•Capítulo Vinte e Dois•

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— Você está bem? — Soszac soou genuinamente preocupado, mas nem sua preocupação serviu para desviar a minha atenção da cena aos meus pés.

O corpo do homem ainda dava leves espasmos enquanto ele morria, eu não conseguia tirar os meus olhos dele, estava horrorizada, aterrorizada. Eu acabara de matar um homem!

— Eu o matei. — minha voz saiu rouca, a minha garganta arranhou e eu tossi, uma tosse seca.

Senti os braços de Soszac ao meu redor, apertados e reconfortantes, pressionando o meu corpo na sua frente. Uma mão subiu para a minha nuca, que ele segurou e pressionou o meu rosto no peito nu e quente, muito quente. Inspirei profundamente, sentindo o cheiro de suor em sua pele. Aquilo fez a minha vagina pulsar de leve, quase imperceptível.

— Foi preciso. — a mão de Soszac massageou os cabelos na minha nuca. — Você sequer hesitou, gostei disso.

Soltei uma risadinha em seu peito, esquecendo aqueles corpos ensanguentados ao nosso redor.

— Ele tentou me matar, duas vezes. — minha voz não era mais que um guinado agora, estava muito rouca.

Soszac se afastou e olhou para a minha garganta.

— Vamos dar uma olhada nisso agora. — disse, tocando a minha pele irritada suavemente.

Suave. Soszac nunca foi suave comigo, eu gostava do bruto, mas só na cama, isso não queria dizer que ele não podia me tratar diferente fora dela.

— Não pr...

— Não, vamos dar uma olhada nisso agora.me interrompeu, sério.

Dei de ombros e olhei ao redor, para o tanto de sangue que tinha no chão.

— Meus soldados vão dar conta dos corpos e da bagunça. — ele colocou a mão na base da minha coluna e me virou para a escadaria. — Não se preocupe, eles cuidaram dos que estavam do lado de fora também, só esses quatro conseguiram entrar.

Arregalei os olhos e parei abruptamente.

— Tinham outros!? — tossi várias vezes quando falei, o que fez Soszac me dar um empurrãozinho de leve.

— Sim, mas não se preocupe, você está segura dentro da mansão.

Levantei uma sombrancelha e lhe lancei o meu melhor olhar de "não diga!".

Tão segura, que acordei com um homem me estrangulando. — consegui dizer.

— Esse foi um grande vacilo meu, não o vi subindo, estava tão entretido com os outros que nem prestei atenção. — sua máscara fria voltou para o lugar, e ficou no lugar todo o trajeto para o quarto — dele.

Não falei nada quando ele foi até a última porta e a abriu, entrei quase que instantaneamente, mas me contive quando vi o cômodo enorme.

Uma grande cama de mogno escuro estava na parede do meio, — no meio do quarto, —  seis grandes e lindas janelas de vidraças quadradas adornavam as três paredes a direita, o que clareava o quarto facilmente. A cama tinha quatro colunas, e um lençol preto — mas transparente — cobria a mesma como um mosquiteiro.

A minha esquerda tinham duas portas, uma estava aberta e mostrava parte do banheiro grande de azulejos pretos, a outra estava fechada.

Ouvi a porta se fechar atrás de mim e logo depois braços rodearam a minha cintura.

— Você vai dormir aqui comigo de hoje em diante. — disse Soszac ao pé do meu ouvido, me fazendo estremecer.

— O que fez você mudar de idéia?

Abismo Mortal | Série" Camorristas" | Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora