•Capítulo Quarenta e Seis•

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Um mês depois, Abril de 2021.

— Franco, não precisa entrar. — falei para Franco quando ele me seguiu para o consultório da doutora Sara.

— Soszac ordenou que eu a acompanhasse. — revirei os olhos, mas não discuti. Não colocaria Franco em apuros por minha causa.

— Tudo bem. — resmunguei, entrando na sala da ginecologista.

Ela sorriu para mim assim que me viu, fez o mesmo para Franco, que apenas acenou com a cabeça e se colocou ao lado da porta fechada.

Me sentei na cadeira e peguei suas mãos nas minhas por cima da mesa, dando-lhe um aperto.

— Tiziana! — sua voz soou amigável. — trouxe-me o exame?

Entreguei-lhe o envelope pardo e esperei enquanto ela olhava o mesmo. Ela arregalou os por um momento, fazendo o meu coração saltar em meu peito de preocupação.

— Está tudo bem? — perguntei em tom baixo, quase um sussurro.

— Sim, sim. — ela meneou a cabeça de um lado para o outro. — Eu não entendo. — ela franziu o cenho, parecendo confusa. — A Endometriose não evoluiu.

Suspirei aliviada.

—  Está no estágio um! — sua voz soou alta.

— Estágio um? Como assim?

Ela colocou o envelope em cima da mesa, sorrindo abertamente.

— Quer dizer que não há quase nenhum tecido endometrial fora do seu útero. — ela abriu o exame e me mostrou, colocando o dedo em cima de uma pequena pele no meu útero. — Está vendo? É a Endometriose, não tem só essa é claro, mas as outras são menores que essa. Se você continuar com o seu tratamento, podemos diminuir ainda mais esse tecido, assim ele não crescerá e não cicatrizará.

— O que isso quer dizer?

— Isso quer dizer que você pode sim ter filhos. — prendi o ar, olhando por cima do ombro para Franco, que já digitava em seu celular. Maldito capanga de Soszac, fofoqueiro.

— Mas eu não tentarei, eu e meu marido estamos acertados agora. — menti, olhando para a médica com os olhos arregalados.

Ela pressionou os lábios em uma linha fina, olhando para Franco.

— Tudo bem. — ela respondeu, piscando para mim. — Continue o tratamento, e mantenha os exercícios e os remédios para pressão.

— Okay. — sorri para ela, genuinamente, e apertei a sua mão por cima da mesa. — Eu vou.






ASSIM QUE FRANCO ESTACIONOU O CARRO EM FRENTE A MANSÃO, a porta da frente da mesma se abriu e Soszac saiu, parando no patamar da escadaria.

Pela sua expressão soube que ele sabia o que a médica tinha me dito, isso só confirmou a minha teoria sobre Franco. Olhei para ele acusadoramente antes de sair do carro.

Sorri para Soszac enquanto me aproximava dele, mas não fui correspondida. Ele me olhava atentamente, como se procurando por algo, um pouco receoso,  talvez. Sua sombrancelha cicatrizada estava franzida, dando-lhe um ar muito sexy.

Subi as escadas e o abracei, beijando o seu pescoço.

— Oi, amor. — cumprimentei, usando o termo carinhoso que vinha usando no último mês.

Ele deu-me um beijo na bochecha e se forçou alguns centímetros longe de mim, para olhar-me nos olhos.

— Você está tentando engravidar? — ele me pegou de surpresa com a sua pergunta, me deixando um pouco sem jeito para responder.

Abismo Mortal | Série" Camorristas" | Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora