•Capítulo Quarenta e Quatro•

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Soszac

Estacionei em frente a mansão as nove horas da noite em ponto. Estava exausto e satisfeito por arrancar um pouco de membros dos malditos russos.

Um dos seguranças veio até mim imediatamente, foi aí que eu soube que algo não estava certo.

— Senhor, a senhorita Basile está com algum mal-estar.

Passei por ele sem dizer nada e entrei na mansão, indo para a ala sul e para o nosso quarto. Quando estava no corredor, Franco saiu pela porta do quarto, parecendo tão cansado quanto eu.

— O que está acontecendo com ela? — perguntei, chamando sua atenção para mim.

Ele se endireitou antes de responder.

— Ela disse que não se sentia bem e estava com um pouco de dor. — franzi o cenho, mas não falei nada sobre isso.

— Tudo bem, vá para casa. — toquei o seu ombro em um gesto amistoso e fui para o quarto.

Parei na porta, ficando quieto enquanto observava Tiziana deitada na cama, encolhida debaixo dos edredons.

Suspirei, colocando o paletó em cima do primeiro móvel de superfície lisa que vi. Ela estava quieta, provavelmente já tinha adormecido. Odiava vê-la mal, sabia que era por causa do aborto, física ou psicológica que fosse a dor.

Tirei a camisa social, os sapatos e a calça, e fui para a cama. Deitei-me e puxei o cobertor em cima de mim. Me virei e abracei Tiziana por trás, inspirando o seu cheiro doce.

Ela suspirou, colocando a mão em cima da minha que repousava em seu abdômen liso.

Beijei a sua nuca carinhosamente antes de perguntar.

— Você está se sentindo melhor?

Ela fungou, fazendo-me puxá-la para mais perto de mim. 

— Agora estou. — ouvir a sua voz angustiada me quebrou por dentro, senti um aperto no peito, esse que nunca senti por ninguém.

— Está tudo bem. — tranquilizei-a, enfiando o meu rosto em seus cabelos grossos.

Ouvi o seu sorriso e isso me fez sorrir também.

— Claro que está. — disse com a sua voz sapeca. Tiziana se virou para mim, me olhando com os seus olhos castanhos avermelhados e chorosos.

Toquei sua bochecha levemente, não conseguindo ignorar essa necessidade crescente dentro de mim  que dizia para protegê-la.

— Estava chorando. — passei o dedão pelo seu lábio superior, incapaz de ignorar sua boca tentadora. — Estava com muita dor?

Sua mão delicada tocou o meu abdômen, antes dela  me abraçar pela cintura.

— Sim. — Franzi o cenho, pronto para repreendê-la por não ter me dito antes. — Mas não era física.

Puxei-a para o meu peito, precisando abraçá-la contra mim com força, precisando sentí-la.

Ela me abraçou de volta, e não demorou muito para que ela derramasse toda a sua angústia, em lágrimas, soluçando em seu choro.

— Eu estou aqui com você. — sussurrei, massageando o seu couro cabeludo.

Ela apenas enfiou mais o rosto em meu peito enquanto eu a acalentava. Tiziana estava quebrada, e eu sabia que eu tinha uma parcela de culpa nisso.

— É. — ela suspirou, soluçando. — Estou feliz por você estar me ajudando nisso, eu... — ela parou, fungando.  — ...Já perdi as esperanças de ter um filho.

Abismo Mortal | Série" Camorristas" | Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora