XVII. Encontros

30 2 0
                                    

Saímos de casa e fomos em direção ao carro. Ele tinha um Porsche. Era meu carro preferido, preto, com bancos de couro nude. Me senti em Velozes e Furiosos. Ele abriu a porta pra mim, entrou e acelerou. Ele colocou Cat Dealers pra tocar enquanto passeávamos pela cidade.

Paramos numa conveniência e ele comprou duas longnecks de Heineken, e continuamos procurando o que fazer. Até que juntos, tivemos a brilhante ideia de ir pra Rua Augusta. Lá ficavam os melhores barzinhos e muita galera jovem. Eu sou daquelas que topam qualquer coisa, de samba até rock, desde que não tivesse que ficar mais nenhum minuto naquele aniversário idiota olhando pra cara daquela Maria Eduarda e do Felipe...

Escolhemos um barzinho bem conhecido, o Caixote Bar. Estacionamos o carro e seguimos até lá, o Tomaz me deu a mão. Ele tinha um aperto de mão firme, e as mãos nele eram grandes e boas de segurar. Aliás, ele era grande. Alto, cabelo preto, moreno claro, mas tinha os olhos mais azuis que eu já vi, e parecia ter um corpão, apesar de estar usando uma camisa preta que me impedia de analisar melhor. E que sorriso lindo. Esses caras tinham que fazer propaganda pra Colgate! Pensei, lembrando do idiota do Felipe com aqueles dentes perfeitos. Esquece.

— O que vamos beber? — ele perguntou, enquanto puxava a cadeira pra eu poder sentar.

— Hmm, Heineken! — ele concordou. Chamou o garçom e pediu uma cerveja e dois copos.

A noite não podia ficar melhor. O Tomaz era muito engraçado. Me contou das suas aventuras na Tailândia, do mochilão que fez pela África do Sul e das noites loucas em Punta Cana. Eu contei da minha viagem com meus amigos pra Cancún e do intercâmbio que fiz no ensino médio pra Austrália. A gente com certeza tinha gostos em comum.

Falamos de signos, de música, dos nossos livros preferidos e contamos histórias de infância. Ele me contou da relação com os pais, da mudança de vida e como era o cargo dele na empresa. Eu contei sobre meus sonhos, meus estudos e minhas aventuras. Revelei pra ele que uma das coisas que eu amava fazer sozinha era tocar violão e que assim que eu me formasse, queria ser voluntária em algum país, e terminamos o papo sério quando a 3ªrodada de tequila chegou.

— Vamos bailar? —- ele se levantou e me puxou, me levando pro meio do saguão do barzinho. Já haviam outros casais dançando, enquanto uma banda cantava as músicas do Falamansa. Dançamos muito, eu adorava aquele xotezinho e as músicas eram ótimas. O Tomaz era um ótimo dançarino. Segurava firme na minha cintura e me conduzia no ritmo da música. No meio da dança, ele encostou o rosto no meu e falou baixinho:

— Posso te pedir uma coisa?

— Pode. — dei risada.

— Um beijo. — e olhou pra mim abrindo um sorriso. Eu entrelacei meus braços no pescoço dele e o beijei. Foi um beijo rápido, suado, com gosto de cerveja e cigarro, mas muito bom. Nossas bocas se encaixaram, assim como o resto do corpo. Continuamos na pista por mais um tempo, até que olhei o relógio e já passava das 03 da manhã.

Ele pagou a conta e fomos embora. Durante a viagem de volta, ele abriu o teto solar e eu fiquei olhando as estrelas. O céu tava lindo. Ele colocou a mão na minha perna e ficou fazendo carinho. A música de fundo era "Só por uma noite – Charlie Brown Jr".

Procurei me manter afastado
Mas você me conhece faço tudo errado
Fim de semana, eu sei lá, vou viajar
Vou me embalar, vou dar uma festa
Vou tocar um puteiro eu vou te esquecer
Nem que forpor uma noite
Mas só de ouvir a sua voz já me sinto bem
Mas se é difícil pra você, tudo bem
Muita gente se diverte com o que tem

Chegamos em casa e nos despedimos com mais beijos. Ele pegou meu telefone e disse que ia ligar pra saírmos mais vezes. Eu passei, já sabendo que as chances disso acontecer de novo eram mínimas. Até porque, o que um cara daqueles ia querer comigo? Eu era só a garota errada na hora certa. Foi bom, foi leve, foi gostoso, mas acabou. pelo menos era isso que eu pensava.

— Boa noite! — fechei a porta do carro e entrei pra casa. As luzes já estavam desligadas e não tinha sinal de ninguém por ali. Quando tranquei a porta, meu celular tocou.

* LIGAÇÃO ON *

— O que você vai fazer amanhã? — escutei a voz do Tomaz do outro lado da linha. 

Não pude deixar de sorrir.

(...)

DESEJO PROIBIDOOnde histórias criam vida. Descubra agora