•Capítulo Quarenta e Nove•

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— Você está ansiosa para o seu casamento com Vincenzo? — Perguntei a Kara, que olhava algo para comer na geladeira.

— Ansiosa? Não. — ela olhou para mim por sobre o ombro. — Estou tranquila.

— Você é tão... — procurei pela palavra certa para descrevê-la. — Desgarrada.

Kara riu, tirando a jarra de suco de dentro da geladeira, e veio para perto de mim, na bancada.

— Não, não sou. Mas... Há coisas em meu passado que me ensinaram a não me empolgar com nada. — ela colocou um copo na minha frente e o encheu com suco, um sorriso sonhador tomando conta dos seus lábios. — Mas eu acho que isso não funcionou com Vincenzo, aquele homem me perseguiu, todos os santos dias, até que eu cedesse. Todas as noites ele estava lá, encostado em seu carro, na frente da boate me esperando.

— E como foi isso? Deve ter sido tão louco.

Kara me lançou um sorriso sapeca.

— E foi. Na última noite, a que eu finalmente cedi, ele me arrastou para o lado da boate, para a viela que tem ali e tivemos a nossa primeira vez ali mesmo. Foi surreal, eu nunca tinha feito sexo bruto contra a parede do lado de fora de uma boate. Acho que ainda tenho os arranhões que aquela pequena aventura me custou.

Tapei a boca, rindo.

— Você é maluca! — falei, brincando.

Kara meneou a cabeça, olhando para a jarra de suco, que ela ainda segurava.

— Não sei. — ela ficou séria novamente. — E você? Como foi a sua primeira vez com Soszac?

Arregalei os olhos, olhando para todos os lados. Mas no fim, acabei cedendo e contei-lhe sobre a minha fugida para a boate e o sexo com o desconhecido, que no fim, era o meu noivo. Ela riu, genuinamente, e fez o almoço enquanto conversavámos e ríamos sobre as merdas que a outra fez.




O dia passou rapidamente, eram por volta das sete da noite, Kara e eu estávamos deitadas no sofá cama da sala de filmes, ao lado da sala de estar, comendo pipoca e tomando suco natural enquanto víamos um filme de romance.

Passado alguns minutos, senti vontade de ir ao banheiro, avisei Kara e fui no banheiro de visitas que ficava ali mesmo no primeiro andar. Entrei e fiz o meu xixi, quando estava lavando as mãos, ouvi um barulho alto vindo do lado de fora. Meu coração acelerou rapidamente, as minhas pernas vacilaram por um momento, o terror tomando conta do meu corpo. Coloquei a mão na minha barriga, o bebê estava quieto, só imaginar que os russos estavam de volta e que poderiam fazer algo com o meu filho estava me aterrorizando.

Olhei para todos os lados, pelo banheiro, tentando achar uma maneira de escapar. Foi quando tiros soaram, pareciam vindos de todas as direções. A parede ao meu lado explodiu quando um um tiro a atravessou. Gritei, rodeando a minha barriga com os braços, e me abaixei, gritando loucamente enquanto pedaços de cimento e argila caíam ao meu redor.

Os tiros pararam por um momento, parei de gritar, sequer percebera que o meu rosto estava molhado pelas lágrimas. O meu coração estava acelerado, uma taquicardia, parecia que ele ia sair pela minha boca a qualquer momento. O bebê chutou dentro da minha barriga, inquieto, e isso só fez o meu desespero aumentar.

A porta do banheiro foi aberta e me vi olhando para um homem alto, seus cabelos raspados. Vestia uma camisa de manga preta e calças jeans rasgadas, seus braços cobertos por tatuagens e em suas mãos, apoiada em seu peito, tinha uma enorme arma.

— YA nashel devushku. — "Achei a garota". Mesmo não entendendo o que ele disse, temi.

Ele se aproxima de mim e me agarra pelo braço, me levantando. Quando ele vê a minha barriga, fica surpreso. Ele olha para a minha barriga e depois para mim, piscando várias vezes.

Abismo Mortal | Série" Camorristas" | Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora