•Capítulo Quarenta e Oito•

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Tiziana



Duas semanas depois...

Estava olhando para a pequena tela ao meu lado, vendo a imagem borrada do bebê dentro de mim. Kara estava ao meu lado, um sorriso emocionado em seu belo rosto, os olhos azuis como o oceano brilhando com emoção.

Estava feliz por ela estar ali comigo, mas ao mesmo tempo chateada, pois eu queria que Soszac estivesse comigo no primeiro ultrassom, e também aquele que revelaria o sexo do nosso filho. Mas Soszac sequer olhava para mim quando estava em casa.
Ele passou as duas últimas semanas me ignorando, me procurou algumas vezes durante a noite, perguntando se eu estava bem, para logo depois fazer sexo comigo. Eu não recusei, estava me sentindo sensível a tudo e queria o máximo de proximidade dele nesse momento. Eu podia ver que ele estava perturbado com tudo isso, as vezes quando ele entrava no quarto a noite e me olhava, eu via a preocupação genuína nele.

Sabia que essa era a forma que ele aprendera a lidar com as coisas, mas eu o queria perto, me incentivando, me ajudando e fortalecendo nessa gravidez.

- Oh! - Sara exclamou, parando o aparelho em um local específico do meu ventre. - Temos! Um menino!

Arregalei os olhos, olhando para Kara ao meu lado, que sorria enquanto sua mão apertava a minha.

Ela me abraçou enquanto eu chorava, chorava de felicidade pelo meu filho com Soszac, e de tristeza por ele não ser desejado pelo pai.








ASSIM QUE CHEGUEI NA MANSÃO, FUI PARA O ÚLTIMO ANDAR na ala sul, esperando que Soszac estivesse no escritório essa tarde. Mal esperava para contar-lhe o sexo do bebê, mesmo que ele não se importasse.

Parei em frente a porta do escritório, respirando fundo antes de segurar a maçaneta e girar. Parei abruptamente quando Stefano se virou para me encarar, uma sombrancelha erguida rebeldimente, como se eu tivesse cometido um crime ao interromper a reunião dele e Soszac.

Os olhos escuros como a noite de Soszac estavam em mim, frios, repreensivos. Ele me encarava, como se esperando que eu simplesmente saísse dali. Mas eu não ia dar esse gosto a ele, ia dizer o que vim até aqui falar.

- Vamos ter um menino, Soszac. - falei, mantendo o queixo erguido.

Qualquer outra pessoa não teria percebido, mas eu vi quando ele expirou lentamente pelo nariz, dando uma rápida olhada para a minha barriga. Mas ele não disse nada, nem uma única palavra sequer.

Ignorando completamente a Stefano, andei até o lado de Soszac e coloquei o envelope que continha o exame e o ultrassom. Então, me virei e saí, sem dar uma única olhada para trás.

Bati a porta do escritório e fui correndo para o nosso quarto, entrei no banheiro e me tranquei lá dentro. Sentei-me no chão, abraçando os joelhos, sentindo as lágrimas saírem livremente dos meus olhos e rolando pelas minhas bochechas.

O pior de tudo, foi que por um momento, eu tive esperança de que Soszac aceitaria, ajudaria-me a percorrer esse caminho difícil. Acreditei, por um milésimo de segundo que ele acolheria a nosso filho caso algo acontecesse comigo. Mas estava tão claro feito água que ele não o faria. Soszac era egoísta demais, e não queria me perder, e eu não sabia porquê aquilo estava me esmagando por dentro.








Três meses depois... Novembro de 2021.

Sorri, sentindo um pequeno movimento dentro da minha barriga. Coloquei a mão no meu ventre, que estava cada vez mais inchado e arredondado, o que estava me fazendo sentir enorme.

Abismo Mortal | Série" Camorristas" | Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora