Passei a viagem inteira ouvindo minha playlist nostálgica no Spotify, enquanto pensava em como seria minha nova vida. Eu amava morar em Santos: as praias, o calor, a vibe... tudo me encantava. São Paulo, por outro lado, parecia um pesadelo, cheia de prédios, poluição e gente metida a besta. Respirei fundo e tentei parar de pensar nisso, cantarolando o refrão de "Clocks", do Coldplay. "Home, home where I wanted to go."
A viagem passou voando — literalmente — e, enfim, chegamos.
Assim que desembarcamos peguei a mala e fui direto para o banheiro jogar uma água no rosto. Amarrei o cabelo num coque e me lavei. Na saída, me virei pra puxar a mala que estava com a roda presa, e quando olhei pra frente novamente, trombei de frente com um carrinho de bagagem. Só me dei conta quando já estava caída no chão.
— Caralho! — falei alto, esquecendo que ainda estava com os fones no ouvido. Apoiei-me na mala, que também estava caída no chão (junto com a minha dignidade), e olhei pra cima, enquanto alguém estendia a mão pra me ajudar, claramente segurando o riso.
— Coitado do carrinho — disse ele, tirando os fones de ouvido. — Aqui, levanta. — Ele pegou a mala caída no chão, enquanto eu tentava me recompor.
Enquanto eu dava batidinhas na calça para tentar disfarçar o vermelho das minhas bochechas, olhei bem para o estranho na minha frente e fiquei em completo estado de choque.
Ele era bem mais alto que eu e usava uma calça jeans e um vans preto surrado, igualzinho ao meu, uma camiseta preta justa, que acentuava o seu corpo (gostoso). Seus olhos eram castanhos grandes e brilhantes, e estavam fixos nos meus. Acho que ele percebeu o quanto eu estava reparando.
— Prazer, Felipe. — disse ele, estendendo a mão e me trazendo de volta à realidade, com um sorriso tão largo e branco que quase me cegou.
— Oi, sou a Luísa. Desculpa mais uma vez. — Nós dois rimos. Antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa, meu celular tocou. Era minha mãe, pedindo para nos encontrarmos em frente ao estacionamento na terceira saída.
— Desculpa, eu preciso ir. E, ah, foi mal... — disse, ajeitando o cabelo e puxando a mala. Ele me interrompeu.
— Relaxa. Quem sabe eu dou sorte de esbarrar em você de novo, né? — Ele deu meia-volta e saiu, e eu fiz o mesmo. Até que, num impulso, olhei para trás para tentar dar uma última espiada. E adivinha? Ele também se virou. Fiquei roxa e dei um sorriso meio sem graça, seguido por um aceno discreto.
Depois dessa cena catastrófica, senti uma onda de calor tão forte que tive que tirar meu moletom e guardar na mala de mão, e saí correndo para encontrar minha mãe e meu irmão, que estavam procurando pelo Leonardo. Finalmente, encontrei todos eles portão de entrada.
Ele cumprimentou minha mãe com um beijo, deu um abraço no meu irmão e entregou um pacote de Fini (ele amaaaava) e me abraçou de forma meio desajeitada, dando um tapinha nas minhas costas. Tentei ser amigável, retribuindo com um sorriso.
— Estou tão feliz por vocês estarem finalmente aqui. Me sinto um homem completo, com uma mulher maravilhosa e três filhos... — ele interrompeu a fala e começou a olhar para trás, enquanto eu olhava pra minha mãe sem entender nada. — Filho? Vem cumprimentar o pessoal... — Olhei para a direção onde ele chamava e vi um garoto encostado no Jeep, mexendo no celular, com um óculos de sol apoiado no nariz. Ele se aproximou, tirando os óculos.
— VOCÊ?! — falamos ao mesmo tempo.
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DESEJO PROIBIDO
RomanceAté onde você iria pelo amor você sente por alguém? Ultrapassaria os limites aceitáveis e quebraria as regras para se arriscar por uma paixão? Às vezes o amor nasce nos lugares mais inimagináveis. Ou talvez até comece com um desejo proibido.