•Capítulo Vinte•

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Abri os olhos quando ouvi os pássaros cantando do lado de fora da mansão, como sempre. Também podia ouvir os meus soldados conversando do lado de fora enquanto faziam guarda, provavelmente os seguranças do turno da manhã estavam chegando.

Ignorei a vontade de fechar os olhos e dormir pelo resto da manhã, em vez disso, me sentei, jogando os cobertores para o lado e saí da minha cama.

Fui para o banheiro para tomar um banho, a minha pele estava pegajosa por causa do suor, e o meu corpo pesava como se tivesse chumbo sobre os meus ombros. Entrei no box e liguei o chuveiro, tomei um banho rápido, dei uma lavada nos cabelos e escovei os dentes.

Saí do banheiro com uma toalha em volta da cintura e fui para o meu closet. Vesti uma cueca e calça jeans. Não coloquei uma camisa, nem sapato ou chinelo antes de sair do quarto, não precisaria de muito mesmo.

Fechei a porta do quarto atrás de mim e abri a do quarto de Tiziana, mas parei na soleira quando encontrei o mesmo vazio. Franzi o cenho um pouco atordoado, e entrei no cômodo. O cachorro também não estava no quarto, a porta do banheiro estava aberta e não tinha nenhum sinal da mulher em qualquer canto.

Me aproximei da cama e olhei para o lençol bagunçado e para o cobertor jogado para o lado. Toquei o colchão, não estava quente, e o vestido amarelo estava no chão ao lado da cama. Me abaixei, peguei o vestido delicado nas minhas mãos e o levei até o nariz, inspirando profundamente o cheiro de Tiziana.

Passei o rosto pelo tecido, querendo que fosse o corpo dela ali, e não apenas um pedaço de pano. Suspirei pesadamente, deixando o vestido na cama.

Estava virando um maricas, e muito rápido.

Me levantei e saí do quarto, segui pelo corredor e desci as escadas até a sala de estar. A grande TV tela plana estava desligada, nenhum sinal de Tiziana aqui também.

Sorri, o único lugar que as mulheres iam durante a manhã, era a cozinha.

Desci o último lance de escadas e saí pelo amplo corredor, virei para o lado oposto ao que ficava a sala de visitas, sala de estar principal e salão de festas, e fui para a cozinha que ficava na parte de trás da mansão.

Assim que passei pelo grande arco, que separava a cozinha da sala de jantar principal, e entrei na cozinha, vi Tiziana.

Ela estava sentada na cabeceira — com as pernas dobradas contra seu peito, os pés na cadeira, —  da grande mesa de madeira escura com lugar para quinze pessoas, ela não vestia nada mais que uma camisola clara, cheia de ursinhos roxos.

Ela olhou para mim com seus olhos castanhos médios, metade de um  sanduíche de presunto e mussarela com alface nas mãos, e no prato na frente da mesa, um grande copo de leite e a outra metade do sanduíche.

Segurei a vontade de sorrir enquanto observava ela mastigar.

Olhei para baixo, e ao seu lado no chão estava o cachorro, tomando leite de uma pequena tigela de porcelana. “Uma tigela que custou-me muito caro”.

Me aproximei dela, Tiziana olhou para mim, não parando sua refeição quando me sentei na cadeira a sua direita e peguei a outra metade do sanduíche que estava lá.

Dei uma mordida e me recostei, suspirando. Peguei o copo de leite e tomei um grande gole, acabando com metade do copo. Mais duas mordidas e o sanduíche já tinha acabado. Tomei o resto do leite e olhei para Tiziana, que não tinha terminado sequer a metade — da metade — do sanduíche dela.

Ela levantou uma sombrancelha, olhou para o copo e depois para mim.

— Você vai pegar outro leite para mim. — ela disse séria, não teve como não rir.

Abismo Mortal | Série" Camorristas" | Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora