•Capítulo Trinta e Oito•

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Tiziana

Abri os olhos devagar, o sedativo que aplicaram em mim fora muito forte. Me lembro de estar histérica por estar sangrando tanto, então as enfermeiras e o médico, me dizendo que ficaria tudo bem. Então eles me apagaram.

Agora estava deitada em uma cama de hospital, amarrada a esta cama, sentindo todo o meu corpo dolorido.

Lágrimas involuntárias saíram dos meus olhos, escorrendo pelas laterais do meu rosto.

Funguei, piscando algumas vezes.

— Tiziana? — virei a cabeça ao ouvir a voz de Soszac. Ele estava sentado em um pequeno sofá encostado na parede a minha direita, me olhando sério, mas eu podia ver a preocupação em seus olhos escuros.

— Soszac. — exclamei, implorando com os olhos para que ele se aproximasse. — Por favor... — pedi, a minha voz em um fio enquanto as lágrimas saíam pelos meus olhos.

Ele se levantou e veio para o meu lado, colocou sua mão sobre a minha amarrada e acariciou a minha bochecha com a outra.

— Você está sentindo dor? — ele perguntou, lançando um olhar rápido para a minha barriga.

— Não muita. — suspirei, inclinando o rosto para o seu toque.

— Você vai para casa daqui a pouco.

Estremeci com o pensamento de voltar para a mansão, não queria colocar os meus pés lá tão cedo.

— Eu não quero voltar para lá agora. — murmurei, temendo que ele me contraríasse.

— Tudo bem. — ele passou o indicador pela minha bochecha. — Estava pensando em mandá-la para a Sicília, para ficar um tempo com a sua família.

Arregalei os olhos, surpresa.

— Sério? — perguntei, sem conseguir acreditar.

— Sim. — ele se abaixou e deixou um beijo casto em meus lábios, suspirando levemente antes de se afastar.

— E você? — eu perguntei, não querendo ficar sem ele por perto.

— Eu vou depois, ainda tenho que resolver alguns assuntos importantes aqui em Campânia.

Sorri, não conseguindo acreditar que iria ver Patrizia em breve.

O médico, um homem de meia idade, alto e bem constituído entrou pela porta com um tablet nas mãos. Ele sorriu para mim e Soszac, que se espremeu ao meu lado possessivamente, me fazendo rir.

— Como você está se sentindo, Tiziana? — ele perguntou com um sotaque arrastado. Não consegui identificar de qual país.

— Estou bem.

Ele meneou a cabeça e clicou no tablet antes de voltar a me olhar.

— Tiziana... — ele olhou para Soszac ao meu lado e voltou a me olhar. — ...você estava grávida de poucas semanas, e ao cair da escada sofreu um aborto espontâneo.

Pisquei várias vezes, tentando entender o que ele tinha acabado de me falar.

— O quê? — eu perguntei, tentando me sentar, mas as amarras não permitiram. Rosnei, irritada por ter aquilo me prendendo. — Como eu estava grávida e não sabia? Como...

Olhei para Soszac ao meu lado, que permanecia sério.

— A gravidez era muito nova.

Abismo Mortal | Série" Camorristas" | Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora