. E por uma noite esqueci de todo o resto, e não me preocupei com o que poderia acontecer.

A semana passou voando, eu estava entrando em época de vestibular e o cursinho estava ficando cada vez puxado. Também era época de provas da faculdade do Felipe, e ele chegava tarde da noite em casa, já que ia do estágio direto pra facul. Mal nos víamos, e quando isso acontecia, sempre tinha alguém por perto pra estragar o clima.

(...)

UM MÊS DEPOIS

— Mãe, você viu onde eu coloquei aquele salto nude? — eu disse gritando minha mãe pelo corredor. Era aniversário do Leonardo e daríamos uma festa em casa. Os convidados eram todas da alta sociedade paulistana, e eu não queria estar mal arrumada.

— Tá aqui no closet, vem pegar. — ela gritou de volta. — Uaaau, que linda. — ela falou olhando meu vestido preto mídi, todo de bandagem. - Amei sua maquiagem também.

Eu fiz uma maquiagem com os olhos esfumados em um degrade de marrom e preto, coloquei cílios postiços e um batom nude com gloss. Realmente, tinha caprichado. Coloquei alguns acessórios em prata e tomei um banho de perfume, escolhi o Chanel Mademoiselle. Os convidados já estavam chegando.

Quando saí do meu quarto, encontrei com o Felipe no corredor. Ele estava de camisa social branca, um calça preta social com um cinto cinza de fivela e sapatos também pretos. Parecia um modelo. Esbocei um sorriso e abaixei a cabeça.

— Oi. — ele disse, enquanto me dava passagem pra descer as escadas.

— Oi. — respondi, tentando controlar a emoção na voz.

A festa foi um porre. Gente rica não sabe mesmo se divertir. A música era baixa demais, as comidas eram super esquisitas na aparência e no gosto e eu detestava aquele champagne amargo que eu nem sabia o nome, mas que devia custar uma fortuna.

— Só queria uma cerveja. — eu disse rindo pro garçom, enquanto ele enchia minha taça.

— Somos dois. — escutei uma voz masculina que não identifiquei. Virei as costas e um cara alto estava segurando um copo de whiskey e sorrindo pra mim.

— E você é? — perguntei, esperando uma apresentação.

— Quem você quiser que eu seja. — ele piscou pra mim, e me deu a mão, me conduzindo até a pista de dança. Não recusei, apesar de não ter nenhuma habilidade pra essas músicas lentas e sem letra que estavam tocando.

— Não vai me dizer seu nome? — perguntei.

— Meu nome é Tomaz Cortez. Sou filho do dono da companhia de ações pra quem seu padrasto advoga. Tenho 24 anos, me formei em administração e agora sou CEO da empresa. Gosto de esportes, viajar sozinho e de adrenalina. Minha cor favorita é preto, e eu sou leonino, como dá pra notar. — nós dois rimos muito com a descrição pra lá de detalhada dele.

— Prazer Tomaz. Sou a Luísa, filha da mulher do Leonardo. Tenho 18 anos, faço cursinho pra medicina, amo praia, e minha cor preferida é azul... ah, e sou capricorniana. Tá na cara que você é leonino mesmo. — demos risada.

Continuamos dançando por mais alguns minutos até que ele me chamou pra ficar na área externa, onde tinham algumas mesas e bancos espalhados. Ele acendeu um cigarro, tomou um gole de whiskey e falou:

— O que acha da gente sair daqui?

— Pra onde? — perguntei sem entender.

— Sei lá, essa festa tá caídassa. Vamos pra um barzinho. — ele falou, se levantando e estendendo a mão pra mim. Eu dei a mão pra ele e me levantei. O que podia dar errado?

Felipe estava na saída conversando com ninguém mais, ninguém menos que Maria Eduarda. É, o pai dela era amigo do Leonardo, um político de quinta, puxa saco, e pra variar ela estava se esfregando no Felipe, e ele não estava nem fazendo questão de se esquivar.

Subi as escadas pra pegar minha bolsa, dei um beijo na minha mãe e falei que ia dar uma volta. Ela não se importou, já que só tinha gente velha naquele lugar, e acho que se ela pudesse, até iria embora junto. O Tomaz ficou me esperando na porta de entrada, e percebi que o Felipe viu a gente saindo de mãos dadas. Não me importei muito, até porque entre a gente não acontecer nada além do que já tinha rolado.

(...)

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